Capítulo XV

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Quando eu ouvi o barulho do carro só Alessandro chegando de madrugada senti um nó na garganta só de imaginar que ele estava com alguma puta.

Ele se afastou totalmente essas semanas e mesmo sendo o melhor me sinto sufocado e triste.

Queria poder contar pra ele do meu dia, dizer como está sendo maravilhoso trabalhar na editora, mesmo que como auxiliar do editor.

Eu queria poder ver aquela cara enfezada dele quando escuto minhas músicas alta, mas ele não fica mais em casa então apenas tento não pensar nisso.

O problema é que hoje quando ele chegou de madrugada eu senti que devia falar com ele e mesmo sabendo que ia me arrepender eu fui.

Mas nada me preparou para o que eu vi naquele banheiro.

A imagem de Alessandro submerso na banheira, sem reação, sem nenhum sinal de vida me fez sentir medo.

Eu voei até ele e o puxei pra fora com uma força que nem sabia que tinha.

Ele caiu no chão e com muita dificuldade o virei e comecei a fazer boca a boca.

Alessandro não reagia, não cuspia a água e isso me apavorou demais, eu continuei a massagear seu peito e sugar sua boca e nariz mas nada acontecia.

Quando já estava quase maluco ele começou a tossir mas ainda assim não abria os olhos e isso me fez chorar em desespero.

Eu o coloquei de lado e mais água saia, depois fiz novamente a respiração boca a boca até que finalmente ele abriu os olhos e isso valeu mais que qualquer coisa pra mim, daria minha vida por esse olhar.

Com dificuldade eu dei um banho quente nele e conseguimos chegar a cama onde eu o sequei e depois o cobri.

Alessandro tentava falar, mas sua voz saia baixa e era visível a dor então me ajeitei pra deixar ele dormir, só que os planos dele eram outros e com dificuldade mw pediu pra ficar.

Eu até pensei em negar, mas naquele momento liguei o Foda-se e me deitei com ele, sentindo seu corpo junto ao meu, seu coração acelerado e seu calor me fizeram liberar todo o desespero que estava guardado então eu chorei ao ponto de soluçar.

Ele até tentou, mas não era o momento então vencido pelo cansaço eu adormeci.

Quando senti um peso sobre mim e aquele cheiro maravilhoso cheguei a pensar que estava sonhando, mas as lembranças da madrugada vieram forte e então ergui minha cabeça pra ver aquele homem lindo dormir tranquilamente.

Eu admirei cada pedacinho do seu rosto que já tenho gravado no peito e me atrevi à tocar sua barba bem feita fazendo meus pelos se arrepiarem.

Sem perceber fui pego no flagra, então sem jeito me levantei da cama corado olhando pra todo lugar menos pra ele.

Alessandro me observa atentamente e isso tá começando a incomodar. Eu o encaro finalmente e ele bate na cama ao seu lado pedindo para que eu me sente.

Mesmo achando aquilo uma ideia ruim eu me sento e encaro minhas mãos que agora estão sendo seguras por esse homem que me desestrutura.

- Fico feliz que esteja bem.

- Obrigado.

- Pelo que?

- Por basicamente salvar minha vida.

Eu acabo rindo dele que me encara sério.

- Me diz por que fez aquilo?

Ele me olha como se procurasse as palavras e finalmente suspira me encarando.

- Eu não queria me matar se é isso que está pensando.

- Então por que você afundaria a cabeça dentro da banheira?

- Eu bebi um pouco a mais e acabei pegando no sono.

Eu encaro aquele homem lindo e teimoso querendo socar a cara dele, mas apenas fico em silêncio.

- Olha eu não tinha intenção tá, só...aconteceu

- Ainda bem que eu ouvi a bagunça, senão a essa hora...

Sinto um nó na garganta e engulo seco a vontade de chorar só de imaginar algo assim.

- Eu queria...conversar com você.

- Acho melhor descansar.

Eu me levanto e caminho até a janela, pois eu sei o que vem agora e não quero ser desprezado novamente.

- Olha pra mim Angel.

Eu não quero olhar, mas é mais forte que eu.

- Fala logo Alessandro...melhor ainda, deixa que eu falo.

Ele me encara sem abrir a boca e eu suspiro sentindo as lágrimas já escorrerem.

MEU CUNHADO, MEU PECADOOnde histórias criam vida. Descubra agora