26. Amanhecer

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Eu sentia a inexistência dos raios de sol adentrando pelas janelas sem cortinas, as frechas não colidiam contra o meu corpo

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Eu sentia a inexistência dos raios de sol adentrando pelas janelas sem cortinas, as frechas não colidiam contra o meu corpo. Agarrada à um edredom branco e os fios de cabelo embaraçados sobre a almofada de mesma cor, fazendo um conjunto de cores neutras. 

Me deparei com uma imensidão da paisagem com o céu parcialmente nublado. As nuvens puderam esconder totalmente o céu azul e alaranjado da manhã. 

O relógio aponta exatamente 9:30 da manhã. 

Levantei-me, sentando confortavelmente na cama macia, escutando a voz de Pietra ecoar nos meus ouvidos sensíveis ao acordar.

─ Fiz um café da manhã. Sua mãe acabou por me ligar, dizendo que você come panqueca de ricota, um bom capuccino e morangos frescos logo pela manhã. ─ Pietra me entregou uma bandeja de café da manhã.

Bocejei.

─ Você se importa? ─ Pietra perguntou com um sorriso leve, observando minha reação enquanto eu encarava a bandeja.

Havia algo reconfortante naquele gesto. Uma simplicidade que contrastava com o meu estado interno, ainda entrelaçado entre lembranças e vestígios da noite anterior. 

Puxei o edredom para cobrir os ombros e absorvendo o aroma do café e da ricota.

─ Não, claro que não. ─ respondi, tentando disfarçar o misto de surpresa e calor que o cuidado dela me causava. 

Ela realmente escutou minha mãe?

 ─ É gentil da sua parte. ─ terminei.

Pietra riu suavemente, ajeitando um dos meus cabelos bagunçados com a ponta dos dedos.

─ Achei que merecia começar o dia assim... Especial, digamos. ─ Ela hesitou, os olhos vagando sobre os detalhes no quarto antes de voltarem para mim. ─ Eu queria, pelo menos, garantir que você tivesse uma manhã agradável.

Peguei um morango da bandeja, sem tirar os olhos de Pietra, estudando cada nuance de sua expressão. Aquela mistura entre carinho e nervosismo me surpreendia, deixando-me quase sem palavras. Mordi o morango lentamente, deixando o gosto doce invadir meu paladar.

─ Não imaginei que seria assim. ─ confessei, a voz baixa, tentando capturar algo do momento. ─ Você me conhece melhor do que eu pensava.

Ela sorriu, meio hesitante, meio segura.

─ Talvez seja o primeiro passo. Saber os gostos de quem... está do meu lado.

As palavras dela ecoaram, carregadas de um peso que eu não sabia se estava pronta para absorver. O café ainda estava quente, e cada gole parecia um alívio para o frio que insistia em se acumular dentro de mim.

Meu lobo interior parecia confortável, sentindo a presença do lobo de Pietra, absorvendo a tertuna um do outro.

Pietra continuava ali, perto da cama, com o olhar fixo na bandeja e os dedos tocando levemente o tecido do edredom, como se tentasse segurar uma tensão invisível. Eu sabia que havia mais por trás desse gesto gentil, mais do que panquecas e café preparados com um esforço delicado. Talvez ambas estivéssemos tentando decifrar essa nova convivência forçada, buscando entender o que significaria de verdade.

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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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