6. Despertar

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A zoada dos galhos quebrados no chão sendo pisoteados eram escutados por toda a floresta que a jovem entrara. A mesma sentiu sua barriga roncar e seus olhos trocar bruscamente para a mais forte cor âmbar. Seu lobo finalmente despertou.

Samantha pisava fundo no chão em alerta, ou melhor, seu lobo.

A floresta estava sombria e temerosa, mas Samantha não tinha covardia ou sequer era medrosa para ligar para isso.

Seu corpo não era mais movido por ela mesma, estava sendo controlada por totalmente outra pessoa, e essa pessoa não tinha nada a ver com a jovem. Era uma pessoa asselvajada e bruta. Era como se Samantha tivesse trocado com a alma de seu corpo, e agora a alma era ela.

Ela não esperava nada mais nem nada menos de seu interior, muito menos um lobo que fosse meigo. Não esperava mesmo.

Seu lobo se despertou aos seus 14 anos, onde estava começando a degustar os prazeres da vida em sigilo. E nesta idade é onde se torna extremamente perigoso despertar as necessidades de seu lobo, mas a fase rebelde de Samantha sequer reconheceu os alertas em volta de si. E então surgiu um lobo agressivo, faminto e mau acostumado, já era tarde demais para tentar educá-lo.

Samantha se encontrou em uma eterna corrida atrás de uma presa que sua sombra era avistada como a de um homem frágil, sentira pena de um pobre coitado que percorria na floresta tão tarde da noite, mas se ele escolheu isso sabendo dos perigos que corre, ele realmente o queria.

O lobo finalmente agarrou o homem, sentindo seu sangue respingar por todo qualquer lado. O mesmo colidiu com as costas no chão, o lobo o amendrontava ficando por cima com suas presas afiadas e garras pontudas. Seria uma mordida mortal. Porém seria uma grande pena morrer sem ao menos sentir a verdadeira tortura.

Samantha tinha compaixão por o mesmo, já seu lobo desejava a morte daquele mísero para ter sua refeição concluída.

O animal deslizava os seus dentes amolados na pele do homem, arrancando arrepios juntamente de sentimentos medrosos da presa. E foi quando finalmente afundou as unhas inesperadamente que tirou um grito estrondoso do cara, ele era muito escandaloso, assim dizer.

Agora, o aroma do sangue predominava a região com cheiro de mato, fazendo o lobo dar diversas respiradas se divertindo com tal sensação. Dava vários sorrisos invisíveis com o homem se arqueando e contraindo de dor.

O lobo queria muito ser recompensado depois de um longo trabalho que não durou menos de três minutos e meio e logo afundou seus caninos alí.

O homem já havia perdido litros de sangue gerado por seus arranhões e cortes gigantes. Se saboreou e deliciou com o gosto apetitoso na boca, aquele amargo tão doce...

Manchas daquele liquído vermelho ainda se mantiam no canto de sua boca, não havia acabado seu trabalho, era apenas o começo.

__Já está morto? Que fracote. - O lobo passou as garras gentilmente no rosto do homem e agarrou sua mandíbula. __Achei que era melhor que isso, seu Ômega-de-merda. - Sussurou a última frase em seu ouvido.

Sabia bem que o cara supostamente não escutaria nem metade por estar provavelmente zonzo. Seu rosto já dizia tudo.

Soltou o homem, se deitando por cima do mesmo.

[...]


__Eu não fiz isso. Eu não fiz isso. - Se vestia com as roupas que estavam jogadas pelo chão de terra. A jovem estava prestes a vomitar com o cheiro que habitava o ambiente. Era quase impossível de ficar ali.

Lupus | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora