Bolada Certeira | Minsung

01. Acertar a sua cara

— Cara, vamo' logo! Daqui a pouco já vai escurecer e a gente nem vai aproveitar o dia!

— Lix, se acalma, ok? Não nem dez da manhã, cara! E outra, a gente vai ficar aqui por mais de um mês, ou você esqueceu? – questionei, vendo o loiro revirar os olhos.

— Eu sei, mas quero aproveitar muito bem, tá?

— Tudo bem, tudo bem – concordei,  vendo que o loiro não iria desistir tão fácil. — Vai lá ver se o In e o Seung já tão' pronto pra' gente ir.

Eu ri alto quando vi o brilho no olhar do loiro antes dele correr para o quarto.

Planejamos essa viagem para ser algo bom pra' gente. Acho que principalmente pra mim.

A questão é que eu não aguentava mais os meus parentes — o qual eu me recuso de chamar de família —, já que depois que eu me assumi bissexual eles resolveram ignorar a minha existência.

Parecia que eu sendo quem eu realmente era, não existia para eles, não era o suficiente. E isso me quebrava de todas as maneiras possíveis.

Felix, Jeongin e Seungmin passaram por situações difíceis também só que em questões de trabalho. Por isso, propus essa viagem com o intuito de aliviar essa pressão e quem sabe, achar um bom emprego por aqui.

Era consideravelmente longe da nossa cidade, o que era mais que ótimo pra' mim. Além de também ser uma cidade consideravelmente grande, eu gosto muito daqui, juro.

É um recomeço para todos nós e eu amo isso.

Diante disso, fica notório o quão boa deve ser essa viagem, visto que estamos longe de todos esses problemas.

— Então, vamos lá? – perguntei assim que viu Felix na frente dos outros dois.

— Vamos!

                                  (...)

Chegamos na praia perto das duas da tarde, estava consideravelmente cheia, então tinha poucos lugares para se sentar.

Acabamos por sentar perto de um espaço que tinha uma rede de vôlei e algumas pessoas jogavam ali.

— Gente, acho que eu vou nadar um pouco – Jeongin disse enquanto se levantava. — Alguém vem?

— Eu vou! Preciso disso mais do que de água mineral potável delicinha pra viver – Felix se levantou, enquanto tirava a sua blusa.

— Você passou bastante protetor, Lix? Principalmente no rosto?

— Sim, não se preocupa, Jico – respondeu, já se afastando com Jeongin.

Acabei por tirar a minha blusa e me senta na areia — mas na sombra por que o sol tava' quase me fritando —, na frente de Seungmin que olhava para os lados, parecendo procurar alguém.

— O que houve, Seung? Tá tudo bem?

— É que... – ele continuou olhando antes de suspirar e olhar para mim. — Você lembra do Chan? Eu geralmente chamava ele de Chris.

Pensei um pouco, logo assenti.

— O carinha que você já teve um rolo uns tempos atrás?

— Isso. Esse mesmo – ele riu, suas bochechas ganhando um tom rosado. — Ele tá aqui na cidade e tá vindo pra' praia.

— Puta que pariu!

— Puta que pariu.

— Seungmin, você vai beijar na boca! – gritei, animado. Atraindo alguns olhares para gente.

— Cala a boca, Jisung! Eu não sei se eu vou beijar, ok? Nem sei se ele vai querer me ver.

— Oxi, por que ele não vai querer? – questionei olhando para o mais novo que deu de ombros, meio inseguro. — Um homem gostoso que nem você e ele não vai querer? Ele é o que? Burro? Pois, se ele não quiser eu quero!

Seungmin riu alto, parecendo mais animado depois da minha brincadeira.

Eu gostava de fazer isso, sabe? Animar e cuidar das pessoas, deixar elas com um sorriso no rosto.

— O que eu faria sem você?

Eu ri, antes de responder:

— Seria muito triste, aposto. Ninguém é tão bom em animar as pessoas como o pai aqui!

Ele revirou os olhos mas tinha um sorriso divertido no rosto.

— Agora lembrei que as vezes você fala que nem hetero – brincou, se encostando na cadeira.

— Oh, nojeira! Pode ir me tirando! – fiz um sinal da cruz, em direção à Seungmin. — Deus me livre ser hetero, credo! Já pensou?

Nós dois caímos na risada juntos, atraindo — de novo — olhares para a gente. Mas não ligamos, por que a gente sempre foi assim. Apesar de não gostar que toda a atenção se vire justamente para mim, eu gostava quando isso acontecesse enquanto estivesse com meus amigos.

Eu gostava mesmo.

— Obrigado, Ji. Por tudo – ele sorriu e eu retribui o sorriso.

— Eu vou estar sempre aqui – disse, me levantando. — E eu espero que eu encontre alguém pra' beijar na boca e não ficar de vela pra vocês três!

— Ué, nós três?

— Vai falar que você não viu o Felix e o Jeongin secando aqueles dois que estavam jogando vôlei? Os caras devem ta' desidratado de tanto que eles olharam, juro.

Seungmin gargalhou alto, antes de assentir.

— É bem a cara deles mesmo – disse, se ajeitando na cadeira. — Mas relaxa que o universo vai te dar mais que só uma boca pra' beijar, já passou da hora de você desencalhar!

Olhei indignado para ele.

— É o que?

— É isso mesmo que você ouviu! Já deve ter teia de aranha aí no seu butico – brincou, rindo da minha cara.

— Ah, seu-

De repente, senti a minha cara arder e doer como o inferno. Foi tão rápido que eu nem percebi como aconteceu, só tive tempo de cair no chão com a minha cara doendo pra' cacete.

— Puta que pariu! Me desculpa, moço! Eu juro que não queria acertar a sua cara!