Outubro tem passado lento para os rapazes, ainda que fosse apenas o início do mês, os dias pareciam durar uma eternidade para passar. Chon e Great estavam mais próximos, graças ao isolamento que os dois estavam vivendo ali dentro.
Era tão longe de tudo, tão... vazio. Chon e Great não tinham escolha a não ser serem o abrigo um do outro. Abrigo para os dias entediantes, para às noites frias, às tardes de filme e conversa em frente à lareira quente, tudo era muito novo. Talvez a carência estivesse começando a fazer efeito nos dois? A ideia de que não havia mais ninguém para conversar e fazer algo divertido era nova para eles.
Great normalmente estaria cercado de seguranças, câmeras, microfones e pessoas da imprensa. Sua vida rotineira poderia ser uma tortura para Chon, que era acostumado com sua vida calma e afastada de qualquer agitação, tendo apenas pessoas necessárias em sua vida.
Por várias vezes durante à noite Chon era acordado pelas incessantes ligações de Tonhon. Mensagens desciam pela barra de notificações o tempo inteiro, talvez tenha sido por isso que Great estava tão frustrado com o ex de Chon.
— É tão difícil para ele aceitar um: "eu não quero conversar"?! Você não dorme bem faz dias! Estamos aqui há quase três semanas e eu só te vi dormir por pelo menos 5 dias.
A voz de Great soou alta ao lado de Chon e ele logo desligou o telefone. Ele também estava exausto de tantas ligações e mensagens. Mal conseguirá dormir durante à noite e isso estava atrapalhando seu processamento durante o dia.
— Desculpa por trazer todo esse problema pra você, se eu não tivesse te b...
— Esqueça. Não estou frustrado com você, mas sim com seu namoradinho que não consegue entender que você não quer vê-lo ainda! Quero conhecê-lo, posso?
— Por que?! — perguntou em dúvida.
— Quero ensinar para ele como tratar você, acho que ele ainda não entendeu — respondeu fazendo Chon chorar.
— Não é ruim ficar aqui com você, P'Great. Não é entediante. Você me faz rir e cuida de mim, mesmo que as vezes me deixe sem jeito... — Great sorriu.
— O que eu faço que te deixa sem jeito?
Ele se perguntava o que fazia para desconcertar Chon de forma tão intensa. Seus olhares estavam atravessados no outro. Eles cruzavam linhas carregadas de admiração, curiosidade e, saudade... mas, saudade do que?
Great parecia ter encontrado um tesouro incrível depois de viajar pelos longos e intermináveis sete mares. Ele via algo além de duas orbes castanhas olhando em sua direção. Ele via um universo magnífico nos olhos daquele garoto a sua frente. Haviam estrelas e, elas brilhavam, e como brilhavam... Eram milhares de pequenos fragmentos de estrelas que estavam perdidos ali nos olhos de Chon, e todo esse brilho vinha do encontro de seu olhar com o olhar de Great.
Chon estava inteiramente perdido nos olhos negros de Great. Em seus olhos, Great via um universo inteiro em pleno brilho. Nos olhos de Great, Chon via uma noite maravilhosamente escura e com apenas a lua para ilumina-la, mas ele tinha algo ali... Ele tinha oceanos imensos presos naquelas esferas negras. O reflexo de um pequeno objeto no criado-mudo atrás de Chon refletia nos olhos de Great, e era daí que vinha a pequena lua que refletia no brilho natural de seus olhos e assim os transformava numa praia onde só havia a lua e o mar.
Eles estavam em transe, e graças a isso não perceberam o quão próximo estavam um do outro. Seus rostos estavam separados por apenas alguns centímetros, então seus olhos passaram a oscilar entre os lábios e os olhos do outro.
Como eles se aproximaram tão depressa e de forma tão inconscientemente? Great estava a um centímetro de beija-lo pela segunda vez, a apenas um maldito centímetro!
— É errado querer fazer isso...? — perguntou calmamente enquanto olhava nos olhos de Chon e o via corar.
— P'Great, é... é errado se...
— Se...?
— Se eu quiser? — perguntou inseguro.
— Será errado se você não quiser e mesmo assim eu in...
Great foi pego de surpresa ao sentir os lábios frios de Chon tocarem os seus. Antes disso eles estavam sentados lado a lado no grande sofá enquanto viam a lenha queimar lentamente. Apenas seus lábios se tocavam, pois Chon só queria entender por que vacilava tanto perto de Great. Ele não demorou para entender o que Chon queria com aquilo e suas mãos quentes logo tocaram seu rosto e o puxaram um pouco mais para perto.
Como eu disse antes, talvez a carência começasse a fazer efeito. Chon não hesitou em momento algum e deixou Great intensificar o beijo, assim inserindo a língua. Seus lábios se abriram lentamente e Great endireitou-se; aproximando-se mais de Chon.
Foi um beijo calmo e tranquilo, mas intenso. As mãos de Great deslizavam devagar até a cintura de Chon, que arfou ao senti-las um tanto frias por sobre seu casaco.
Ele parecia tão puro perto de Great, que ele sentia-se digno de beija-lo. Suas mãos tocavam sem malícia alguma o pequeno corpo, ele só queria senti-lo. Chon nunca se vira tão aéreo em toda sua vida. Sua pele arrepiava com o toque de Great e ele sentia suas bochechas queimarem. A àquela altura seu rosto deveria estar vermelho como um tomate.
O beijo parecia caminhar para outro rumo, pois foi interrompido por Great, que começou a distribuir beijos suaves pela mandíbula de Chon, que jogou a cabeça para trás para dar mais facilidade ao outro.
— P'Great...
"Eu não posso fazer isso..."
No mesmo instante em que Chon o chamou num sussurro quase inaudível e tocou seu ombro, ele também voltou para si e se afastou do garoto. Ele o olhava assustado consigo mesmo e não conseguiu encara-lo por muito tempo, mas antes de levantar sofá ele endireitou o casaco de Chon que havia tirado do caminho de seu pescoço.
— Eu sinto muito... Não sei o que deu em mim...
— P'Great, eu...
— Tá tudo bem, pequeno. Foi erro meu, só v... — antes de terminar o que falava, o celular de Great tocou e o fez atender — Só um minuto, Chon — pediu afastando-se do sofá.
Great tinha medo das notícias vindas de fora, ele não queria assustar Chon com seu mundo caótico, por isso sempre que alguém o ligava ele se retirava antes de falar qualquer coisa.
— Ohm?
— Great, estamos no hotel. Klaus quer vê-lo hoje à noite, então você poderá voltar para a Tailândia, tudo será resolvido essa noite e as pessoas que te atacaram estarão... longe.
— E o garoto? Eu não posso deixá-lo desprotegido aqui em cima.
— Aconselho trazê-lo. Aqui eu posso cuidar dele.
— Tudo bem. Peça para que venham nos buscar no horário pretendido. Vou tratar de deixá-lo apresentável para não levantar quaisquer suspeitas. Ohm, Chon estará sobre sua responsabilidade!
— Faço questão de buscá-los, estarei com o Tay.
— Tudo bem.
— Estejam prontos em pelo menos uma hora.
Great desligou o celular e voltou para perto de Chon, que encarava o chão de forma desconcertada. O que acontecerá há pouco fora um erro de ambas as partes, certo que ambos queriam, mas Chon ainda estava com raiva de Tonhon e Great estava se sentindo sozinho. Ele não podia correr o risco de machucar o garoto por algo feito no calor do momento.
— Chon, preciso que tome um banho rápido, nós teremos que sair. Dependendo do que for resolvido no jantar hoje à noite poderemos voltar para casa. Eu irei separar algumas roupas, você pode escolhê-las ao sair do banho.
Ele apenas assentiu e subiu para o banheiro, deixando Great ainda perdido no meio da sala.
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Um Presente do Acaso
Fanfic"...estaríamos nós, sendo os principais espectadores, de uma 'teoria do caos'?! ChonGreat - Chonlatee & Em Busca do Bilhete Premiado. Mundos alterados.