Sete

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Capítulo sete

Regina havia quase se esquecido da sensação de acordar pela manhã e pensar com felicidade no dia que teria pela frente. Mas agora mal podia esperar para saltar da cama e se arrumar. Robin confiara muitas tarefas a seu cargo, mas o que mais a agradara fora a possibilidade de cuidar de seus cavalos, especialmente Maya.

A semana fora ótima em todos os sentidos e Maya parecia estar se comportando como nos velhos tempos.

Até uma certa tarde.

O tempo havia melhorado consideravelmente e Regina resolveu selar Maya e levá- lo a um pequeno pasto nos fundos da casa. No instante em que o montou chegou a se arrepender. Por mais dócil que a égua estivesse se mostrando, ainda não estava preparada para montarias.

Tentou derrubá-la por várias vezes. A perspectiva de correr livre, porém, o aquietou em questão de segundos.

Foi necessário que Regina empregasse toda a sua força e perícia para restringi-la a um trote, que logo passou a ser observado por uma verdadeira audiência, inclusive por Robin.

Os homens assobiavam e batiam palmas ao redor da cerca. Apenas o louro mantinha o cenho carregado e apreensivo. Para seu alívio, contudo, não a fez desmontar diante dos empregados. Na certa, estaria reservando a bronca para mais tarde quando estivessem a sós.Como se quisesse mantê-la em suspense, ele não comentou nada sobre o incidente por várias horas.

— Esperava que tivesse mais responsabilidade
Regina. Já pensou no que poderia ter acontecido?
Maya é uma égua extremamente perigosa. Você poderia ter matado a ambas.

Recusando-se a se deixar intimidar, Regina cruzou os braços e fingiu uma calma que estava longe de sentir.

— Eu não deixei com que Maya corresse, havia muita lama para isso ela não conseguiria.

— E quanto ao pequeno rodeio de antes? Foi um milagre ela não tê-la arremessado a cidade vizinha.

O fato de Robin estar tratando-a como se fosse uma criança teimosa e caprichosa a fez desafiá-lo.

—Eu já domei muitos cavalos, assim como você. Maya estava apenas me testando.

Robin respirou fundo e balançou a cabeça.

— Não quero que se exponha mais, Regina . Está deixando a emoção superar a razão. Qualquer cavalo, e principalmente essa égua que passou por maltratos, é difícil de ser controlado.

— Sou uma pessoa cautelosa.

Robin prosseguiu como se ela não o tivesse interrompido.

— Se não começar a agir com mais bom senso, será proibida de continuar cuidando de Maya, não quero que monte na égua novamente.

Regina apertou os punhos na tentativa de se controlar.

— Ela estava precisando de exercício e eu queria verificar como reagiria sob uma sela. Foi você quem me autorizou a trabalhar nos estábulos. Pensei que isso significasse uma certa dose de confiança.
Robin abriu uma caixa, no canto da escrivaninha, e retirou um cigarro. O movimento brusco com que o acendeu demonstrava sua irritação.

Regina se calou em seguida. O rancheiro havia feito várias concessões. Além de admiti-la por duas semanas de experiência, ainda deixara que cuidasse de Maya. Justiça fosse feita, ele havia assumido um risco, pensando o que pensava a seu respeito. Além disso o patrão era ele. Ela sabia muito bem o que significava ter um empregado desobediente. Apesar de ser difícil para alguém acostumada a mandar, ela tinha de reconhecer que lhe devia respeito.

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