Capítulo 3 - Barganha

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14 de Outubro de 2020
[15h40]

Simone Tebet

Todos haviam ido embora...Eduardo especificamente no carro da polícia, e Gabriel estava limpando o andar de baixo. Sinto que também deveria ir embora, mas Soraya disse que gostaria de conversar comigo, e eu entendo isso; provavelmente eu me sentiria culpada se tivesse ido embora plenamente como se não tivesse estragado o dia de todo mundo e feito a menina levar uma surra. Ela precisou falar com a polícia também, descobri que ela realmente tem passagem e já foi até presa, mesmo sendo menor de idade. Estávamos em seu quarto, sentadas na cama, de frente uma para a outra. Eu encarava seu rosto iluminado apenas pela luz na janela, sua íris cinzenta seguia o meu rosto a cada movimento que eu fazia enquanto deslizava aquele algodão pelo seu rosto; ela saiu com uma ferida no lado direito da cabeça e do outro lado também tinha um grande hematoma, do qual eu estava cuidando. "- Você foi muito corajosa." Murmuro, e assim que começo a falar, ela muda o foco de seus olhos diretamente para os meus lábios e dá um sorriso, aquele maldito sorriso. Nem consigo imaginar que a garota na minha frente é a mesma do terno na casa de Eduardo.

"- Ah eu...eu sou meio briguenta por natureza, e naquela situação eu perdi a cabeça, mas acho que foi bom." Ela arranca um sorriso meu apenas com o dela, olhando diretamente para sua boca eu me lembro: aquela cicatriz que tanto me causou curiosidade há 2 dias atrás, quando nos conhecemos. Agora talvez seja uma boa oportunidade de saber o porquê disso.

"- Foi assim que você fez essa cicatriz na boca?" Sua expressão vai de um belo sorriso radiante para uma seriedade, e na hora eu já marco mentalmente o horário que vou chegar em casa para ME EXECUTAR.

"- Não...na verdade foi uma coisa meio que pior, eu não tenho só essa." Ela se levanta da cama e fica em pé à minha frente; ela ainda estava com aquela roupa então eu pude ver bem seu corpo, o que ela queria me mostrar me chocou, havia mais várias cicatrizes em seu corpo. Coisa que eu nunca tinha reparado pela minha maldita mente só olhar babando para esses músculos e esse abdômen que puta que pariu...mas agora, minha percepção mudou um pouco. "- Parece que eu sou muito vivida, mas todas elas são pelo mesmo motivo." Entendo que ela prefira não dizer, mas precisa me matar de curiosidade? "- A não ser essa, eu tomei um carrinho mal mirado." Ela aponta para uma grande cicatriz em seu joelho que parecia ser mais recente do que as outras, e em seguida dá uma risada, me fazendo rir também.

"- Na cabeça você já tinha?" Pergunto me referindo ao recente machucado.

"- Não, essa eu vou inaugurar agora." Rimos muito, senti vontade de morrer.

20 minutos depois

Já haviamos feito o que foi necessário, Soraya pediu para que eu ficasse pois ela gostaria de dizer algo, então nós nos sentamos na mesa de jantar do andar de baixo e ela começou. "- Olha, se você preferir não conversar sobre isso, eu vou entender completamente." Antes de começar a falar, ela posiciona dois dedos debaixo do meu queixo e ergue minha cabeça, me fazendo olhar diretamente para seus olhos; neste momento milhões de coisas se passam pela minha cabeça. "- Qual a pior coisa que o Eduardo já fez com você, desconsiderando o que aconteceu hoje?" Ela me pergunta e cruza os braços, parecendo uma repórter.

"- Bem, ele nunca me bateu, mas vivia gritando comigo e me xingando por coisas idiotas. Não sei dizer se teve algum momento pior ou menos pior."

"- Por que você não presta queixa contra ele?" Ela molha os lábios a cada frase que diz.

"- Porque eu sou uma celebridade, Soraya. Não confio nem um pouco nos delegados para manter sigilo, e pode ter certeza que já já vai sair foto do Eduardo em vários sites de fofoca; eles sabem que namoramos pela exposição dos paparazzis." Abaixo minha cabeça ao falar, mas desta vez ela não à levanta.

Blind To The Facts Versão SIMORAYAOnde histórias criam vida. Descubra agora