𝐁𝐀𝐃 𝐑𝐎𝐌𝐀𝐍𝐂𝐄, naruto uzumaki.

CAPITULO IX

Quando chegamos no escritório novamente, o clima não está nada pesado, está na verdade, divertido.

— Você saiu toda maquiada de lá! — Ri. — E ainda ganhou um jogo de shougi. Parabéns.

— Eu sou incrível, você só não sabe ainda. Mas sabia que se pensasse melhor, você ganharia aquele jogo? Era só prestar mais atenção.

— Fiquei nervoso. — Ele parece reflexivo. — Fazia tanto tempo que eu não ia lá.

— Hokage, posso fazer uma pergunta?

— Pode, claro.

— Você ama o que faz? Você gosta disso? Gosta de ver as pessoas, ver sorrisos, ver felicidade?

Ele me encara por um bom momento, um momento só de nós dois. Da um sorrisinho para mim, algo novo que me deixou surpresa, mas que não demonstrei. Ele se levanta, vai até a minha mesa e apoia os braços nela.

— Eu-

Ouvimos um estrondo e a porta se abre com tudo, entrando a ex-mulher do Hokage.

— Naruto! Himawari está perguntando de você! Você não pode largar o trabalho um segundo, seu-

Ela nos encara com raiva, e arqueia uma sobrancelha.

— Mais um brinquedo? — Cruza os braços. — Não bastou os outros dois?

— Que baixa. — Digo, deixando escapar um pensamento intrusivo. Eu deveria ser respeitosa com os mais velhos. — Vou me retirar por um instante, Hokage. Em breve retorno. Não gritem, estamos em horário de trabalho.

Saio de lá apressada e encontro Konohamaru no andar inferior, que abre um sorriso para mim.

— S/n! Como você está?

— Bem, Konohamaru. E você? — Ele assente. — A ex do Hokage apareceu de novo, então saí para dar uma voltinha.

— Estava me perguntando o que você faria aqui embaixo. — Ele ri. — E os preparativos para a formatura da academia?

— Estão sendo finalizados. Depois de amanhã, iremos anunciar os times.

— Ah, que bom! — Parece ansioso. — S/n, eu estava pensando...você quer sair comigo? Jantar, sabe? Onde você preferir.

Oh.

— Pode ser, sim. Quando?

— Você que sabe...

— Acho que hoje eu consigo. Pode ser?

— S-sim. — Ele gagueja. — P-pode ser no Ichiraku?

— Sim, claro.

— Então eu te encontro lá! — Ele diz. — Até!

— Até.

E sai correndo.

...

— Posso entrar agora?

— Ela já foi. — O Hokage estava emburrado. — Argh.

— Ei, você tava de bom humor. O que aconteceu?

— Meus filhos. Estão com raiva de mim. E eu não sei o que fazer.

Ah, já tive raiva do papai por tantas vezes.

— Que tal um presente? Ou passar um tempo com eles? Passeio, sabe?

— E eu tenho tempo? A formatura está chegando. A gente não pode parar.

Gosto de ver ele focado no trabalho, mas sei que família também é muito importante.

— Vai agora. Eu seguro as pontas aqui.

Ele me olha surpreso e sua raiva se esvai.

— Sério?

— Uhum. — Sorrio. — Mas não volte tarde porque tenho um encontro à noite.

— Um encontro? — Ele sequer disfarça sua feição de curiosidade. — Com quem?

— Não te interessa. Vai logo, eu vou organizando as coisas por aqui.

Ele pega o casaco e vai embora.

...

S/N — 19 anos | SUNAGAKURE

— Não, eu não quero mais. Eu não quero mais estar com você.

— Mas...o que eu fiz de errado?

Ele gargalha. A aliança no dedo brilha. O meu noivo estava me deixando por outra mulher.

Eu fui traída, mas sei que foi um deslize momentâneo e que isso não vai acontecer mais. Eu quero ele para sempre. Nós íamos nos casar! Filhos! Casa!

E agora, a sua garota me encara com pena. E eu, com ódio.

— S/n, quando você aprender que você nunca vai ter ninguém...você é apenas uma órfã de guerra. Uma zé-ninguém. Você é um ninguém no mundo, S/n.

S/N — 20 anos | KONOHAGAKURE

Um pesadelo! Foi apenas um pesadelo de merda.

Vejo no relógio que meu encontro com Konohamaru já está na hora e me levanto correndo porque já organizei tudo. O Hokage não retornou, então eu acho que deu tudo certo.

Desço as escadas me despedindo de todos e vou me encontrar com ele no Ichiraku.

...

Konohamaru sorri, mas o clima entre nós ainda parece um pouco hesitante. Ele olha para o ramen, mexe nos hashis, mas não come, e sinto um silêncio pesado se instalar por um momento. Tento puxar assunto:

— Então... o que você faz no tempo livre? Tem algum hobby que gosta de praticar?

— Ah, não sei... Gosto de treinar, manter as técnicas afiadas, sabe? — Ele sorri, mas é um sorriso meio incerto. — Às vezes penso que talvez eu seja meio entediante.

Eu rio, tentando amenizar o clima, mas ele parece mais nervoso ainda. Tento mais uma vez:

— Entediante? Ah, claro que não, Konohamaru! Todo mundo na vila te respeita.

Ele assente, mas não parece convencido. Em vez disso, toma um gole de chá, desviando o olhar como se estivesse buscando o que dizer. O silêncio se prolonga, e me sinto um pouco desconfortável, como se estivéssemos em sintonias diferentes. Eu havia imaginado um encontro leve e divertido, mas a conversa não flui tão naturalmente quanto eu esperava.

— Sabe, eu só... queria dizer que... — Ele finalmente tenta, mas interrompe a própria frase. — Deixa pra lá.

A impressão que tenho é que ele quer dizer algo mais profundo, mas se segura, e essa hesitação cria um distanciamento entre nós. O clima não é desagradável, mas definitivamente não é o que eu esperava.

Enquanto Konohamaru se despede com um sorriso tímido, percebo que minha mente está em outro lugar. Agradeço pela noite, mas assim que ele se afasta, um suspiro escapa de mim. Não consigo evitar pensar no Hokage. Como será que está a noite dele com os filhos? Será que ele conseguiu resolver as coisas com eles?

Ao entrar em casa, jogo-me no sofá e, sem perceber, fico olhando para o teto, relembrando as conversas e olhares que trocamos hoje. A curiosidade dele sobre o meu encontro, aquele sorriso que ele tentou esconder... Algo parece incompleto, como se houvesse uma linha invisível que me puxasse de volta para ele.

No fundo, sei que este sentimento é complicado. Afinal, ele é o Hokage, meu superior, e tem uma vida inteira de responsabilidades e sacrifícios. Mas é inevitável; há algo que me atrai, algo que me faz desejar mais momentos ao lado dele.

Decido deixar esses pensamentos de lado e ir dormir, mas a última imagem que me vem à mente antes de fechar os olhos é o sorriso dele ao falar dos filhos. É algo raro de se ver e que, sem querer, acende uma chama em mim.