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     Ela era uma idiota, uma completa idiota sem coração

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     Ela era uma idiota, uma completa idiota sem coração. A forma como os olhos azuis arco-íris a olharam, de inicio a mesma só queria quebrar a cara do juiz supremo pela forma como a viu, pela forma que ela o interpretou de primeira. Entretanto, após mergulhar naquele olhar, percebeu que aqueles orbes não a olhavam com dó ou pena, mas sim, por algum motivo, seja lá qual for, ela sentiu identificação. Dor do mesmo nível, sentiu que ele não a observava, mas sim a via, como ele, como igual.
     Qualquer outro poderia ter focado apenas nessas camadas mais visíveis. Mas o mesmo não estava debochando da mesma, ele estava na verdade, enxergando-a.

     A culpa a perfurou. No que estava pensando quando brigou com o único que havia defendido ela e as melusinas naquela nação desde então? Era para aquele lugar que a raiva e o ódio dela a levavam quando deixava ser dominada? Acusava inocentes?

     O tempo do lado de fora começou a fechar, a mesma foi perdendo a visão do sol, que além das nuvens cinzas que começavam a reinar nos céus, o sol antes radiante, agora começava a sumir ainda mais por conta de seu poente. 
     A chuva caiu, forte e impiedosa. Ela foi até a janela da biblioteca para fechar e proteger os livros de Neuvillette, entretanto, mesmo após o fechamento da janela e o som ficar abafado e acumulado do lado de fora, ela ouviu o barulho forte da chuva cair sobre o prédio.

     A morena caminhou pelos corredores do apartamento, a luz fraca e a falta de luz do sol fez a intensidade das marcas de Perunna diminuírem. A pequena luz de seu rosto foi iluminando o caminho até o quarto de Neuvillette, que, ao chegar lá, encontrou a porta bem fechada.  

— Monsieur Neuvillette? — A castanha-avermelhada perguntou pelo mesmo atrás da porta. 

— Achei que tinha feito o certo em deixa-la sozinha assim como me foi pedido — A chuva continuava a cair, a voz baixa e abafada de Neuvillette quase não conseguiu ser ouvida pelas orelhas pontudas de Lizliwy. Era como se a chuva estivesse dentro do quarto, de tão forte que o barulho se fazia presente no cômodo. 

— A janela está aberta? — Ela perguntou, encostada e agachada na porta. 

— Sim — A voz baixa e distante do juiz se manisfesta como um sussurro. 

— Abra a porta Monsieur Neuvillette — A conselheira de guerra pediu respeitosamente.

     Lá dentro, um dragão hydro deixava suas lágrimas caírem silenciosamente, enquanto um temporal do lado de fora se seguia eternamente. 
     A garrafa de vinho e a taça se encontravam vazias, e ao julgar a feição de Neuvillette, poderia se dizer que o dono da taça, assim como a mesma, também se encontrava vazio.

     ''Abra a porta Monsieur Neuvillette'' a voz da fêmea pediu do outro lado do quarto, coberta por uma porta de carvalho escura. Ele caminhou até a porta, e se escorou sentado de costas.

— Acho que agora sou eu quem não quer te ver Perunna — Ele deixou que sua voz saísse em alto e bom som para a mesma, pelo menos uma última vez.

𝐅𝐋𝐎𝐂𝐎𝐒 e 𝐌𝐀𝐑𝐄𝐒𝐈𝐀,, 𝙈. 𝙉𝙚𝙪𝙫𝙞𝙄𝙄𝙚𝙩𝙩𝙚Onde histórias criam vida. Descubra agora