QUATRO: O que eu vou me tornar

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No quarto de Aegar, havia uma janela grande

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No quarto de Aegar, havia uma janela grande. Dela, dava para ver a lua, cheia e brilhante, a espectadora e, talvez, uma Deusa. Aegar ouvira histórias de viajantes e servos que vieram de muito longe. Diziam que a Lua era uma deusa guardiã das almas, conforto do luto e presságio do recomeço. Do céu infinito e da noite melancólica, ela guardava as almas do que já se foram. As trazia depois do pôr do sol para cuidar de seus protegidos à noite, olhando para eles e ouvindo suas orações. Chamavam-se estrelas.

Aegar se perguntou, uma vez, na noite que escutara essa história pela primeira vez, se Harwin ainda estava no céu. Olhando para ele e seus irmãos, protegendo-os do mal que cercava, ouvindo seus lamentos e sorrindo de orgulho quando os via crescer e serem tão parecidos com ele. Então, percebeu que talvez ele mesmo não fosse motivo de orgulho, porque ouvira desde cedo que era um erro.

Quando a noite chegava, era difícil para Aegar. Silenciosa, dava tempo de pensar, de se lembrar. Numa noite como essa, de uma lua brilhante, Harwin segurou seu rosto com as duas mãos e disse que voltaria.

Ele nunca voltou.

Dias depois de sua partida de volta para Harrenhal, durante a noite obscura em que prometera que voltaria, os aposentos dele e de seu pai pegaram fogo. Mesmo com os esforços de seus criados, ambos morreram carbonizados.

Não voltaria nunca mais.

Sua cortina estava fechada hoje; apenas as luzes do fogo dourado das velas iluminavam seus aposentos.

Sentado na cama, as costas contra a cabeceira, completamente só, ele não conseguia desviar o olhar de sua adaga jogada na mesa ao lado da cama. Freyr a tinha devolvido quando embarcaram para Dragonstone. Não tinha o sangue de Aemond nela, mas sim o orgulho dele. Aegar pensou como ele estaria agora, nessa noite, no que estaria pensando, se estaria planejando a morte de Aegar.

Rhaenyra não tinha trocado nenhuma palavra com ele ainda, mas ele estava esperando que ela fosse ao seu encontro em breve; sua mãe não é do tipo que deixa as coisas para lá. Mas seria uma mentira se Aegar dissesse a ela que estava arrependido, mesmo que tivesse jogado a adaga em Aemond para assustá-lo e não verdadeiramente para matá-lo. Ver Aemond surpreso e com o corte em seu rosto causou uma satisfação em Aegar como há tempos não tinha.

A vela estava tremeluzente agora. Aegar se curvou para frente para apagá-la, mas hesitou quando a porta de seus aposentos abriu, e Rhaenyra se materializou na entrada.

Já era tarde da noite, então ela já usava seu roupão de dormir por baixo de um casaco longo vermelho com traços bordados de ouro, de um tecido pesado que mal se mexia. Seus cabelos platinados estavam soltos, caindo pelos ombros em ondas. Não parecia estar brava, só cansada.

The End - House Of The DragonOnde histórias criam vida. Descubra agora