EXTRA ²

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BARCODE TINNASIT

Deixamos Waan aos cuidados da babá para que pudéssemos nos divertir com nossos convidados sem interferir na sua rotina de sono. Eram quase duas da manhã quando a babá responsável por ele nos ligou, Waan estava com febre alta e havia vomitado. Deixamos a festa junto com Malee. Eu nunca vou saber descrever claramente o que eu senti ao chegar em casa e ver o meu filho desmaiado no berço. Foi como se todos os meus medos, enfim, tomassem forma.

A gestação de Waan não foi tranquila, por muitas vezes a mulher que estava o gerando sofreu com sangramentos, por pouco não o perdemos. Desde então eu tinha receio de que ele desenvolvesse algum tipo de sequela, mesmo que os médicos garantissem que não. Naquela noite, ao ver seu rostinho pálido e frágil, meu coração apertou com uma dor profunda, uma angústia que só os pais podem compreender. Cada vez que ele tossia, cada gemido de desconforto, parecia uma faca cortando minha pele.

Fomos direto para a emergência e Malee fez questão de assumir o caso, ainda que estivesse de folga. As horas pareciam intermináveis enquanto aguardávamos o diagnóstico do médico. Cada segundo era uma eternidade, repleta de pensamentos sombrios e medos intensos. Meu pequeno, que era a alegria da casa, agora estava ali, vulnerável e doente. Eu me sentia impotente, confrontado com a realidade assustadora de que, mesmo com todo o nosso amor e cuidado, não podíamos protegê-lo de tudo.

Em cada febre, eu sentia não apenas a temperatura de seu corpinho, mas também a febre de minha própria ansiedade e desespero. Cada vômito era uma aflição física e emocional, uma reviravolta nauseante na montanha-russa de emoções que assola um pai quando vê seu filho sofrer.

Era manhã do dia seguinte quando finalmente o diagnóstico chegou, aliviou e aterrorizou simultaneamente. Uma infecção comum, tratável, mas que ainda assim despertou todos os meus medos latentes. As lágrimas de alívio se misturaram com lágrimas de angústia, formando um oceano intransponível de emoções turbulentas. Jeff estava ali para enxugar todas elas. A preocupação era visível em seu semblante, mas ele se manteve firme. Me recordei da época em que eu era apenas um garoto assustado com a nova vida, e ele era a minha zona segura, sempre garantindo que eu estava bem.

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            ( UMA SEMANA DEPOIS )

— Você tem certeza?

Não estou contando, mas provavelmente é a vigésima vez que Jeff me faz essa pergunta. Eu ficaria irritado se a preocupação dele não tivesse fundamento. Os últimos dias foram desafiadores para mim; eu relutava em deixar Waan por um único momento, adiando assim nossa lua de mel. Contudo, agora me sinto mais tranquilo ao deixar o bebê sob os cuidados da minha família. Se algo acontecer, sei que serão os primeiros a me avisar.

Suspiro, deixando a toalha que enxuga o meu corpo de lado. Caminho até a cama, sento nela. Subo no colchão, passando a perna por sua cintura, me acomodando no seu colo. Jeff respira fundo, acariciando suavemente minha coxa com seus dedos aquecidos

Alugamos uma suíte em um hotel a poucas quadras do nosso prédio. Nossos planos de ir às ilhas Phi Phi foram adiantados para o fim do ano; eu não conseguiria viajar para longe agora. O quarto é espaçoso e extremamente luxuoso — Jeff disse que isso era o mínimo. Há uma piscina com vista paradisíaca, e estou de olho nela desde que chegamos, como se tivesse um déjà-vu de algo que eu — ainda — não vivi, mas que já vi.

Meu marido parece captar o rumo dos meus pensamentos. Ele sorri, indicando a piscina com a cabeça, e com uma voz carregada de provocação, murmura: — Que tal darmos um mergulho?

Eu me inclino em sua direção, tomando seus lábios. Tivemos pouco contato íntimo esses dias; ele sabia que eu não estava com cabeça e respeitou isso. Hoje, porém, quero tudo, menos respeito de sua parte. Quero o calor, a intensidade, quero nos perder no momento e esquecer todo o resto.

𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐑𝐄𝐐𝐔𝐈𝐑𝐄𝐒 𝐂𝐎𝐔𝐑𝐀𝐆𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora