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Acordei com o barulho da porta se abrindo bruscamente.

– Me solta! – ouvi o primeiro grito.

Ao me virar, vi o segurança arrastando uma jovem morena até a outra cama, que havia sido colocada ali na noite passada. Agora eu sabia o motivo. Ela foi jogada no colchão e o segurança saiu apressado. A menina correu até a porta e bateu contra o ferro.

– Socorro! Alguém me tira daqui!

– Fica calma – pedi.

Ela se virou assustada. As lágrimas haviam borrado sua maquiagem e sua roupa estava suja de terra.

– Quem é você?

– Meu nome é Louis. E o seu?

– Camila.

– Não adianta fazer escândalo. Eles não vão te deixar sair.

Ela voltou a se sentar na cama, e então percebi um volume arredondado em sua blusa.

– Você está grávida?

Ela assentiu.

– Por que te prenderam aqui?

Suspirei.

Oito anos.

Eu já havia perdido minhas esperanças de sair daquele lugar. E de reencontrar minha família. Nem todas as minhas lembranças haviam voltado, mas agora eu já me lembrava claramente do acidente, e principalmente de Maddie.

– Pra ser sincero, eu não sei.

Peguei a garrafa de água e um copo descartável ao lado da minha cama, me levantei e fui até ela, oferecendo ambos. Camila aceitou.

– Eu só sei que tive uma família. E a perdi.

Ela se encolheu na cama.

– E você? – perguntei.

A menina tocou sua barriga.

– Por causa desse bebê. Ele não é meu.

Franzi o cenho.

– Um casal me contratou para gerar o bebê deles, como barriga de aluguel. Mas eu acabei me apegando. No primeiro mês, tive um sangramento e menti pra eles, falando que eu tinha perdido... – ela limpou o rosto. – Mas três meses depois, eles descobriram tudo. Eu fui sequestrada na saída de uma consulta.

– Provavelmente te colocaram aqui pra fazer o mesmo que fizeram com a minha mãe.

– Como assim?

– Esse lugar é como se fosse um esconderijo – expliquei. – Se um empresário tem uma amante e ela ameaça expôr o caso deles, por exemplo, ele a mantêm escondida aqui para evitar que as pessoas descubram.

– Um jeito mais fácil de silenciar alguém sem cometer algum crime?

– Um crime grave, pelo menos.

Ela passou a mão pela barriga.

– Mas no seu caso, vão te manter presa até o bebê nascer.

– Eles vão tomar ele de mim?

Não respondi. A conclusão era óbvia.

– Você já sabe o que é?

– É um menino – ela sorriu. – Vai se chamar Noah.

– Eu tive uma filha também.

– Sério? Onde ela está?

– Eu não sei. É por isso que me colocaram aqui.

A HerdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora