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Oito anos depois...

De volta à Londres, quase quinze anos depois. Minha casa continuava igual da última vez em que estive nela. Agradeci ao motorista antes de descer do táxi e então fui em direção à entrada, carregando apenas minha mala. Toquei a campainha. A porta foi aberta um minuto depois, e logo avistei minha mãe. Em choque.

E com razão.

Eu tinha dezoito quando sai de casa para estudar na Austrália. Sai de casa com cachos e voltei com barba e cabelo cortado, sem contar alguns quilos que eu havia ganhado na academia.

– Liam?

– Surpresa!

A puxei para um abraço apertado.

– Que surpresa boa – ela sorriu.

Entramos e fomos até a sala.

– A intenção era essa – coloquei a mala no canto. – O Lou está em casa? Estou com saudade daquele pirralho.

Minha mãe suspirou e seu semblante mudou de repente.

– Ah, querido...

– O quê? – tirei o casaco e o joguei no sofá. – Ele ainda está com raiva de mim é? Duvido!

– O Louis não mora mais aqui – ela disse sem hesitar.

– O quê? Ele se mudou?

– Não, ele... fugiu.

Minha primeira reação foi rir.

– É sério, Liam.

– Aham... Como naquela vez que ele dormiu na garagem? – revirei os olhos. – Mãe, eu conheço aquele moleque como a palma da minha mão.

– Eu também achei que eu conhecia, mas ele mudou muito depois que você foi embora.

– Mudou como?

– Ele começou a discutir com Mark. Matava aula, brigava na escola...

Soltei outra risada.

– O Louis? Mãe, ele é o menino mais inocente que eu conheço. Louis não é assim.

Ela foi até a estante e abriu uma caixinha marrom, de onde tirou um papel. E o entregou pra mim.

– O que é isso?

– A carta que ele deixou quando fugiu.

Passei os olhos rapidamente na folha. Era a letra do meu irmão, e um pequeno aviso de que estava fugindo de casa e não voltaria nunca mais. Meu coração apertou.

– Isso não faz nenhum sentido!

– O Mark acredita que ele tenha fugido com o namorado.

– Ele tinha um namorado?

– Sim, mas nunca chegamos a conhecer. Ele namorava escondido. Mas às vezes ele aparecia com machucados pelo corpo, então Mark o proibiu de ver o rapaz. Louis não aceitou isso muito bem.

Minhas mãos estavam trêmulas.

– O que a polícia disse?

Ela se sentou, cabisbaixa.

– Mark não foi até a delegacia.

– Por que não? Ele é maluco? O filho dele foge com um cara violento e ele não avisa a polícia?

– Você sabe como ele é, querido. Ele não pensou que Louis levaria essa fuga a sério. Ele tomou essa decisão por conta própria! O que a polícia poderia fazer?

A HerdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora