Capítulo I - Vórtice

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Por SrtaAthena-/SrtaLina-

Ela não sabia quem era ou o que era aquilo tudo - nem do porquê acontecer com ela -, porém, sua imagem não parecia perigosa, tão pouco assustadora ou peculiar.

Toda vez ao deitar a cabeça no travesseiro, seus sonhos a levavam para um lugar estranho, onde carruagens eram de metal, com a tecnologia estranha pintando prédios mais altos que o do Hokage. Nunca tinha visto nada igual.

Sua alma parecia flutuar, ao mesmo tempo que seu corpo se movia despretensiosamente por vielas barulhentas, sem muito verde ou pessoas que conhecia, usavam roupas de civis comuns, algumas bem extravagantes, berrantes ou extremamente mórbidas. Todavia, no meio daquela algazarra ele sempre estava lá, era uma conexão inexplicável.

Um homem encostado, com as madeixas quase azuis num quadro branco, com os olhos vendados com uma faixa ou escondidos por trás de óculos diversos, usava roupas escuras, em um roxo intensamente sombrio. Por algumas vezes ela achou que fosse Kakashi, mas não conseguia chegar perto o suficiente para distingui-lo completamente. Era como olhar sob um vidro cintilante, que nunca conseguia ultrapassar ou enxergar tudo que queria.

Era estranho.

— Saky?

Ao mesmo tempo, ela ansiava por vê-lo novamente quando a noite chegasse.

— Sakura Haruno?!

A rosada deu um pulo da cadeira, encarando Ino com as esmeraldas arregaladas de susto. Tinha esmagado sua caneta favorita com os dedos.

— Não precisa gritar! Por kami-sama, minha caneta favorita foi despedaçada...— suspirou, falando quase num sussurro depois de alguns segundos limpando a tinta da caneta em um lenço que mantinha na sua mesa. Estava fatigada demais para reclamar com a Yamanaka, a cabeça latejava só de imaginar a voz aveludada da loira tomando falcetes absurdos.

— Lógico que preciso, está nas nuvens, olhando pro nada como uma boba apaixonada....o Sasuke voltou pra estar desse jeito?! — Ino se aproximou, movendo o corpo junto da cadeira de rodinhas, com um sorriso zombeteiro nos lábios carnudos.

Sakura revirou os olhos, mais calma, virando a página do prontuário, tentando ler as letras horríveis dos outros médicos daquele hospital.

— Claro que não, sabe disso melhor do que eu — respondeu ríspida, querendo se livrar daquele assunto mesmo que não estivesse realmente irritada com o moreno se envolvendo com seu melhor amigo. Eram sentimentos que ela apenas aceitou e desejou que fossem imensamente felizes.

— Uhm, você desistiu muito fácil do Uchiha emo trevoso, pensei que ainda estivesse querendo uma família amorosa e perfeita do lado dele.

A rosada bufou, fechando a pasta com força, encarando as safiras curiosas de sua estimada amiga. Ino não sabia do namoro de Sasuke e Naruto, na verdade, apenas pessoas muito seletivas sabiam, da mesma forma que muitos não sabiam do envolvimento de Neji e Tenten por causa da rigorosa tradição Hyuga, o primo de Hinata estava apenas esperando que a prima tomasse a posse do futuro do clã e o liberasse daquelas amarras sociais para estar com a castanha em definitivo, dá mesma forma que Sasuke estava viajando para poder se entregar de corpo e alma ao Uzumaki, que, a maneira dele, recusou as investidas da herdeira do clã Hyuga.

Por hora, apenas Sakura, Kakashi e Iruka sabiam do relacionamento dos dois ninjas heróis da quarta guerra. Até Naruto tomar posse do título de Kage, talvez ainda sejam os únicos por muito, muito tempo.

— Sasuke está muito longe para conquistar o que sobrou do meu coração, e eu não pretendo me prestar ao ridículo indo atrás de quem não me quer, então, por favor, não me atormente o juízo.

— Claro, como minha testudinha quiser. Não toco mais no assunto Uchiha.

Ino sorriu e levantou as mãos, se afastando da melhor amiga em um único movimento, deixando a Haruno com seus fantasmas e porquês.

Porquês estes que possuíam cabelos platinados e um sorriso sedutor, só que não era seu professor e, tão pouco, era alguém de carne e osso.

Pelo menos ela não sabia.

///


Escola Secundária Jujutsu da Prefeitura de Tóquio

As aulas pareciam mais fervorosas a medida que os alunos avançavam suas habilidades. Yuji era o mais focado de todos, ao lado de Megumi e Nobara.

— Acha que a próxima geração está garantida? — Getou sorriu de lado, com as mãos nos bolsos e sua típica expressão sorridente, porém, sem seu uniforme de professor. Estava de folga, mas morar ali era uma desvantagem naquela situação.

Gojou deu de ombros, se escorando na pilastra atrás de si enquanto observava seus alunos.

— Acho que podemos nos aposentar, estou precisando de férias em um lugar paradisíaco, tipo Quioto — Suguro riu alto, algo incomum, todavia as lembranças da última vez que o platinado foi a Quioto perturbar Utahime o lugar ficou irreconhecível. Invés de um paraíso, virou o verdadeiro caos generalizado. Gojou pegou uma suspensão de um ano.

— Se for pra lá, Utahime te chuta de volta pra cá, deixa ela quieta, parecem cão e gato brigando — Gojou deu de ombros, ajeitando os óculos de armação azul, olhando seus alunos — Falando em mulheres, ainda a vê?

Satoru fez uma careta, cruzando os braços indeciso do que responder, ainda não tinha refletido o suficiente para satisfazer sua inteligência e sua curiosidade sobre aquele fenômeno, a única coisa certa daquilo tudo era de não conseguir esquecer nenhum dos traços dela, mesmo que fossem desfocados.

Daquela mulher misteriosa.

— Uhm, sim, mas não tenho uma resposta decente pra dar, ela ainda é um borrão, mas consegui ver a cor de seus olhos.

— Oh ho, isso me lembra os quebra-cabeças que você é Megumi montavam quando ele era pirralho, uma confusão sem sentido — Suguro suspirou, dando um tapa no ombro do platinado — De qualquer forma vá buscar sua turma, temos missão a cumprir antes do dia das bruxas, precisamos deixar tudo limpo antes do vórtice de energia amaldiçoada começar a pipocar.

Gojou soltou um suspiro sofrido, enfiando as mãos pálidas nos bolsos da calça arroxeada do uniforme de feiticeiro, descendo as escadas de pedra lisa, tendo o deslumbre da mesma cabeleira rosada por uma fração de segundos, porém, ela não estava parada, mas sim o encarando por trás do mesmo espelho fosco, não conseguiu ver muita coisa antes dela sumir novamente, como se nunca tivesse existido.

— Isso ainda vai acabar com a minha pouca sanidade mental e nem tô falando do dia das bruxas.

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