EXTRA ¹

246 23 27
                                    

             | CINCO ANOS DEPOIS |

JEFF SATUR

Estou cansado quando abro a porta e entro em casa, mas ao ver minha família se divertindo na sala, parte da exaustão vai embora. Barcode está dançando com Sun enquanto Waan — o bebê de dois anos — aplaude, encantado com o show feito especialmente para si. Eles ainda não perceberam que cheguei. Estou prestes a me juntar a eles quando Mee, a mascote da casa, se enrosca nas minhas pernas. Eu deixo minha mala de lado e abaixo para acariciar a cabecinha da gata. Ela ronrona, satisfeita.

— Pai!

Me ponho de pé a tempo de Sun abraçar minha cintura. Minha garotinha cresceu e eu não consigo mais pegá-la no colo. Seu longo cabelo está preso em um rabo de cabelo bagunçado e ela está usando o pijama que dei de presente no seu último aniversário. Aos poucos ela está perdendo os traços infantis e assumindo uma forma mais jovial. Minha criança já não é bem uma criança.

— Meu raio de sol — beijo sua cabeça —, sentiu minha falta?

— Muito! — Ela resmunga contra o meu peito.

O próximo a vim até mim é Waan. Suas pernas ainda são pequenas e gordinhas, então o percurso até onde estou é lento, mas nem eu, nem Barcode — que está ao seu lado — interferimos. Sun se afasta para que ele consiga alcançar minhas pernas. Quando suas mãozinhas seguram o tecido da minha calça, eu o pego nos braços.

— Minha criança! — Esfrego o meu nariz no seu, arrancando uma risada gostosa do bebê. — Papai sentiu tanta falta do seu cheirinho.

— Papai — Ele ri, tocando o meu rosto.

Barcode é o último a se aproximar.

— Bem vindo de volta, querido — Ele deixa um leve selar no meus lábios. — Senti sua falta.

Com minha mão livre acaricio seu queixo. É difícil ficar longe dele, mesmo que por alguns dias. Estamos juntos há seis anos e meio, e nunca ficamos mais que um mês distantes.

— Estou em casa agora.

Ele assente e me abraça. Sun também não fica de fora; de algum jeito, ela se encaixa entre nós dois. Agora estamos os quatro abraçados. Eles são o motivo pelo qual me esforço para trabalhar rápido. Desde que retomei minha carreira, garanti que não me manteria longe por mais que alguns dias. Foi complicado nos primeiros meses, eu quis desistir, mas Barcode não permitiu; ele mesmo estava tendo problemas em conciliar carreira e filhos e ainda assim, me apoiou. Seguimos sendo o porto seguro um do outro; não importa quão difícil seja o desafio, enfrentamos todos juntos. Poucas coisas em relação a nós dois mudaram ao longo desses anos, ainda somos os mesmos de tanto tempo atrás, só mais fortes.

— Está na hora de ir para cama.

— Não! — Sun protesta, agarrando minhas pernas.

— Onde está a adolescente que você tanto se gaba de ser, hm? Quarto. Agora. — Code intimou.

— Está tarde, pequena. — eu digo, fazendo carinho em sua cabeça. — Amanhã te levo no estúdio, pode ser?

Ela assente e me abraça. Deixo um beijo em sua testa. Waan ergue as mãos pequenas, querendo o colo da irmã.

— Posso colocá-lo para dormir, pai? — Sun se dirige a Code.

— Tome cuidado — ele respondeu, sorrindo. — Se não conseguir, nos chame. E se eu encontrar você vendo TV a esse horário, pode esquecer a ida ao estúdio.

Sun fez beicinho.

— Papai Code é tão mal! — Dramatizou. — Não vai dizer nada, pai?

— O que nós já conversamos, hein? — Questiono.

𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐑𝐄𝐐𝐔𝐈𝐑𝐄𝐒 𝐂𝐎𝐔𝐑𝐀𝐆𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora