Blind To The Facts Versão SIMORAYA

Capítulo 1 - Negação

12 de Outubro de 2020 (Sem pandemia) 22h30

Simone Tebet

" - Você está fantástica, querida." Minha mãe diz de um jeito doce, intercalando seu olhar entre o meu rosto e o vestido vinho que eu usava, ela dava um sorriso que me convencia sobre sua palavra. Não costumo usar esse tipo de roupa, não é uma boa sensação, mas eu faço de tudo para alegrar o meu amor.

Hoje é aniversário de Eduardo, meu namorado! Um homem incrível, lindo, estiloso e brasileiro; apesar de me passar uma vibe simples e praiano, em seu aniversário ele decidiu inovar; planejou uma festa formal em sua casa e chamou todos os amigos. De seus amigos eu conheço apenas Ávila, um doce garoto de apenas 15 anos, e só por ele eu já sei como o ciclo de amigos do meu namorado é descacetado e a única coisa formal naquela festa vai ser eu. Ouço o som da buzina e me assusto com a rapidez do garoto de chegar até minha casa, termino rapidamente de passar o batom vermelho e ajeitar o meu cabelo. " - Não acha que eu tô parecendo uma puta?" Questiono meu irmão mais velho que estava sentado na mesa da sala de jantar trabalhando em seu notebook. Ele tira o olhar da tela e me observa dos pés até a cabeça, com uma expressão bem imprevisível.

" - Sim! Mas seu namorado também parece um sanguessuga e nem por isso eu jogo sal nele." Fico muito confusa sobre a opinião de Joaquim sobre a minha pergunta, então decido sair logo antes que eu pense demais, desista e faça meu namorado me esperar no carro por horas. Pego minha bolsa da Prada e vou até o jardim, o "poc poc" do salto no chão me dava nos nervos. Avisto o Porsche de Eduardo e ando até ele, logo abrindo a porta e me sentando no banco do carona.

Cumprimento o homem com um selinho, e após isso ele me olha de cima a baixo, me fazendo pensar que ele estaria me admirando, ou apenas prestes a me elogiar, mas acho que nesses 1 mês e meio de namoro eu não o conheci o suficiente. " - Está de sacanagem, Simone Tebet? Que porra é essa?" Meu coração começa a bater mais rápido e forte quando o homem muda seu tom de voz e me olha com uma expressão de repulsa. " - Esse salto, esse vestido, essa bolsa...você está indo à uma festa com amigos, e não à um beco para dar para traficante. Vai tirar essa porra logo!" Abaixo minha cabeça e saio do carro sem dizer nada, do lado de fora eu o ouço murmurar: " - Você só atrapalha minha vida, agora eu vou ter que te esperar enquanto o povo está todo se divertindo na minha casa." Seguro o choro e aperto os passos para entrar em casa logo e evitar de ouvir qualquer resmungo dele que possa me afetar mais. Quando entro em casa, Joaquim me olha com confusão no rosto.

" - Ué, o que houve?" Prefiro não responder para não mostrar a voz embargada, e também evito o contato visual para ele não reparar as lágrimas teimando em sair. Vou correndo pelas escadas até chegar em meu quarto, lá eu chuto o ar para os saltos saírem e arranco o vestido o mais rápido possível. "- Simone, ele foi babaca com você denovo? Fala comigo." Joaquim fala do outro lado da porta e bate na mesma, eu continuo preferindo não dizer nada...visto uma calça cargo preta simples, com um mocassim e um moletom da mesma cor. O intuito da festa era ser formal, mas acho que Eduardo deixa de ligar para tudo quando é pra me julgar. "- Simone, se você não me responder eu vou lá embaixo agora quebrar cada osso desse cuzão um por um." Joaquim já quase fez isso uma vez com meu último namorado e desde então eu nunca mais o subestimei, então abri a porta rapidamente e olhei em seu rosto. "- Simone, me responde."

"- Relaxa, Jo. É que quando eu sai na rua eu percebi que está mais frio do que eu imaginei e decidi trocar de roupa." Falo cínica, olhando em seus olhos com a cara mais falsa que eu já consegui fazer. Corri pela escada e pela sala até o lado de fora de casa apressadamente, quando cheguei ao carro de Eduardo o vi distraído olhando para o celular e sorrindo. "- Voltei amor. Está melhor?" Disfarço um sorriso para o mesmo e ele me olha de cima a baixo novamente, mas desta vez isso me causa medo.