"De fato, não se perde nada ao amar." Queria eu que essa afirmação de um alucinado, que ouvi na sexta passada de 30 anos atrás (quando nem ao menos, ainda, eu existia), tivesse ao menos uma pequena gota de verdade.
De fato, não se perde, isso é, quando não eis tu o único pilar que segura a si, o outro e o "nós" (não errei ao usar as aspas). Em um mundo fantasioso onde a realidade é apenas um fator maleável, tal qual um pensamento inocente e adequado, talvez amar não seja um tiro pela culatra, mas enquanto a realidade for real, nada mudará.
Não quero fazer propostas ou trazer soluções, apenas me decepcionar e falar sobre o quão amavelmente foi te suportar com esse "amor" sufocante que batalhei tanto para se despedaçar na primeira oportunidade.
Eis a minha amarga desconfiança, aquela que amo me fez sentir a ausência de si mesma, embora estivesse por perto o tempo todo. É raso, muito raso esse amor... Mas talvez se fosse mais profundo, você me afogaria sem nem ao menos molhar os pés, pelo menos ainda dá pé para que eu não me acabe nesse raso amor teu.
Infelizmente tu não me afogara nesse teu amor raso e ainda assim continua me sufocando até minha morte, como é venenoso o teu gostar... Queria eu apenas, em uma parcela de tempo, sentir que tu eis minha e que não vai me abandonar por quem sou... Mas eis novamente minha amarga desconfiança: tuas promessas descumpridas; teu "eu te amo" sem amar.
Eu desconfio, amargamente de você.
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A linha tênue do meu partir
PuisiColetânea de poesias sobre depressão, romances e afins. Olá, meu nome é Synoho, e essa é a minha linha tênue.