Capítulo 34

94 18 16
                                    

Maratona 2/10

ANAHÍ

Nem acredito que consegui trocar a passagem e antecipar o voo, não vou ter que passar o dia no aeroporto esperando. Na verdade foi mais fácil do que eu imaginei, quando a gerente viu as passagens, encontrou no mesmo instante lugares vagos no próximo voo, isso é o que acontece, quando você tem passagens com acomodações que custam o valor de um carro.
Sim, o dinheiro pode até não trazer felicidade como dizem, mas compra boa parte dela, e também te facilita e muito a vida.
A parte ruim disso tudo?
É que antecipando a minha, eu automaticamente também antecipo a do traste, por se tratar de um pacote fechado.

E por falar no diabo..

- Anahí, espera!

Ele fala assim que saio do balcão e apresso os passos em direção a sala vip. Nessas horas é maravilhoso ser pequena, me misturo no meio das pessoas que andam pelo aeroporto, sempre tem alguém mais alto para me encobrir.

Entro no espaço de espera e avisto uma poltrona vazia, em meio a duas pessoas, não penso duas vezes. Praticamente me atiro nela, abro a bolsa pegando os fones de ouvido e os coloco, também não retiro os óculos de sol, assim não tenho que desviar o olhar toda vez que ele estiver me encarando. Exatamente como está fazendo neste exato momento.

Maldito!
Safado, Cachorro, Ordinário, Cretino,
Mau-caráter, Cafajeste......
Tão lindo...
Gostoso..

Por que ele tinha que estar tão lindo justo hoje? Por que, inferno?

Por que ele tinha que estar tão lindo justo hoje? Por que, inferno?

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Fecho os olhos, mas não adianta muita coisa. Porque, sou inundada por mais imagens dele na minha mente. Seu peito forte e nu sobre mim, minhas mãos emaranhadas em seus cabelos, os lábios entreabertos de prazer, o olhar faminto e penetrante enquanto fazíamos amor.

"Hoje volto pra casa, e vou aí te ver assim que eu chegar. Quero te encher de beijos." A voz dele ecoa na minha cabeça enquanto mais imagens nossas flutuam a minha frente.

Sua mão entrelaçada na minha.
Nós caminhando na praia deserta, sob a luz da lua.
Ele me abraçando por trás e beijando a extensão do meu pescoço e ombro enquanto eu admirava o oceano na sacada do quarto.
Ele lavando meu corpo, as mãos ensaboadas dele passando pelos meus seios nos vários banhos que tomamos juntos.

"Você sabe que topei isso apenas como um passatempo, mas me arrependi."

Abro os olhos focando as luzes no teto.

Por que meu Deus? Por quê?
Por que me enganar desse jeito?
Eu me entreguei totalmente nas mãos dele, deixei meu coração tomar as rédeas da situação, me deixei envolver. Permiti que o sentimento que eu mantinha trancado fosse liberto e agora estou mais apaixonada que antes e também sofrendo na mesma medida desse amor idiota.

Antes era somente uma paixão impossível, mas agora é pior, infinitamente pior. Porque provei do maldito sabor que ele tem, e sim, me viciei completamente.
Sinceramente não acredito que eu vá me recuperar disso algum dia. Porque não vai existir outro alguém que me faça esquecer ele, muito menos o modo como ele me fez sentir nos últimos dias e tudo que pude experimentar em seus braços.
Ninguém vai ter aquela boca, nem as mãos ou o cheiro.. E muito menos o jeito de me pegar e me fazer dele. A maldita pegada.

O fato é: Ele me estragou para o restante do mundo, e isso me revolta.

Seco rápidamente e com raiva, uma lágrima que escapa. O nosso voo é anunciado e eu me levanto, indo para o portão de embarque, ele apenas me acompanha com o olhar.
Melhor assim.

A comissária me recebe com um sorriso enorme, pena que eu não consiga corresponder. Sigo o corredor estreito do avião à procura da minha cabine e respiro aliviada ao ver o numero quatro na minha frente. Finalmente um pouco de privacidade e paz.

Mas como tudo que é bom dura pouco..

- A gente precisa conversar. — ele diz entrando na minha cabine assim que eu me sento na poltrona.

- Não tenho nada pra falar com você. — vasculho o mini frigobar a procura do pacote de Finni.

- Mas eu tenho, e muito. Você não pode simplesmente termi...

- Senhor, já vamos decolar. Preciso que volte para sua cabine e afivele os cintos. — a aeromoça sorridente interrompe ele e o encara esperando que ele a siga.

- Claro.. — ele me olha uma última vez e sai acompanhado da aeromoça.

Graças a Deus.
Assim que os dois saem, me acomodo melhor e prendo meu cinto, tento fechar a porta da cabine, mas acredito que por questões de segurança o botão não funciona.
Não me resta alternativa a não ser esperar.

O avião começa a taxiar pela pista, o piloto informa sobre as condições de voo, e são dadas as mesmas recomendações de sempre.
Observo pela janela o avião se desprendendo do solo e em segundos estamos sobrevoando a imensidão azul.
A cabine emite um alerta sonoro e então vejo os botões antes apagados, agora acesos e funcionando. Rapidamente aperto o que fecha a porta e só me permito respirar quando ela está completamente trancada.

Segundos depois ouço batidas.

- Anahí? Annie, abre por favor.. Quero falar com você..

Ouço a voz de Alfonso abafada pela fina madeira que nos separa e me encolho na poltrona. Ele continua batendo e me chamando, eu não me movo. Mas assim que um último estrondo de um soco na porta, seguido de um palavrão vem do lado de fora, lágrimas grossas escapam dos meus olhos sem que eu tenha controle algum.

Ele volta de tempos em tempos, me implorando para falar com ele e explicar o que aconteceu. Me sinto fraca, exausta e principalmente sozinha.

Não sei quanto tempo ja se passou, não peguei o celular, não liguei a tv, só consigo olhar o nada a minha frente. Mas acabo cochilando e sou despertada pelo susto de mais batidas na porta, estou enlouquecendo, não suporto mais.

Casa comigo, Hoje?  AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora