Blind To The Facts Versão SIMORAYA

Capítulo 6 - MoonLight

16 de Outubro de 2020
[02h00am]

Simone Tebet

  Acordo pela milésima vez no meio da noite, já não bastou o tempo que eu demorei para pegar no sono, eu ainda acordei diversas vezes; mas agora eu não estou conseguindo voltar a dormir. Estranhamente a porta da sacada estava aberta, eu jurava que tinha fechado ela antes de dormir mas fora isso está tudo bem, acho que eu só esqueci de fechar. Me levanto e vou até a porta de vidro para fechá-la, pois estava chovendo e eu não queria que pingasse chuva dentro do meu quarto.

  Quando olho para o colchão de Soraya, vejo que estava vazio. "- Puta que pariu, era só o que me faltava." Ando até cada banheiro da casa, porém todos estavam abertos e sem ninguém; o andar debaixo também estava vazio. Fui olhar no quarto de hóspedes para conferir e Alok estava lá dormindo como um anjo, o que me tranquiliza porque sei que ela não iria muito longe sem o irmão. Desço novamente e vou até a porta de entrada, saindo e vendo que a chuva estava um pouco mais fraca, porém ainda estava frio.

  "- Simone?!" A voz de Soraya vem de algum lugar mas eu procuro ao redor e não vejo ninguém. "- Em cima, porra!" Só falta ela ter morrido do nada. "- Aqui, caralho." Olho para o lugar certo e me surpreendo quando à vejo no telhado da minha casa, sorrindo e acenando enquanto fuma um cigarro.

  "- Mas que caralho...? Como você subiu aí?" Quantas surpresas eu ainda vou ter com essa garota?

  "- Achou que fosse piada quando eu disse que aprendi a fazer parkour fugindo da polícia?" O sorriso cínico em sua face estava fazendo toda a minha tristeza de hoje ir para a casa do caralho. "- Chega aí, os gatos perderam a paciência comigo." Ela me chama como se eu fosse estalar os dedos e surgir no telhado de repente.

  "- Ah...tá bom, mas por onde você subiu?"

  "- Pela sacada, sobe nela que eu te puxo." Depois de refletir sobre toda a minha existência eu decido fazer o que ela falou, desacreditada de que ela tenha conseguido fazer isto sozinha; sério, quantas vezes essa garota foi perseguida pela polícia?
   Subi até o meu quarto e fui para a sacada, subindo no parapeito e segurando as mãos de Soraya. É claro que eu super confio nesses bíceps maravilhosos, mas a física não está fazendo muito sentido nesse momento. Ela se senta na ponta do telhado e estende uma mão para me puxar, enquanto usava a outra para se segurar. Eu lhe dei a mão e com uma simples puxada ela conseguiu me trazer para o seu lado, eu nunca estive aqui, a visão é bem legal.

  "- O que você tá fazendo aqui fumando na chuva?" Pergunto.

  "- Tô fumando na chuva." Seu estado físico e mental no momento me faz questionar se o que ela tá fumando realmente são cigarros. A encaro até ela me olhar com aquelas palpebras caídas e cair na gargalhada; "- Qual é, olha essa vista." Realmente o céu estava bem estrelado e a lua cheia iluminava tudo, parece que teve alguma queda de luz na rua pois os postes não estavam ligados, em compensação parece que a luz da lua estava mais forte. O céu estava estrelado, coisa que não vejo em Los Angeles desde quando era criança.

  "- Caraca!" Murmuro. Quando tirei os olhos do céu, pude reparar em Soraya olhando para mim com um sorrisinho no rosto, mas quando eu olhei de volta ela desviou. Porém eu reparei no brilho de seus olhos, o sorriso de boca fechada me deixava alucinada. "- Posso tentar um?" Pego um cigarro do maço que estava em sua mão ainda cheio, por incrível que pareça.

  "- Não! Faz mal." Ela desvia o maço do meu alcance. "- Eu já estou parando, eu nem gosto de cigarro." Soraya apaga o cigarro na telha molhada e em seguida o coloca dentro de um saco pequeno junto com o maço, depois põe dentro de seu bolso.

  "- Então por que tá fumando cigarro?"

  "- Acho meio imoral fumar maconha no telhado de uma celebridade enquanto meu irmão e meu melhor amigo estão hospitalizados." Dói saber como esse sorriso genuíno esconde tantos problemas, mas eu tento não pensar nisso e apenas fingir que realmente está tudo bem.