Capítulo 18 - Deixa Queimar ( Extra )

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15 de Setembro de 2023
[17h00]

Simone Tebet

– DÁ A SETA SEU FILHO DE UMA PUTA! – Grito juntando todo o ódio que se formou no meu peito em segundos quando um cara simplesmente me fez ter que dar uma freiada que quase me fez derrubar o bolo todo no chão do carro.

Respirei fundo tentando me acalmar e não transparecer nenhum sentimento ruim pelo menos até eu chegar na porta do colégio.

Quando cheguei lá, estacionei bem na frente e saí do carro, já vendo o garotinho brincando com outras crianças, ele estava tão entretido que nem reparou nas professoras indo me receber.

Peguei o bolo no banco de trás e adentrei o colégio, com a ajuda das professoras já começamos a puxar um parabéns. Ele me encarou com aqueles olhinhos brilhantes e o sorriso banguelo que aquecia meu coração.

– Alok!! Alok!! Alok !! – Seus coleguinhas começam a gritar seu nome depois do parabéns e ele assopra a velinha em formato do número "5", sua nova idade.

– Posso tirar uma foto com você? – Uma das professoras se aproxima e me pergunta com seu celular nas mãos. Eu à encaro bem séria e lhe dou uma resposta certeira.

– Não.

Ando até Alok e ele vem correndo até mim com aquelas perninhas pequenininhas, eu amo tanto esse garoto que qualquer coisinha que ele faça já muda o meu humor. – Sisi! – Ele pula no meu colo e me dá um abraço super forte seguido de muitos beijinhos na bochecha.

– Parabéns meu amor! – Falo mexendo em seu cabelinho loiro. – Vai lá comer o seu bolo, eu fiz do jeito que você gosta. – Foi fofo mas tive que mentir, Alok não foi criado com uma alimentação vegana então eu tive que comprar um bolo com leite porque me recuso a fazer um.

Enquanto ele vai comer com os amiguinhos, eu me sento em um banco e pego meu celular; tinha uma mensagem de Joaquim que eu estava esperando há alguns minutos.

"Consegui, Simone! Caralho!!!" Dizia a mensagem. Meu coração chega a acelerar com a informação mas tento evitar qualquer tipo de reação.

Passei cerca de meia hora na escola de Alok até o horário dele ser liberado, deixei o resto de bolo para as professoras e depois dele se despedir das outras crianças nós saímos.

– Agora que eu já tenho cinco anos eu posso beber aquela água azeda que a tia Gleisi gosta? – Ele fala inocentemente enquanto eu o coloco na cadeirinha do carro.

– Não, só quando tiver dezoito anos. – Falo rindo e ele parece ficar meio confuso, eu amo esse jeito expressivo que as crianças têm, principalmente Alok.

– Vai demorar muito? – Ele continua perguntando, isso é muito engraçado mas melhora ainda mais quando eu começo a não saber o que responder.

– Vai demorar bastante, meu amor.

– No natal eu vou ter dezoito anos? – Ele fala e eu começo a rir numa intensidade que eu tive até que esperar eu me recuperar para começar a dirigir.

– Vai. – Simplesmente falo e ele sorri, logo já começo a pensar em algo que eu possa misturar com água no natal para ele provar e nunca mais querer tomar aquilo na vida.

Começo a dirigir rumo a casa de Joaquim. Meu coração batia muito forte, toda vez que eu lembrava do que Joaquim fez minha ansiedade atacava bem forte; e a cada esquina que eu virava e se aproximava mais da casa o nó em minha garganta se apertava mais e mais.

– Por que a gente vai pra casa do tio Jo? – Alok pergunta olhando para a janela. Eu o olho pelo retrovisor interno e só de ver seu rostinho sendo iluminado pela luz amarelada do pôr do sol várias memórias vinham em minha mente. Ele tinha o rosto idêntico ao de Gabriel, apesar dos olhos e os cabelos serem claros.

Blind To The Facts Versão SIMORAYAOnde histórias criam vida. Descubra agora