VI - O falar, mas não conhecer.

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Caçada de
Inverno

Capítulo 6 — O falar, mas não conhecer.

No norte, o problema na fronteira demorou pouco mais de uma semana para ser resolvido. Agora, um dia antes de partirem rumo ao Sul, Wonwoo usou de seu tempo livre para cumprir a promessa que fizera a seu pai quando chegou.

O caminho conhecido foi feito apenas por um par de pés, sozinhos, mas não solitários, afinal, a companhia de seus pensamentos era suficiente. O moreno aproveitava aquele momento de calmaria para apreciar a vista em volta e a beleza de sua alcatéia. Alguns com quem encontrava no caminho o cumprimentavam e o alfa sorria minimamente e acenava com a cabeça, mas sempre em silêncio e todos respeitavam esse momento.

Ninguém queria perturbar a tranquilidade de seu alfa.

As árvores escuras e de folhas tão familiares a si não pareciam mais tão bonitas desde que pôs os pés no Sul, onde teve o privilégio de apreciar uma nova vista que se tornou bem mais atrativa aos seus olhos. Ainda assim, nada superaria o amor por seu lar.

O lar de sua infância, não o lar onde os líderes presidiam, como ele o fazia desde que se tornou o regente oficial. Seu pai sempre fora um bom líder, mas se cansou muito rápido e, por isso, na primeira oportunidade passou seu cargo ao filho e mudou-se com sua esposa para aproveitarem a calmaria do resto de seus dias, aproveitarem sua união e tudo que ela ainda lhes proporcionaria até o fim de suas vidas.

Toda vez que Sejin citava "o fim de seus dias", já sabendo o que aconteceria em seguida, recebia uma bronca de seu único filho que dizia que o alfa mais velho e sua mãe viveriam para sempre e nada mudaria aquilo. Aos olhos de seus pais, aquela reação era fofa e engraçada, principalmente vindo de alguém com fama de "insensível", mas as pessoas não o conheciam.

A matriarca dos Jeon não demorou a sair de casa para recebê-lo, antes mesmo que pudesse bater na porta.

Mas Wonwoo apenas sorriu e abriu os braços, acolhendo a alfa mais velha neles e se permitindo ser ninado, enfim a tensão em seus ombros se desfazendo ao sentir o cheiro de lar em forma de jasmins, quase como se voltasse a ser criança. Sem responsabilidades, sem compromissos e sem medos além do escuro e o urso da montanha.

A voz doce de sua mãe foi o que o despertou, ainda abraçados.

— Você parece cada vez maior conforme te vejo, mas, mesmo assim, parece querer se esconder no meu abraço. — comentou baixinho, ao passo que Wonwoo se encolhia mais contra si e afundava o rosto em seu pescoço, buscando conforto como um filhote perdido que passou tempo demais longe da mãe.

E, por incrível que pareça, era mesmo aquela situação.

— Estava com saudades, omma. — foi o que respondeu, de olhos fechados.

— Porque não veio me ver antes? Sei que partirá logo amanhã cedo.

— Prometi ao papai que viria, mas precisava resolver tudo antes para vê-la em paz. — suspirou, sentindo seu interior, antes agitado, acalmando-se.

— Mas você não está em paz.

— Meu conforto e base de estabilidade é aqui, minha paz está aqui. — com isso, separaram o abraço e Wonwoo observou sua mãe com um sorriso, sentindo ela fazer um carinho em seu rosto e observá-lo com olhos expondo toda a sua preocupação — Eu estou bem, agora. — segurou as mãos menores com carinho e depositou um selar no dorso da destra.

— Bem, vamos entrar. Achei que não viria aqui antes de partir outra vez, então não preparei muita coisa.

— Não se preocupe, deve ser o suficiente.

Caçada de InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora