23. COMPLEXIDADES

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Pov: Shirley
Chamei todas para o meu escritório, era uma emergência, muita coisa ruim vai acontecer e eu preciso fazer um plano para evitar q mais coisas ruins possam vir acontecer, tô muito preocupada, principalmente com a Gnomia, vi q anunciaram a cabeça dela a prêmio, isso é terrível e me dá medo, calafrios.

Dps de alguns minutos todas elas estavam no meu escritório, Zé bonitinho finalmente resolveu dar as caras, Camilinha tentou não demonstrar, mas eu vi q ela ficou chateada com a ausência do Zé bonitinho, ela estava séria, misteriosa, mas tínhamos coisas mais importantes para se preocupar.

- garotas, acho q vcs já sabem oq aconteceu, o Boi lambeu foi executado essa madrugada, e isso afeta diretamente nós, o morro, muitas pessoas vão achar q foram nós q matamos ele, já acham, na verdade, isso vai desencadear muitas mortes.
- a polícia de todas as cidades vizinhas estão atrás do assassino, alguns agentes da PF acham q pode ser um assassino em série. Janaína tinha um ponto, de uns tempos pra cá vêm acontecendo diversos assassinatos misteriosos, acontecendo do nada, sem motivo aparente, não sou um exemplo pra falar sobre assassinatos

ficamos horas discutindo, não tinha muito oq fazer, só poderíamos nós proteger e esperar eles atacarem primeiro, odeio ter q esperar, ter q ficar parada sem poder fazer nada, me sinto fraca. Estranhei q Zé bonitinho tinha ficado quieta a reunião toda, geralmente ela é a q mais expõe sua opinião sobre os políticos corruptos
- todas vcs podem ir embora, menos vc, Zé bonitinho

Todas as meninas se retiraram do escritório, Zé bonitinho estava estressada hj, dava pra ver na cara dela
- vc sabe de alguma coisa
- pq de todas as vc desconfia logo de mim?
Ela cruzou os braços sobre seu peito
- pq vc é a q mais conhece gente, vc tem muitas pessoas, muitas informações q nós de dentro não temos
- só por isso vc desconfia de mim?
- não é só por isso, vc tá estranha, muito estranha
- olha Shirley, não tenho tempo pra ficar de bobeira com vc aq, sinceramente
- bobeira? A gente tá resolvendo um assunto sério

Ela se virou e foi em direção a porta
- vc não vai embora
Ordenei a ela, ela soltou uma risada irônica
- sério? - ela se virou pra mim- vc vai fazer oq se eu for? Vai me matar?- ela veio andando em minha direção- eu faço oq eu quiser quando eu bem entender- ela segurava o colarinho da minha roupa me tirando do chão - entendeu?

Ela me soltou e foi embora, certeza q Zé bonitinho sabe de alguma coisa e tá me escondendo, e sinceramente, foda-se, q ela tome no cu dela, quero q ela se foda, não ligo.

Eu não queria mais pensar nisso, nessa merda toda, saí pra ir na sorveteria, não queria beber hj, e sorvete é bom, talvez me distraía

Pov: Zé bonitinho
Puta merda, não deveria ter feito aquilo com a Shirley, mas é só assim pra ela ter parado de me pressionar, senão ela iria me pressionar até eu falar.

Eu tava morrendo de fome, ia passar no mercado pra comprar alguma coisa pra comer. Cheguei lá, o dono do mercado tava brigando com um garoto, assim q ele me viu, ele me chamou
- Zé bonitinho, esse mlk aq me roubou e não admitiu
Eu olhei direito pro garoto e reconheci ele, Carlãozinho, de novo ele tava roubando, porra, a situação tá difícil
- solta ele
O dono do mercado me olhou confuso mas fez oq eu pedi
- Carlos, vc roubou?
Ele olhou nos meus olhos, ele tinha me reconhecido tbm
- sim...
Ele tirou da bolsa q ele tava carregando um pão e um suco, porra, isso foi de partir o coração, o mlk tava passando fome mesmo, eu precisava fazer alguma coisa. Tirei minha carteira do bolso e paguei o pão e o suco pro garoto

- obrigada tia
Ele me deu o sorriso mais doce, sincero e inocente q eu já vi. Ele ia embora mas chamei ele antes
- garoto
Ele se virou pra mim comendo o pão já
- vc mora aonde?
Ele tentou falar alguma coisa mas eu não entendi nada devido a comida q estava na boca dele
- calma, garoto kakakakakak, pode comer com calma
Ele comeu e me apontou o local
- pode me levar lá?

Ele concordou com a cabeça e foi me levando pela comunidade até a casa dele, pela direita q ele tava indo, deu pra perceber q ele mora na parte mais perigosa da favela, fiquei mal por ele

- é aq
Ele apontou pra um barraco q estava em péssimas condições, ele pegou na minha mão e me puxou pra porta da casa
- meu irmão nunca tá em casa, então eu fico aq, sozinho
Ele ficou com uma silhueta triste, eu abaixei e fiquei tá altura dele pra conversar com ele
- o seu irmão trabalha de q?
- traficante
Eu não sou um exemplo nato pra dar, mas ter uma criança e ser traficante é de fuder, puta merda

- Carlos, pega
Eu dei cinquenta reais pra ele, abracei ele e ele me abraçou de volta, ele me abraçava forte, como se não quisesse me soltar
- eu volto amanhã tá? Eu preciso resolver umas coisas, mas eu volto
- tá bom
Ele me deu um sorriso, aquele mesmo sorriso q ilumina o dia de qualquer um
- tchau, Carlãozinho
Eu me levantei e fui embora, eu realmente tinha muitas coisas pra resolver

Pov: Shirley
Fui na sorveteria, tava de cabeça quente, puta merda, Zé bonitinho as vezes me tira a paciência, acha q a gente vive em um livro pra ela ficar nessas putaria comigo, caralho, me segurei muito pra não dar um soco na cara daquela garota.

Cheguei lá e peguei o maior pote de sorvete pra afogar as mágoas, falei os sabores pra atendente e virei pra trás pra observar o ambiente, tinha um casal de boiolagem, uma família, um mãe e seus dois filhos, amigos passeando, e uma menina lendo.

Eu olhei direito pra essa menina, tava lendo o mesmo livro q eu peguei na biblioteca aquele dia, ela levantou a cabeça pra olhar pela janela do estabelecimento, era a Amarelinha, ela desviou o olhar da janela e acabou olhando pra mim, porra, ela tava de óculos, realçou o olhar dela, ficou linda...

Ela me chamou pra mesa, eu peguei meu sorvete com a mulher e sentei na mesa com ela
- tá afogando as mágoas é? Kakaakakakka
Eu acabei corando de vergonha
- é, tá difícil a vida
Ela fechou o livro pra prestar atenção em mim, eu vou surtar
- vc tá vindo do trabalho agr?
- tô sim, acabei de sair do escritório, e vc?
- a faculdade tá em reforma, dois dias sem aula

Isso é bom, vou pedir pra passar o dia com ela amanhã
- passa o dia comigo amanhã então?
- vou pensar no seu caso
- ahhh, por favor
Fiz uma cara de cachorro pidão
- tá bom, pode passar, me busca na frente da minha casa então
Eu olhei confusa pra ela
- eu nem sei onde vc mora
- mas vai saber agr pq vc vai me deixar lá

Ela pegou no meu braço e me puxou pra fora da sorveteria, antes de sair deixei o dinheiro em cima da mesa. A gente foi andando devagar conversando e aproveitando o momento

- é aq
Ela apontou pra casa enorme q tinha na rua, q casa hein, eu tenho q tenho dinheiro pra porra não tô morando numa mansão dessas, tá porra hein
- casa bonita a sua hein, então até amanhã?
- sim, até a manhã, me busca umas 8:20
- blz
Eu ia indo embora quando ela me gritou
- o Shirley
Eu me virei pra ela novamente
- quando é q vc vai tomar a atitude de me beijar? Ou será q eu vou ter q tomar a atitude?
Ela me perguntou cruzando os braços com uma expressão no rosto indignada
- não sei??
Fiquei nervosa não sabia oq falar puta merda, fiz merda, certeza

Ela se aproximou de mim com um sorriso no rosto, ela tava tentando segurar uma gargalhada, dava pra vê
- não sabe?
Eu balancei a cabeça negativamente, ela revirou os olhos colocando a mão na minha nuca e aproximando os nossos rostos, acho q a minha pressão vai cair.
Quando os nossos lábios se encostaram, eu senti uma explosão de sentimentos dentro de mim, tô parecendo uma criança besta. Foi um beijo apaixonado, diferente de todos q eu já tive na minha vida

Eu acho q eu estava me confortando até demais no beijo, no meio dele Amarelinha se afastou.
- calma, amanhã vc me beija mais
- ei, volta aq
Ela já tinha aberto a porta da casa dela
- não, até amanhã
Ela foi saltitando até dentro de casa dps q fechou o portão. Ela me deu um beijo com o gostinho de "quero mais", q beijo bom, pena q ela parou na melhor parte

Continua...

SHIRLEY, A DONA DO MORROOnde histórias criam vida. Descubra agora