Quando meus olhos se adaptaram à intensa claridade, eu vi tudo. O homem de jaleco branco, as duas mulheres de uniforme azul, a lâmpada no teto. O zumbido agudo nos ouvidos cessou e meu primeiro instinto foi gritar.
- Sr.Tomlinson? - ouvi ela dizer.
Ela quem? Qual das duas?
- Sr.Tomlinson?
Tudo parecia distante, abafado, como se eu estivesse submerso em águas profundas. Mas eu estava no hospital e eu tinha um nome.
- Louis, consegue me ouvir?
Meu corpo não reagiu.
- Fique calmo...
Respirei, meus pulmões arderam. Pisquei, meus olhos doeram.
- Respire fundo e se acalme.
De repente tudo ficou claro. Me colocaram sentado, me ofereceram água. À medida que o ar voltava, meus músculos foram relaxando. Eu vi um homem de pé na porta e alguma coisa clareou no meu cérebro.
- O que aconteceu? - minha voz saiu quebrada, seca, quase inaudível.
- Está sentindo alguma dor?
Eu não sentia nada.
- Sou o Dr.Clancy, neurocirurgião. Como está se sentindo?
Eu sentia que alguma coisa estava errada, mas o quê?
- O que aconteceu?
- Um milagre.
Eu precisava lembrar.
- O que aconteceu comigo?
- Você sofreu um acidente.
O zumbido invadiu meus ouvidos tão alto quanto o grito que eu soltei. Eu vi o vidro quebrando em cima de mim, tudo girando sem parar. E sangue. Muito sangue. Mas por que eu não conseguia me lembrar?
- Estamos tentando entender tanto quanto você, na verdade.
- O carro... - ofeguei. - Tinha um carro...
- E ficou praticamente irreconhecível.
O outro homem na sala se aproximou de mim.
- Oi querido, lembra de mim?
Olhei pra ele. O rosto, a voz... Eu conhecia ele. Mas quem era aquele homem?
- Dê um tempo pra ele, Mark.
- Quem é você? - perguntei.
Eu vi pânico em seu rosto, pálido feito papel.
- Você não lembra de mim?
- Mark... - Dr.Clancy o arrastou pelo braço. - Fique cal...
- Sou eu, filho! - ele gritou.
Um nome, um acidente, uma lembrança, um pai. Minha vida.
- O que aconteceu!? - gritei.
Pude sentir minha própria voz rasgar de dentro pra fora. Meu corpo reagiu e o joguei para o lado. Primeiro, as pernas, depois o quadril. Doutor Clancy correu, Mark e as enfermeiras também. E meu corpo cedeu, mole e frágil, para o chão.
- Por favor, não faça nenhum esforço.
Alguma coisa apitou e um líquido salgado invadiu minha boca. Eram lágrimas ou suor?
- Por favor... - implorei.
Meus músculos estavam rígidos. Dr.Clancy coçou o cabelo grisalho.
- Você estava em coma induzido até quinze minutos atrás.
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A Herdeira
FanfictionHarry e Louis se amavam, mas foram drasticamente separados no passado. Anos depois, eles lutam para reencontrar a filha desaparecida.