CAPÍTULO VII

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Volto para o escritório mais tarde do que o esperado. O segredo está apenas entre mim e Ino, e acredito que nem mesmo o Hokage deva saber.

— Estou de volta. Trouxe um ramen, Ino me disse que você gosta disso. — Ponho a tigela em cima de sua mesa.

Ele ergue uma sobrancelha e cheira o recipiente de longe. Seguro um sorriso falso no rosto.

— Não tem veneno. Pode comer. — Rio.

Estou tentando demonstrar simpatia, porque preciso que ele faça tudo que eu mandar. Visitas pela vila, para os asilos, para a academia ninja, etc, etc, etc. Ele precisa se reconectar com sua população, de alguma maneira discreta para não aumentar o alarde da revolta.

E como Ino disse, eu não poderia falar para ele sobre, porque poderia desmotivar ele.

Eu gostaria muito de saber o motivo desse divórcio, e porque o afetou tanto. Óbvio, ele tem crianças e tudo mais, mas da para ver que virou um tabu entre seus amigos falar sobre. Ninguém realmente sabe o motivo real. Apenas especulações.

— Obrigado. — Foi gentil.

Ele pega o pote, abre e sente o cheiro. Vejo ele engolir a saliva morto de vontade de comer. Fui em um lugar que chama Ichiraku, e adorei o ramen de lá também.

Observo ele pegando os hashis e começa a comer. Parece tímido de comer na minha frente, então vai devagar. Mas a cada mordida, vejo que ele se acalma. Não está mais tão nervoso. Está saboreando.

Acho que percebi algo. Mas não tenho certeza.

Vou tentar agora.

— Então, eu estive pensando ultimamente... — Ele tira os olhos do ramen e me encara. — Que tal visitar alguns lugares da vila? Acho que seria bem legal levantar a sua moral por aí.

— Está dizendo que a minha moral está baixa?

— Estou. — Ele já parece irritado novamente. — Calma. Não é para te ofender. É pra te ajudar. O que adiantaria eu mentir para você, sabe? Eu devo ser honesta para te ajudar. Se eu mentir, como você vai melhorar?

Ele parece se acalmar de novo. Agradeço mentalmente pela minha saída rápida de uma confusão.

— Não vai ser fácil... — Olha para baixo novamente.

Ouço ele murmurar, super baixo. Mas eu ouvi. Ele tinha ficado triste. Desanimado.

— Por isso eu vou estar com você. Não vamos fazer tanto alarde, confie em mim.

O ambiente fica mais calmo, mais leve. Mais tranquilo. Não via hostilidade nele, e eu só estava preocupada de ele se recusar. Eu queria muito que desse certo, mas eu não sabia se aconteceria porque após o divórcio, ele estava muito resistente sobre tudo.

— Quando?

Fico surpresa com sua aceitação para a minha proposta.

— Amanhã, cedo! — Falo um pouco mais empolgada que o esperado.

Ele da um quase sorriso e volta a comer. Sento na minha mesa ao seu lado e volto a olhar papéis e tratados. Mas tinha um papel que não estava lá antes.

Era a retirada da suspensão de Kotetsu. Sorrio ao ver o papel. Olho de relance para o Hokage e vejo que ele está me olhando. Dou um meio sorriso para ele, como se eu dissesse "obrigada" pela expressão.

E ficamos assim por uma tarde inteira. Ele quieto, em seu canto. Eu quieta, no meu.

...

Volto para casa com Ino novamente. Digo que meu plano deu certo e ela está empolgada.

— Mas eu ainda detesto ele, ok? Muito esnobe para o meu gosto. — Cruzo os braços com o franzir de sobrancelha.

— Eu sempre dizia para uma amiga minha que, quem se odeia, se ama.

Ela dizia isso com nostalgia. Era uma mistura de tristeza em seu olhar, misturada com saudade e arrependimento. Eu me perguntava quem era essa amiga.

— Ela está em missão há muito tempo. Mais de 12 anos. — Ela olha para cima. — Sinto falta dela. — Ri. — Mas enfim, onde vocês planejam ir amanhã?

Eu queria saber mais da história da Ino, mas sabia que ela não queria contar. E estava tudo bem por mim.

— Acho melhor começarmos com o asilo público local. — Digo. — Academia pode causar muita comoção, ainda mais que os filhos dele estão por lá; o hospital também. Acho melhor começarmos por lugares menos cheios.

— Concordo. Boa sacada.

Chegamos em nossas casas e nos despedimos com um abraço.

— Até amanhã, S/n.

Me surpreendo. É o começo de uma rotina.

— Até amanhã, Ino.

...

Acordo bem cedo. Escolho uma roupa na mala, que ainda não está desfeita. Eu queria arranjar alguma solução para ir embora mais rápido do que seis meses, mas acho que isso não aconteceria.

A roupa que escolho é um vestido preto tubinho confortável e algum salto alto — que sãos meus vícios — porque sei que vai ser uma manhã longa. De repente alguém bate a porta.

— Vamos tomar café lá em casa? — Era Ino. Ela sorria feliz. Uau, quem acorda feliz essas horas da manhã?

— Vamos. — Sorrio. — Vamos no asilo público hoje. Estou animada para conhecer melhor a vila.

Pego meu sapato, bolsa e saio de casa com ela. O aroma fresco de capim e mata que ficavam envoltos a casa era delicioso. Cheirava como manhã. Não tínhamos muito isso em Suna, já que as casas eram rodeadas por areia quando ficavam afastadas como a residência Nara.

— Bom dia, Sai. — Falo quando entramos em sua casa.

— Bom dia, S/n. Sente-se conosco. — Ele sorria.

Será que era realmente ele ontem? Eu não gostaria de prender um homem que é gentil comigo e marido da minha primeira e única amiga de Konoha.

Sento-me e começamos a comer.

— Conheci Sakura. — Eles arregalam os olhos. — Ih gente, que foi? Toda vez que eu falo o nome de alguém vocês ficam chocados.

— É que a gente tem tanta teoria aqui em casa...Sakura quase não sai de casa. Mas acho que com Sasuke aqui ela sai... — Ino diz.

— Quer dizer, se você não a conheceu no hospital, é inusitado, porque ela se dedica cem por cento ao seu trabalho. — Sai complementa.

— Nossa...conheci ela no bar.

Ai que a cara deles caiu.

— Sakura em um bar...quem diria.

— Eu hein, vocês dois. — Respondo Ino. Olho para o relógio na parede que fazia o barulho de tic-tac e percebo que estou atrasada. — Tchau, gente! Meu Deus, eu sempre saio daqui atrasada.

Agora só me restava encontrar o Hokage.

𝐁𝐀𝐃 𝐑𝐎𝐌𝐀𝐍𝐂𝐄, naruto uzumaki.Onde histórias criam vida. Descubra agora