CAPÍTULO II

329 51 8
                                    


Já havia chegado a Konoha tinha um dia. Passei esse um dia processando todos os acontecimentos, tentando entender quais são os problemas que vou ter que enfrentar com esse Hokage.

A casa da Tia Temari é legal. Bonita. Tradicional, na verdade. Não me lembrava tanto ela, mas conseguia ver seu toque nos pequenos detalhes, como nos quadros pendurados por toda parte. Ela adorava porta-retratos.

Eu tinha acabado de terminar de me arrumar para o meu primeiro dia de trabalho, mas queria rondar um pouco mais a casa.

Quando estou a caminho da cozinha, vejo numa mesinha no corredor com algumas fotos do meu pai, tia e tio crianças. Eu nunca tinha visto o Tio Gaara criança porque ele dizia que "aquele não era mais ele".

Nossa, que assustador. O olhar intimidador, os cabelos ruivos mais bagunçados, os braços cruzados e a postura marrenta. Agora entendia porque aquele não era mais ele. Tio Gaara hoje em dia era tão...amigável.

Papai com aquela maquiagem terrível...ainda bem que só utiliza em missões. Tão esquisito. As orelhas de gato também eram, eu nunca adivinhei porque gostava tanto daquilo.

E a Tia Temari sempre bonita. Da para perceber porque Shikamaru se apaixonou. E parecia forte também. Aquele cara deve ser o maior pau mandado do mundo.

Nascimento do Shikadai...Primeiros passos dele...Primeiro dente que caiu...primeiro dia de aula...a formatura...até uma foto com um colega de classe, loiro de olhos azuis e marquinhas na bochecha.

Mas nenhuma minha.

Eu não era mais "sua filhinha" como ela mesma dizia.

Eu era a garota adotada, agora.

Alguém bate na porta e vou até lá atender, tentando dispersar esses pensamentos ruins no caminho. Obviamente doía, mas eu não queria entrar nesse mérito. Não hoje, no meu primeiro dia.

Abro a porta e me deparo com uma mulher linda. Olhos azuis extremamente claros, cabelo loiro longo, vestes roxas e uma cintura realmente fina. Seus lábios pintados entregavam que era mais velha, mas se não, eu pensaria que tínhamos a mesma idade.

— Oie! Você deve ser a S/n, né? Muito prazer, me chamo Ino Yamanaka. — Ela estende a mão e a cumprimento. — Sou uma amiga muito próxima de Shikamaru. Ele me pediu para verificar se está tudo bem com você.

— Está sim, senhora Yamanaka. Eu já estava quase de saída.

— Senhora? Não, não precisa disso. Pode me chamar só de Ino! — Ela sorri. — Eu posso te levar até o prédio do Hokage. Agradeço que tenha aceitado a proposta, Shikamaru comentou que você era uma boa opção.

Ele nem me conhece direito. Quem vem falando para ele que sou uma boa opção?

— Bom, espero cumprir com a expectativa de todos vocês. E não é necessário me levar, não quero ser um incômodo.

— Jamais! Vou esperar você colocar seus sapatos e podemos partir.

Percebo que ela realmente está se esforçando, então quero fazer a minha parte também.

Seja mais simpática, S/n. Por favor.

Assim que coloco meus sapatos de salto, volto para a sala e vejo Ino me aguardando com um enorme sorriso.

— Vamos, então?

Saímos de lá e começamos a conversar pelo caminho.

Eu tinha que confessar. Estava super curiosa sobre esse Hokage. Ele deve estar tão para baixo que nem um amigo pessoal o colocou na linha. Decido perguntar para Temari um pouco sobre sua personalidade.

— Como o Naruto é...? — Ela põe a mão no queixo enquanto tenta pensar melhor. — O Naruto é o...Naruto.

— Não ajudou muito. — Sorrio sem graça.

— Eu realmente não falo muito com ele hoje em dia. Ando muito ocupada com a unidade de inteligência e ele muito ocupado sendo um Hokage. — Ela me explica. — Mas antes o Naruto era o garoto mais alegre do nosso grupo. Mesmo com tantos problemas ele fez seu caminho e se tornou o que ele sempre quis ser: um Hokage.

— Entendi... — Olho para as estátuas dos rostos esculpidos. — E se ele queria tanto, porque não se esforça mais?

— Acho que Shikamaru te contou que ele está em processo de... — Ela olha para os dois lados antes de falar sussurrando— divórcio.

— Eu fiquei sabendo, sim.

— Então. A esposa tá pegando pesado com ele. Até a casa quer tirar.

— Mas ele é literalmente o Hokage, deve ser rico.  — Respondo simples. — Ou não?

— Não é só isso...tem os filhos, que ela não quer mais permitir que ele veja. — Ela massageia as têmporas. — Eu não sei porque Hinata está agindo assim, de verdade. É tão estranho, vindo dela.

— Ela é uma pessoa legal?

— Muito fofa. E sempre foi apaixonada pelo Naruto. — Ino suspira. Parece que os amigos estão sendo envolvidos nisso também. — É tão cansativo.

Shikamaru espertinho. Já fugiu. Deixou tudo para os outros.

— Ah, chegamos!

Observo o prédio vermelho gigantesco, em formato de meias esferas e com um círculo gigantesco escrito "Fogo".

— Obrigada, Ino. — Me curvo. — Mas não precisa fazer isso sempre. — Sorrio envergonhada.

— Não será sempre. — Ela sorri. — E eu ia fazer compras na feira, então juntei o útil ao agradável. Tenha um bom primeiro dia, S/n.

— Obrigada, Ino.

Assim que ela me deixa, eu subo as escadas daquele prédio devagar, nervosa com o que eu poderia ver. Vários chunnin passam por mim carregando caixas de documentos para cima e para baixo.

Me questiono se minha presença é realmente indispensável, porque parece ter produtividade por aqui.

Assim que chego no último andar, entro na primeira porta que vejo, que me leva para um corredor longo, cheio de retratos da vila nas paredes.

Conforme ando, não percebo e acabo esbarrando em alguém com o peitoral firme. Peço desculpas assim que esbarro, olhando para o rapaz alto.

— Me desculpa mesmo, acho que fiquei concentrada demais vendo esses quadros. — Aponto para eles na parede. — A propósito, sou S/n, nova assistente do Hokage. Você é..?

Ele não responde, apenas me encara atônito.

— Bom, vou ter que te chamar de Estranho do Corredor. Eu já vou indo, Estranho do Corredor. Preciso ir até a sala do Hokage.

Desvio dele e saio andando, até que chego numa porta grande e vermelha, percebendo que ali era o meu destino final.

Bato na porta duas vezes mas sem respostas. Bato novamente e espero, mas nada. Então decidi entrar, e assim faço. Giro a maçaneta dourada e entro na sala.

Quando entro, a primeira coisa que percebo é o cheiro de álcool forte na sala toda. Milhares de papéis empilhados em torres desordenadas, espalhadas pelo chão, pelas mesas, moscas voando ao redor de um pacote de lamen instantâneo e um estoque desses lamens embaixo de uma mesinha de canto.

— Alô? Tem alguém aí?

Meus passos fazem eco na sala silenciosa conforme me aproximo da mesa principal, a escrivaninha do Hokage. E ele não estava aqui.

Quando checo por cima da mesa, uma terrível visão...

Moscas ao redor, fedor inconfundível, palidez...

Um. Defunto.

𝐁𝐀𝐃 𝐑𝐎𝐌𝐀𝐍𝐂𝐄, naruto uzumaki.Onde histórias criam vida. Descubra agora