THREE

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Ando devagar, tenho receio de que se andar mais rápido que isso, acabarei derrubando esse enorme arranjo de flores que meus pais fizeram questão que eu trouxesse para o Phi

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Ando devagar, tenho receio de que se andar mais rápido que isso, acabarei derrubando esse enorme arranjo de flores que meus pais fizeram questão que eu trouxesse para o Phi. Eu falei que não viria vê-lo hoje, mas houve alguns contratempos com o meu parceiro de trabalho — ao qual passaria a tarde junto —, então remarcamos.

A porta do quarto está aberta, o que é um alívio. Eu disse aos meus pais que P'Jeff não se importaria se fosse apenas algumas flores; porém, eles insistiram que deveria ser o maior, também pediram que eu desejasse melhoras ao Phi em nome deles. Minha família o ama quase tanto quanto eu. E não apenas ele, mas todo o clã Satur. Eu os amo igualmente. Faz um bom tempo que não nos reunimos todos juntos, quem sabe quando Phi estiver totalmente recuperado?

Segurei o arranjo mais forte contra o meu peito. P'Jeff não está sozinho, há uma enfermeira ao seu lado. Ele ri enquanto a ouve falar em um idioma que eu desconheço. Eu já a vi por aqui, foi ela quem respondeu o meu extenso questionário ontem. Ela é aparentemente bem jovem e muito, muito bonita.

Por algum motivo, sinto vontade de voltar e fingir que nunca estive aqui. O friozinho chato no interior da minha barriga decaiu, assim como as borboletas no meu estômago. Não é como se eu nunca tivesse o visto conversar com uma garota, eu já vi e não gostei.

— Barcode? — ele nota minha presença.

Tarde demais pra correr, reflito.

Ele olha entre mim e a enfermeira. Talvez tenha algo escrito na minha testa, porque ele se afasta lentamente dela. A moça percebe e sorri, levantando.

— Me chamo Malee — Ela estende a mão e eu estranho o gesto. — Ah, me desculpe. — Ela retira e se curva. Ótimo, uma ocidental. — Já nos vimos antes. Barcode, não é?

Eu não tenho nada contra pessoas ocidentais, até porque P'Jeff tem raízes ocidentais. O problema é que eu não consigo tirar da cabeça a ceninha entre eles dois que vi agora pouco e que possivelmente continuaria se eu não estivesse aqui.

De repente, me arrependo de ter vindo.

— Sim. — Respondo, curvando-me com uma certa dificuldade por conta das flores. — Aliás, obrigado por responder minhas perguntas ontem P'.

— São para mim? — P'Jeff pergunta apontando para o arranjo ainda em meus braços.

— Meus pais pediram que eu trouxesse — Respondo, deixando o arranjo de qualquer jeito sobre a mesinha ao lado da cama. — Bom, vejo que interrompi algo. Desculpe. Voltarei assim que tiver terminado. — Minha voz soa mais seca do que eu pretendia.

O que diabos eu tenho?

Estou prestes a dar a volta quando sua mão segura o meu pulso. Eu o encaro e nos seus olhos vejo arrependimento?

— Na verdade, N'Barcode, já acabamos. Vocês podem conversar à vontade. Acabei de lembrar que fiquei de ir ver um velho paciente — Malee avisou fazendo uma leve reverência. — Voltarei mais tarde para dar seus antibióticos, Jeff.

𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐑𝐄𝐐𝐔𝐈𝐑𝐄𝐒 𝐂𝐎𝐔𝐑𝐀𝐆𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora