Prólogo

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Nova York
Terça-feira, 03:26 PM.

Elena

Sentia meu coração pulsando rapidamente enquanto mantinha um sorriso singelo em meus lábios, tentando transmitir confiança para a mulher loira que estava sentada diante de mim. Minhas mãos suadas tremiam em meu colo, buscando eliminar toda a ansiedade que estava aprisionada em meu corpo, e eu desviava meu olhar para o relógio na parede a cada cinco segundos.
 
15:26 da tarde.
 
Respiro fundo e observo Caroline Forbes – a pessoa responsável pela minha entrevista de emprego e provavelmente a minha futura chefe – ajeitar alguns papéis alinhadamente em cima da mesa de vidro preto fosco do enorme escritório que nos encontrávamos.

Ela já havia me feito inúmeras perguntas sobre minhas habilidades, qualidades, objetivos profissionais, mostrando interesse genuíno por me conhecer e entender meu potencial na empresa e agora estava analisando atentamente cada sessão de meu currículo – que eu tanto demorei para fazer – enquanto toda aquela situação desconfortável me deixava suando frio. A tensão no ar era palpável, enquanto eu esperava ansiosamente por sua avaliação e aprovação.
 
— Então, Elena... — A entrevistadora finalmente quebra o silêncio após alguns segundos. — Aqui no seu currículo diz que você tem experiência como secretária. Poderia me contar mais sobre isso? — Ela questiona, tirando os olhos dos papéis e ajeitando sua postura sobre a cadeira preta.
 
Suas íris azuis me observando atenciosamente, esperando pela resposta, me faziam querer explodir de nervosismo.
 
— Claro. — Pronuncio, forçando um sorriso tranquilizador. — Eu trabalhei por dois anos em um consultório de dentista a uns meses atrás com o Dr.Parker, mas ele se aposentou e fechou as portas a pouco tempo. — Minto descaradamente, sobre a história que havia inventado no chuveiro hoje pela manhã, enquanto tomava banho e me preparava para vir.
 
Eu sabia, no fundo, que mentir no meu currículo era errado. Mas a situação estava tão desesperadora, e eu precisava tanto de um emprego, que se tornou a única opção viável para conseguir uma entrevista. A falta de experiência em qualquer área tornava quase impossível conseguir uma oportunidade, mesmo que eu tivesse tentado incansavelmente. Então mesmo sentindo um nó se formar em meu estomago enquanto eu questionava todos meus princípios morais, decidi seguir por esse caminho tortuoso.

Talvez o trabalho como secretária não fosse tão complicado, afinal. Mentir sobre ter experiência nessa área não parecia ser um problema tão grande, uma vez que eu não estaria colocando a vida de ninguém em risco.
 
Ou pelo menos, era do que eu estava tentando me convencer, para não sentir tanta culpa por ser uma farsante.
 
— Eu atendia o telefone, marcava e desmarcava as consultas, avisava ao Dr.Parker sobre os compromissos, levava o café, era responsável pelas tarefas administrativas e mantinha tudo organizado. — Volto a falar, esforçando-me a acreditar em tudo que saia de minha boca, temendo que ela perceba o quão péssima mentirosa eu sou.
 
Eu tinha uma sensação inegável que meu corpo inteiro estava me entregando, que era cem por cento notável que eu estava mentindo e que qualquer um em um raio de duzentos quilômetros iria perceber o quanto eu estava nervosa e tremendo.
 
— É muito bom saber que você é organizada, Elena. — Ela profere, simpática — Se você for contratada basicamente terá que fazer esse tipo de coisa, tirando o fato de que ao invés de marcar consultas você vai precisar marcar reuniões. — A loira ri descontraída, mostrando seus dentes perfeitamente alinhados e brancos e eu a acompanho, balançando a cabeça em concordância.
 
— Claro, com certeza não será um problema.
 
— Você precisará organizar reuniões, além de receber, selecionar, ordenar, e arquivar documentos. Tomar providências relativas à viagens, ser comunicativa, ter conhecimento de softwares. — Ela despeja e engulo em seco, nervosa, pensando se realmente era tão fácil quanto eu havia pensado.
Questiono a mim mesma se possuo as habilidades necessárias para isso. — E você também terá que trazer o café aqui e ter bastante paciência. Você se considera paciente, Elena?
 
Não.
 
— Sim, eu tenho um irmão mais novo em casa e sempre cuido dele, então você sabe como é com crianças, não é? Elas nos ensinam a ser pacientes. — Outra mentira, eu morava sozinha e era filha única.
 
Por Deus Elena, você não consegue parar de inventar coisas?
 
— Que bom saber disso, você vai precisar ter paciência com o seu chefe. — Consigo notar um suspiro de alívio saindo dentre seus lábios avermelhados, enquanto a loira rabisca algo no meu currículo depositado sobre a mesa.

Playing With My Boss || DelenaOnde histórias criam vida. Descubra agora