• Victoria •
Gianna me olhava com luxúria, aqueles grandes olhos azuis que me faziam mergulhar, nossas respirações incontroláveis pelo beijo ardente:
- Vamos pra sua casa - as palavras saíram tão rápido de minha boca que só depois senti o peso delas, a morena me fitou, pareceu pensar por um instante, droga! Porque fui dizer aquilo
- Vamos, quem sabe você me dá a chance de te tatuar - ela ri de canto
Entramos no carro, a tensão era palpável, onde eu estava com a cabeça fazendo aquilo? Eu estava me metendo em uma grande confusão, um caminho que eu sentia não ter volta. Gianna acendeu um cigarro, ela balançava ele entre as pontas dos dedos, pensativa, daria tudo para saber o que se passava na cabeça dela naquele momento, sua mandíbula tensa, os olhos azuis turquesa agora estavam escuros, o cenho franzido. Quis perguntar se ela estava relutante em relação a toda essa loucura, mas não obtive forças para essa pergunta.
O caminho foi silencioso, ela estacionou o carro enfrente a um sobrado, pude ver seu Studio de tatuagem na parte de baixo, fomos até a parte de cima, onde se encontrava sua casa de fato. Tudo muito minimalista o que me surpreendeu dado seu estilo, tudo puxava para o preto e branco. Ela pegou uma garrafa de vinho e duas taças, me ofereceu uma já cheia, me direcionei até a sacada, dava para ver o rio dali, começava garoar e o vento batia gelado, amenizando o estado febril do meu corpo:- Então...- ela diz atrás de mim, cortando o silencioso - o que acontec...
- Eu quero fazer uma tatuagem - digo a interrompendo, ela arregala os olhos, óbvio que eu estava fugindo daquela pergunta, não saberia como responder
- Ótimo - ela sorri - já sabe o que quer fazer?
- Um fogo - ela me olha surpresa - na entrada da virilha - seu olhos escurecem, sei que isso seria tentador demais
- Tem certeza?
- Tenho, ou você que não tem sobre se segurar tão perto do seu desejo? - sorrio maliciosa
- Certo, então vamos descer para o Studio - ela respira fundo
Descemos, o Studio seguia a paleta de cores da sua casa, porém mais preto do que branco, enquanto a mesma arrumava os materiais, vi alguns quadros pendurados, foto dela com o irmão, foto dela com o que julguei ser o pai e a mãe, foto dela com uma moça extremamente parecida comigo, o que me pegou em cheio, quem era aquela?:
- Podemos começar? - ela diz puxando minha atenção
- Claro - digo indo em direção a maca, me sento e depois me deito
- Você poderia? - ela faz movimentos com a mão indicando o vestido
- Sim - digo subindo o vestido até a altura da cintura, seus olhos se fixam no meu corpo, sinto meu corpo esquentar novamente, ela respira fundo e começa seu trabalho.
Ela abaixa um pouco a alça da calcinha para que facilite a tatuagem, sentir suas mãos esticando a pele, sua respiração batendo em minha pele devido a proximidade, aquilo me fazia latejar e arrepiar, a dor era suave, nada desesperador, porém doía, meia hora depois ela diz que está pronto, me levanto para verificar no espelho, incrédula do que eu havia acabado de fazer, pelo espelho vejo ela me fitar de cima até embaixo, me empino para abaixar o vestido, ela joga a cabeça para trás, não sei qual das duas está se segurando mais nesse momento. Subimos novamente para o apartamento, meu quadril ardia um pouco com a recém tatuagem, sentamos na sacada e uma chuva razoável estava caindo, ela acende um cigarro:- Desculpa a intromissão, mas se me permite perguntar, quem é a moça do quadro lá embaixo? - ela olha pra chuva, solta a fumaça e me olha
- Minha ex noiva - ela respira fundo, aquilo parecia doer
- Desculpa, está tudo bem se não quiser falar sobre isso
- Ela faleceu há quatro anos, em um acidente de carro...juntos com meus pais - ela solta com dificuldade as palavras. Eu me sinto uma idiota por ter perguntado, meu peito se apertou
- Sinto muito - me sentei ao lado dela no sofá - sei como é perder alguém, perdi meu pai muito nova também - sorri triste - ele era tudo pra mim
- No fundo somos parecidas - ela me olha e segura minha mão
- De certa forma e estranhamente sim - dou risada.
Continuamos conversando mais um pouco sobre coisas aleatórias, quando meu corpo sente o peso do cansaço olho as horas, já era quatro da manhã, como eu iria embora?
- Acho que preciso ir, será que tem algum táxi aqui essas horas? Ou então você poderia me deixar no hotel que fiquei aquele dia?
- Se quiser pode dormir aqui, fazemos uma barreira de travesseiro na cama - ela ri
- Não vou te atrapalhar? - pergunto desconsertada
- Claro que não
Entramos, peço para usar o banheiro, retiro a maquiagem com um sabonete para rosto que encontrei sob a pia, saio e Gianna havia me deixado uma camiseta preta enorme e um short gigante, pego o short na mão e dou risada com a possibilidade de usar aquilo, retiro o vestido, coloco a blusa, ignoro totalmente o short e me jogo na cama, após alguns minutos ela sai do banheiro, vestida com um top preto e um samba canção da mesma cor, o quarto está sob meia luz, mas consigo ver seu corpo definido, os braços largos, o abdômen perfeito, seria uma missão dormir ao seu lado. Ela se deita e eu sinto ela se aconchegar, eu estava de costas assim evitaria qualquer contato visual perigoso entre nós. Não demoro muito e pego no sono.
Acordo com frio, meu corpo está totalmente descoberto, olho o relógio sob a escrivaninha, sete horas da manhã, ainda escutava o barulho da chuva, Gianna estava embolada na coberta, puxo uma ponta, puxo outra, mas sem sucesso, então frustada porque odiava acordar assim, eu empurro a morena que cai no chão assustada:
- Mas o que tá acontecendo? - ela me olha assustada
- Obrigada pela coberta - puxo a coberta de cima dela, a deixando no chão, me aconchego e sorrio com o quentinho
- Mas você me paga Victoria - ela me olha furiosa e vem pra cima de mim.
Ela começa uma tortura medieval, usada para abater os piores inimigos, cócegas. Eu rolava de um lado para o outro já sem fôlego, quando por um vacilo e algumas aulas de defesa pessoal, consegui me esquivar e ficar sob ela:- Agora quem está ferrada? - abro um sorriso diabólico
- Não se atreva! - ela aponta o dedo pra mim
Mas ela sabia que era um beco sem saída, comecei minha própria tortura, que não durou muito pois Gianna agarrou meus pulsos e me puxou para frente, fazendo a gente ficar cara a cara:
- Não me faça te torturar de formas piores - ela disse perto da minha boca, meu corpo se arrepiou
- Que formas?
- Você não vai querer saber - ela diz provocativa
- Eu acho que você só não consegue, por isso não fala quais - levanto a sobrancelha. Mal tive tempo de reagir quando a mesma virou nossos corpos e pressionou seu quadril ao meu, me fazendo soltar um gemido involuntário
Corpo traidor
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𝐀𝐭𝐫𝐚𝐜𝐚𝐨 𝐅𝐚𝐭𝐚𝐥 (lésbica +18)
RomanceAté onde você iria por desejo? Ou então por ganância? Mas e por amor? Victoria jamais se imaginou buscando no fundo de sua alma uma pessoa oposta ao que ela se moldou. De dia uma médica cirurgiã, casada e influencer...Mas ao cair da noite, Victoria...