Lupus | ⚢

18. Negócios e Desespero

- Nós não vamos aceitar isso, Francesco. Isso não. - Victtor massageava as têmporas, sentado tenso na sua cadeira do escritório.

- Eu prometo à você que é um bom acordo. Atlas não vai voltar mais e a sua família não está mais em um ranking tão... - Pensou olhando para cima, como se estivesse procurando uma palavra não tão inofensiva para protestar - Aceitável.

Os olhos de Victtor, antes que transmitiam negação, se encheu de fúria para Francesco, que logo fez questão de fechar a boca e pigarrear antes de se explicar e poupar de suas falas erradas.

- Apenas acho que seria uma boa oferta. - Francesco arrumava a sua gravata, sendo que, estava mais que arrumada, não havia sequer vestígios de que iria desamarrar de seu terno.

- Não quero manchar a reputação dos Levine's casando duas garotas, Francesco. Muito mais quando uma das duas é menor de idade.

- Pietra fará dezoito anos no fim de semana.

Victtor tentava transparecer firmeza e que não mudaria de ideia simplesmente em um estalar de dedos, porém, tudo o que se passava em sua cabeça era somente a popularidade da sua família que caía aos pedaços e que descia de ranking em piscares de olhos. Estavam despencando como em um penhasco.

Um silêncio que ecoava nos ouvidos dos homens presentes no escritório se tornou ofensivo para os mesmos, pensando sobre coisas um tanto quanto tóxicas que fariam suas filhas questionar se realmente vinham daqueles seres que se deixavam serem mais do que ridículos.

- Mas também não é uma má proposta. - Enfim finalizou, ainda que seus olhos não dissessem o mesmo. - Pensando bem. - Levantou o olhar que antes decaídos para os papéis espalhados na mesa, agora estavam pairados em Francesco. - Maitê apoiará isso? - Franziu a testa, curioso.

- Provavelmente. Se entrarmos em um contrato, tudo ocorrerá bem. E quanto à Atlas... ele será esquecido já que Samantha não o assumiu ou ao menos se casou em documentos. Ninguém notará.

Victtor assentiu entortanto os lábios, embora que em sua cabeça não existisse casamentos entre duas pessoas do mesmo gênero.

Em sua cabeça, era a maior barbaridade que há neste mundo moderno e cheio de novidades que nunca sabemos que está prestes a vir.

- Saiba que se casar as duas, conseguiremos finalmente pôr as mãos em ouro puro, Victtor. Tudo o que as nossas alcateias desejavam mas nunca conseguiram romper toda a desunião. É tudo para que possamos ter fama.

Francesco pôs um papel em sua mesa, que Victtor julgou ser um contrato e que acertou de primeira.

- Me dê somente dois dias para que eu possa ter uma conversa com Desirée e para que eu pense melhor. E você - Apontou para o homem em sua frente - converse com Maitê também.

- Me certificarei disso.

- Retornarei assim que tiver a resposta.

[...]

Meus dedos batucavam repetidamente o sofá da sala de estar, enquanto passava um filme qualquer na televisão em minha frente.

Meu coração batia cada vez mais forte ao saber que eu estava sozinha em casa, já que os meus pais - mais uma vez - foram convidados para o escritório dos Levine's. A diferença é que desta vez há um certo motivo para que aconteça essas tais reuniões frequentes.

Não sabia se meu pai saíria vivo dessa, mas essa ideia não ajudava em absolutamente nada em minha cabeça.

Escutei um barulho de chaves destrancando a porta principal da casa - que fazia um barulho insuportável - e logo a sombra do meu pai entrou em meu campo de visão.