16 - A beleza da natureza

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Quando abri os olhos, a única coisa a me saudar era a escuridão. O esconderijo dentro da montanha era completamente isolado do lado de fora e, segundo Meish, a sua magia era a única capaz de ter acesso àquele lugar.

Eu estava um pouco melhor do que no dia anterior, e a dor nos músculos estava passando. Me espreguicei demoradamente, aproveitando os poucos segundos que teria antes de levantar. O lugar estava completamente silencioso, então eu sentei na cama calmamente e toquei as palmas das mãos uma na outra, materializando uma pequena esfera de luz, era quatro vezes menor do que o tamanho da minha mão, e pequeno o suficiente para que eu pudesse suportar a magia sem tanto esforço.

Logo, a luz fraca e azulada iluminou vagamente o ambiente. Ao meu comando, a esfera em minhas mãos flutuou para os arredores lentamente, até alcançar a poltrona no canto do quarto onde estava Meish, como uma estátua, com os olhos fechados e a expressão serene. Ela sempre fazia isso, todas as noites, passava as noites naquela poltrona e não parecia se importar em passar a madrugada inteira naquela posição.

Dei um bocejo curto e afastei o cobertor, saindo da cama em um pequeno salto e caminhando até ela, mas antes que eu pudesse alcançá-la a passos curtos, ela abriu os olhos e me encarou. O rosto terno e suave na minha direção, pegando-me desprevenida e fazendo-me estagnar no lugar.

"Vamos partir hoje." Ela disse.

Pisquei, ainda surpresa pela ação dela. "Eh, Tudo bem..." murmurei.

Meish levantou-se da poltrona e caminhou até seu armário.

"Precisamos organizar tudo aqui e nos prepararmos para a viagem." Ela disse enquanto tocava alguns pertences meus e os armazenava em seu anel mágico.

Meish não precisava levar tantas coisas, nem comia a mesma coisa que eu. Estava claro que ela havia dito isso especialmente para mim, deveríamos organizar as minhas coisas para que eu pudesse ter uma jornada mais tranquila.

Caminhei rapidamente até Meish e a ajudei a organizar os pertences, separamos algumas roupas que ela havia comprado e objetos de higiene que pegamos do esconderijo.

Algum tempo depois, tudo estava pronto.

Tornei a deitar na cama enquanto Meish caminhava pelo quarto, absorvendo toda e qualquer magia remanescente dentro do quarto. Ela então saiu, deixando-me com a promessa de que voltaria mais tarde, e que eu deveria comer logo. Eu já havia me acostumado com ela me dando informações incompletas e escondendo coisas de mim, não importava o tempo que estivemos juntas, ela não parecia realmente confiar em mim.

E eu não a culpava, sabia que em meu íntimo, também não confiava nela o suficiente, eu estava aqui por falta de escolhas, sabia que o mundo não era perfeito e que aqueles sem poder, como eu, dificilmente conseguiam alcançar seus objetivos. Eu tinha um problema e precisava de Meish para me ajudar a resolvê-lo, e eu estava colhendo até mais benefícios do que imaginei daquele trato de quatro meses atrás, não sentia mais as dores contanto que Meish as absorvesse. Vez ou outra, eu sentia um calafrio na espinha e dormêmcia em meus membros, mas logo Meish notava e me ajudava a acalmar os efeitos da maldição.

Encarei o teto, como todas as outras vezes em que estive aqui, Meish não voltaria tão cedo, ela havia feito isso muitas vezes antes. Certa vez, pedi para que ela me ensinasse magia mental, como ela havia prometido, mas não chegamos a lugar algum, eu não conseguia resistir à coerção de Meish, embora ela tenha me dito que era difícil acessar a minha mente devido à resistência que eu desenvolvi com a maldição.

Além disso, no entanto, não houve qualquer progresso, quando Meish encarava-me com aquele olhos escuros, e ao mesmo tempo brilhantes, tudo o que eu conseguia pensar era em satisfazer todas as suas ordens, era um desejo que parecia surgir de dentro de mim, como se fosse algo genuinamente verdadeiro, um desejo profundo que me coagia a fazer qualquer coisa, contanto que Meish dissesse para fazê-lo. Dentro de seu controle mental, eu sentia que não havia nada mais feliz do que acatar às ordens dela, mas quando ela finalmente me libertava de seu controle, me permitindo pensar racionalmente, eu não podia evitar temê-la.

Misty (Girl's Love)Onde histórias criam vida. Descubra agora