↳ ❝ Numa noite qualquer, Barcode se vê preso em estado de alerta depois de um pesadelo com seu amado phi, Jeff. Uma sensação angustiante o percorreu madrugada adentro. E ainda que Jeff tenha garantido que estava tudo bem, não foi o bastante para que...
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BARCODE TINNASIT
# Muitos Meses Depois #
É meia-noite e meia quando a van da produção estaciona em frente ao meu prédio. Me despeço do pessoal e dou "boa noite" ao porteiro antes de pegar o elevador. A primeira coisa que vejo ao abrir a porta é a TV ligada. Deixo minha mala e mochila no canto da sala e me aproximo do homem dormindo confortavelmente no sofá. Há partituras espalhadas por todo o piso, o caderno que ele geralmente escreve suas composições está aberto em uma página intitulada de "For Him". Uma risada baixa escapa; levo a mão à boca com receio de tê-lo acordado, mas o moreno só muda de posição, resmungando baixinho. Deixo um selar em seus lábios e me afasto. Foi um dia inteiro de viagem, todo o meu corpo dói.
Demoro no banho. A adrenalina dos últimos dias ainda está correndo pelas minhas veias. Foi um mês longe de casa filmando ao lado de Ta. Esse é o segundo filme que gravamos juntos. As pessoas realmente gostaram de nos ver contracenando, para o total desgosto do meu namorado.
Voltei para sala usando suas roupas e sorrio ao vê que ele acordou. Seu olhar encontra o meu. Ele sorri mostrando todos os seus dentes perfeitos e o meu coração parece prestes a saltar pela minha boca. Passe o tempo que for, meu corpo sempre reagirá dessa forma ao vê-lo.
Ando até ele. Seus braços envolveram minha cintura e no segundo seguinte meus pés deixam o chão. Ele não diz absolutamente nada — e nem precisa —, apenas a sua língua dentro da minha boca é o suficiente para eu saber que ele também estava com saudades.
— Senti sua falta, amor!
Abraço seu pescoço sentindo meus olhos arderem. Esse é o máximo de tempo que ficamos longe um do outro desde quando ele sofreu o acidente, exatamente um ano atrás. Estamos juntos há dez meses e dividimos o mesmo teto a nove.
Os últimos 365 dias foram tão intensos e, por vezes, insanos. Há noites em que eu durmo com receio de acordar e tudo isso não passar de um sonho bom. Há dias em que eu acordo e fico admirando a pessoa ao meu lado e sinto que posso passar a vida toda fazendo isso. Há momentos como esse em que eu o abraço e choro, choro porque o amo tanto que dói. Foram anos escondendo esse sentimento, mas bastou algumas semanas para tudo vir à tona como uma avalanche e virar todo o meu mundo de cabeça para baixo. A vida é tão imprevisível, nunca se sabe quais rasteiras ela vai te dar; você só pode segurar em algo — ou em alguém, como é o meu caso — e esperar. Felizmente, a vida tem sido muito boa comigo ou, eu apenas estou feliz demais para ligar para os tombos que ela vive tentando me dar.
— Também senti a sua! — Me afasto para olhar em seus olhos. Senti falta da intensidade que eles carregam. Ele ri e gentilmente limpa minhas lágrimas. — O que estava fazendo? — Aponto para as partituras agora organizadas sobre a mesa de centro.
— Deixa eu te mostrar — Ele senta no chão e bate em suas pernas em um pedido mudo para que eu me sente ali. Eu vou de bom grado. — Comecei a compôr essa semana passada — peguei a folha de sua mão —, mas não consegui passar do refrão. Sinto que falta algo, só não sei o quê ainda.
