Nota final

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Quando eu pensei em escrever este livro, decidi não contar para às pessoas.

Diferente de todos os meus outros livros que vez ou outra pedia ajuda às minhas amigas para que pudessem revisar e dar uma opinião sincera sobre os meus projectos, com Orgasmo foi diferente. Eu não precisava de uma opinião. Esse é um daqueles livros que ultrapassa a compreensão humana. Daqueles que você lê e fica em silêncio durante dias, porque é verdadeiro demais para ser dito em voz alta.

Eu tentei buscar nas minhas fragmentadas lembranças algumas barbaridades que havia presenciado, sem invadir a minha vida pessoal ao extremo. Para que quando um dia eu decidisse relê-lo, não fosse tão doloroso como foi na primeira vez.

Foram parágrafos difíceis de escrever. Foram capítulos difíceis de ler.

Eu costumo dizer que meus dedos têm vida própria, não meço o que eles escrevem. Por vezes me recuso a ler meus próprios livros, porque são pesados demais até para quem escreve. Orgasmo, assim como O silêncio de Chiara, é um livro que será deixado de lado, esquecido.

Talvez daqui há alguns anos quando tiver finalmente deixado a adolescência para trás e tudo se transformado em fumaça, eu volte para aqui. Para Serenity.

Não é um daqueles livros que fiquei feliz em terminá-lo. Apenas foi necessário. Pensei que fosse ficar feliz por pelo menos ter encontrado palavras para o que considerado contraditório e indescritível. Mas não, é apenas o lado sombrio da vida. E não existem palavras, emoções ou sentimentos capazes de descrever como às pessoas são cruéis.

Humanos e sanidade não dividem o mesmo espaço.

A única certeza é que estamos fodidos, e parece que gostamos disso. Parece que o mundo está caindo aos bocados e estamos assistindo nossa própria autodestruição numa sala de cinema, em 4DX.

Espero que ao mergulhar na dor de Serenity, tenha sugado alguma coisa positiva. Ou não, porque este livro não foi feito com o intuito de ensinar alguma coisa, apenas mostrar o lado negro da vida. Espero que quando pensar que não existe mais saída, lembre-se apenas deste momento derradeiro de Serenity:

Eu não posso deixar isso me matar. Eu não posso desistir. Eu quero viver. Estou machucada agora, mas ainda assim, quero viver. Eu preciso crescer. Nós sobrevivemos. Estamos aqui. Abaladas e confusas, mas aqui.




















Este livro é para você que mesmo com todos os motivos para desistir, está aqui.

Eu juro que você não está sozinho.
Não esqueça de respirar.

— Com vinagre, Anna.

OrgasmoOnde histórias criam vida. Descubra agora