Prólogo - Doença de Sangue

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Nossa história se inicia em um tempo passado. Há trezentos anos, uma família imigrante firmada no Japão perdia sua penúltima descendente, por uma doença sanguínea desconhecida. O irônico era que essa família estrangeira era conhecida pelos japoneses como "As mãos de cura que vieram de longe", poderosa e habilidosa em combater doenças complexas, letais. Mas dessa vez, nem mesmo as mãos de cura foram capazes de salvar a vida.

O orvalho deixado pela chuva da madrugada saudou a pequena mulher assim que as janelas da casa foram abertas. Adara olhava para a paisagem arborizada de seu lar, localizado próximo de grandes montanhas, cercado por uma floresta tranquila. O lugar perfeito para botânicos viverem: envoltos pelo que tanto estudavam.

Iniciou sua rotina suspirando o ar fresco e limpo. O bule foi prontamente enchido com água e colocado no fogão a lenha, a casa varrida, as janelas abertas e a mesa do café preparada com minúcia, ainda que fosse utilizada apenas nos dias bons. Adara rezava a cada noite para que o dia seguinte fosse bom, não importava que os prognósticos indicassem ao contrário, seu otimismo era tão grande quanto sua força de vontade em encontrar a solução de seu maior problema: a doença de sua preciosa mãe, Idzo.

Finalizando seu passo a passo rotineiro, Adara visualizou a arrumação inédita que havia feito na mesa do café, sua mãe claramente iria adorar as margaridas recém-colhidas colocadas em um jarro no meio da mesa, eram as suas flores preferidas. O jarro também, era alto, de cerâmica branca e detalhes redondos em verde folha. Com um sorriso vitorioso nos lábios cheios e rosados, marchou em direção ao último quarto enquanto amarrava os rebeldes cabelos negros encaracolados em um coque mal feito. Estreitou os olhos assim que abriu o quarto, ajustando a visão para o escuro, uma vez que a janela mantinha-se fechada.

Um péssimo sinal para seu otimismo, em dias bons Idzo costumava ser capaz de levantar e abrir a janela.

-Bom dia mamãe! - cumprimentou em sua usual doçura, indo abrir a janela.

-Bom dia, meu lírio azul - Idzo sorriu fraco de sua cama, acompanhando a sombra de sua filha escancarando a janela.

Assim que a luz da manhã iluminou o quarto, Adara se voltou para a mãe com um sorriso gentil, que quase vacilou ao vê-la ainda mais pálida. A pele despejava suor de seus poros e as olheiras manchavam os grandes e redondos olhos verdes de Idzo, os quais tinham cópias idênticas no rosto de sua filha.

-Como se sente? - Adara perguntou, odiando-se pela voz sair entrecortada.

-Melhor que ontem - Idzo comentou, abrindo um sorriso trêmulo que tentava ser convincente.

-Mãe - repreendeu suave - Sabe que não pode mentir para mim, sou eu que cuido do seu tratamento.

-É claro que sei, Adara - revirou os olhos doloridos pela febre - Embora odeia ser a paciente.

-Não desconverse - se ajoelhou ao lado da cama.

-Ora, não estou fazendo isso - ralhou, cruzando os braços.

- Sei - deu-lhe um olhar desconfiado.

-Estou falando sério, de madrugada não conseguia dormir e acendi um lampião para terminar meu desenho - argumentou, apontando para o dito objeto e o caderno, ainda aberto na folha em que pintava.

-Hum... Vamos ver sua obra de arte então - interessada, Adara se esticou para pegar o caderno.

Na folha levemente amassada, estava a cópia de uma flor muito conhecida por Adara e Idzo. As pétalas delgadas e numerosas que pareciam patas de aranha e a notável cor azul eram inconfundíveis para os Claverr: se tratava do lendário Lírio Aranha Azul.

-Oh... Isso está lindo, mãe! - balbuciou Adara, contornando uma pétala com o indicador - Igualzinho o do diário da vovó.

-Gostaria de tê-lo encontrado nessa vida, salvaria tantas pessoas - lamentou Idzo, olhando melancólica para o desenho - Talvez tivesse curado os ferimentos de seu pai, curado as crianças doentes que bateram em nossa porta... Tivesse...

A matriarca Claverr não terminou sua frase, um acesso de calafrios a calou. Preocupada, Adara largou o caderno nas pernas de sua mãe e levou as mãos em seu rosto.

-Oh... Você está ardendo! - rapidamente, a jovem mulher se levantou, embolando o vestido leve entre as pernas.

Correu pegar compressas e água limpa. Voltou para o quarto em tempo recorde, ajoelhando-se, torcendo a compressa e colocando na testa de Idzo, que tinha voltado a encostar a cabeça no travesseiro, o cenho franzido com desconforto. Colocou o tecido na testa ardente, o coração doendo ao ver a própria mãe sofrendo por uma doença desconhecida.

Quando Idzo começou a adoecer, Adara passou noites em claro procurando nas anotações de sua família e em outros livros alguma informação sobre a tal doença, mas pouco encontrou. Nada se encaixava com os sintomas, as terríveis dores na articulação, a fadiga, as tonturas e as febres intermináveis. O que Adara conseguiu relacionar foi que a doença de sua mãe se tratava de uma enfermidade no sangue. Apenas isso.

Contudo, foi o bastante para que a jovem se debruçasse sobre o laboratório da família, estudando tratamentos, criando novos e mergulhando de cara na pura genética botânica.

Assim como Idzo, a sua vó e a tataravó, Adara tentou recriar o Lírio Aranha Azul, embora existissem poucas informações sobre o mesmo. A lenda extraordinária de que a flor foi capaz de curar a doença incurável de um jovem rapaz foi capaz de enfeitiçar uma linhagem inteira de botânicas, a promessa de alta capacidade curandeira nublando a informação de que houve consequências. Consequências sombrias, afinal, dizem os contadores de histórias que o jovem de fato havia se curado, mas tornou-se um monstro com sede de sangue humano.

Mas as tentativas foram infrutíferas. Nenhuma muda vingou. Da mesma forma que o tratamento alternativo de sua mãe não estava funcionando.

Segurando as lágrimas, Adara acariciou o rosto de sua mãe. Mesmo adoecida e a idade começando a fazer seu trabalho, Idzo era linda. Cabelos castanhos cacheados, rosto redondo, maçãs do rosto acentuadas, nariz reto, belos lábios carnudos e inconfundíveis olhos verdes cintilantes. Adara havia puxado muitos detalhes de sua mãe, eram quase idênticas, a diferença era que a jovem tinha a cor dos cabelos pretos, o rosto era um pouco mais fino e a estatura mais baixa - uma característica desapontante para Adara, já que sua família inteira era alta.

-E-eu prometo, mãe, que vou recriar o Lírio Aranha Azul - Adara assegurou em voz baixa, convicta - E vou erradicar a possibilidade de perecer perante a qualquer doença. Eu... Eu juro!

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Sejam todos bem-vindos a Lírio Azul!

AVISOS IMPORTANTES:

1- É a primeira fanfic que eu faço no universo de animes, então peço desculpas se eu cometer algum erro grotesco, não ter costume com palavras e expressões em japonês (não sou muito ligada nesse mundo) e etc.

2- ESSA HISTÓRIA SEGUE O ANIME!! Infelizmente ainda não tive oportunidade de ler o mangá, então por favor, não me dêem spoiler, sou uma pobre fanfiqueira que se apaixonou pelo anime de Demon Slayer e nunca pegou num mangá na vida, sorry :/

3 - Essa história acontece em dois momentos: antes do Tanjiro, ou seja, 300 anos antes dele e mais ou menos 200 anos depois que Kokushibo se transformou em Oni. E depois do Tanjiro, seguindo cronologia do anime.

4 - Espero que curtam bastante tanto quanto eu tô curtindo escrever isso aqui. Nunca imaginei que sofreria por personagens em 2D e tô eu aqui ainda sofrendo pelo Rengoku, cadelando pelo Kokushibo e surtando pq não sei se amo ou odeio o Akaza. Enfim... As ideia é dura!

5 - Se você é novo aqui, muito prazer, sou Sperarys e convido você a dar uma olhadinha no meu perfil, tenho história de outros universos!

Boa leitura meus amores! Comentem e votem para mim saber o que estão achando, ajuda demais!
Bjs 😘

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