DOIS: Bastardos

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Memórias dolorosas, como sombras inescapáveis, persistem mesmo nos momentos mais radiantes da existência de alguém

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Memórias dolorosas, como sombras inescapáveis, persistem mesmo nos momentos mais radiantes da existência de alguém. Elas se entranham profundamente na pele, espalhando-se como um veneno corrosivo, deixando uma marca indelével. Uma parcela do eu permanece cativa nessa lembrança sombria, enquanto outra parte parece desaparecer, como se tivesse morrido naquele dia.

Tudo ocorreu de forma vertiginosa, uma sucessão de perdas: primeiro Harwin, depois Laenor, e então a crua realidade desabou sobre seus ombros, revelando a sua natureza cruel.

Aegar foi abruptamente arrebatado pela dura realidade quando compreendeu que, se não tomasse alguma ação sob a coroa, ele se tornaria um alvo fácil, à mercê daqueles que o esmagariam sem piedade. Os eventos recentes o forçaram a enfrentar a inescapável necessidade de agir para proteger a si mesmo e aos que lhe eram preciosos.

Rhaenyra vivenciava uma amarga luta contra a dura realidade que muitos questionavam: sua legitimidade no trono. Com quatro filhos tidos como bastardos e um herdeiro fragilizado que mal conseguia se manter em pé, a frágil linha de esperança que ela sustentava parecia à beira de se partir.

O rei encontrava-se enfermo e os partidários dos Verdes mantinham um domínio cada vez mais firme. A Casa Hightower, que negligenciava seu verdadeiro monarca confinado em seus aposentos, governava em seu nome, ocupando o Trono de Ferro.

Aegar estava decidido a não permitir que essa situação se desenrolasse sem uma resistência por parte de Rhaenyra. Ele compreendia que ela precisava se afirmar como a legítima herdeira do trono, mesmo que isso implicasse em medidas drásticas.

E isso ele faria com prazer.

Aegar teve seu primeiro vislumbre da Torre Vermelha após um longo período de seis anos. Quando desembarcou da carruagem, apoiado por seus criados, seus pés tocaram o solo do castelo. No entanto, em seu semblante, não havia nada além de desgosto.

Tudo ali parecia estar mergulhado em um profundo estado de desolação. O castelo parecia desprovido de vida, como se ninguém o tivesse cuidado recentemente. O número de pessoas presentes era escasso, e entre os poucos que lá estavam, ninguém expressou o menor sinal de boas-vindas à família de Rhaenyra.

À medida que a família avançava em direção às portas do castelo, as poucas pessoas que cruzavam seu caminho pareciam fazer questão de evitar o contato visual e manter uma distância respeitosa. Não havia calor nas saudações, apenas uma indiferença gélida que pairava no ar.

Aegar, apoiado em suas muletas, esforçava-se para acompanhar o breve trajeto. O som arrastado de seus sapatos no chão desgastado, acompanhado de perto pelos passos de seus guardas, era suficiente para causar-lhe uma sensação de vertigem e uma crescente irritação.

━━  Como esse lugar ficou tão sem graça? ━━ , resmungou Aegar.

Seus irmãos se detiveram ao seu lado, compartilhando o mesmo sentimento de desalento enquanto encaravam os muros do castelo.

The End - House Of The DragonOnde histórias criam vida. Descubra agora