Adara vem de uma família simples de antigos botânicos imigrantes que vieram de uma terra perdida pelo tempo, os Claverr. No Japão encontraram ferramentas para aprimorar seus conhecimentos e aplicá-los na arte da cura. Com seus conhecimentos em genét...
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NOTAS DA AUTORA: Indicação de música para ouvir durante o capítulo - considero muito essa música como a de Adara e Kokushibo: The Summoning - Sleep Token (está na mídia do capítulo)
Repousou um ramalhete de lírios brancos na terra recém mexida, abrigando o corpo de seu pequenino amigo. Lágrimas grossas manchavam o rosto pálido e os ombros custavam a se manterem firmes conforme evitava que os soluços saíssem da boca.
Adara improvisou o funeral de Yuki com tudo o que o garotinho merecia. Após se alimentar e recuperar as forças, saiu ao lado de Kokushibo e Tyuru em busca do maior pé de ameixeira que encontrassem pelos arredores. Foi o Superior 1 quem encontrou a árvore a alguns quilômetros da mansão em que moravam, a julgar o tamanho e o tanto de frutos que gerava, se tratava de uma árvore antiga, rica e próspera naquela terra.
Tyuru, apesar de não ter um pingo de solidariedade por seres humanos, se prontificou a cavar a cova do menino embaixo da ameixeira, apenas por se comover com o sofrimento de sua gentil senhorita. Para o Oni, Adara era quase algo intocável, fazê-la sofrer era um ultraje - mesmo sabendo que foi ideia do Mestre e Kokushibo quem assassinou Yuki.
Ajoelhada ao lado do túmulo recém coberto, Adara pegou a tigela recheada de frutas das mãos de Tyuru e colocou ao lado das flores, em uma oferenda singela.
-Espero que possa me perdoar, não fui capaz de te proteger - ela sussurrou, a voz saindo rouca e falha- Descanse agora, meu pequeno. Reuna-se com seus ancestrais e desfrute de intermináveis banquetes repletos das ameixas que tanto gosta.
Kokushibo observava a Oni um pouco afastado da ameixeira, toda aquela comoção diante da perda de uma criança causou um misto de sensações odiosas dentro de si, os malditos sentimentos. Principalmente por ele ter sido o responsável pela morte do garoto. Não sabia identificar de fato qual sentimento era o que amargava sua boca e pesava seu peito, mas sentia-se irritado por estar sentindo tanto.
Ora... Sentimentos não passavam de uma forma de fraqueza, tornavam o indivíduo fraco, burro e precipitado. Características que o Superior 1 passava longe, tudo o que ele era, o que se tornou, o que ganhou de Mestre Muzan, foi obtido suprimindo qualquer tipo de sentimento.
O Oni trincou os dentes, segurando com força o cabo de sua lâmina, desejando que o frio do metal clareasse sua cabeça cheia daquelas baboseiras provocadas pelos sentimentos, em especial quando Adara se levantou depois de finalizar as oferendas à alma de Yuki, o olhar esmeralda entristecido dela recaindo sobre Kokushibo.
O mais irônico de tudo, era que aquele palpitar quente que surgiu no coração morto do ex-Hashira era causado por uma mulher que sentia demais.
-O amanhecer se aproxima, devemos ir - Adara disse assim que parou diante de Kokushibo.
Seu rosto estava corado pelo choro, os olhos ainda mais brilhantes e os lábios inchados de tanto mordê-los de nervoso. Os cabelos estavam afastados em um grande coque, deixando os detalhes delicados ainda mais evidentes.
