𝗠𝗼𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼𝘀 𝗺𝗶𝘀𝗲𝗿á𝘃𝗲𝗶𝘀

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Ainda estava fadada a remoer o passado e isso refletia em seu corpo, uma grande bagunça cansada e acordada durante a madrugada. Com olhos embaçados, poucas coisas se distinguiam na escuridão noturna, mas a figura iluminada de seu eterno parceiro se encontrava bem vívida.

— Isso é real?

Um riso abafado ecoou no quarto, o silêncio da madrugada e o frio inebriante de décadas. Era uma mentira, tinha a certeza, mas a familiaridade dos traços antigos trazia o conforto desejado por Amanda.

— Agora também dorme perto dos inimigos? Ta ai uma novidade.

— Ainda com os malvados? Você nunca aprende mesmo, Tak.

—  Não dá pra evitar, tá no sangue.

Sorria descrente quase tocando o cabelo, novamente longo, do homem. A admiração mútua transmitia o sentimento de saudade, a dureza ganhada com os árduos tempos abria espaço para a necessidade de se verem refletidos no olhar do companheiro, uma pena ser desta forma que suas mãos revelaram a existência do holograma ao seu lado.

A jovem encolheu os braços os forçando a se cruzarem e desviou o olhar para o teto manchado, ouvindo o suspiro frustrado se sentou na cama, contrária a seu olhar, analisando só agora a bagunça adormecida chamada Anne empoleirada na outra cama próxima, desejava estar como ela para não enfrentar o constrangimento.

— Como... sua– como você continua a mesma?

— Surpreso por me ver inteira?

— A Falconer não sobreviveu.

— Se você tem essa certeza, por quê ainda a procura?

— Porque eu me preocupava muito com ela.

Todo o conforto evaporava da sala, ambos haviam esquecido o ponto frágil da longa amizade. Tensionou sobre o olhar dele, o silêncio torturante ecoava a culpa que sentia e impunha-lhe a sentença de egoísta. Ao ecoar de outro suspiro arriscou um vislumbre de seu rosto, uma expressão ressentida tomava conta daquelas feições e céus, como não reconhecia agora o seu Takeshi.

— Por que sempre termina assim? — sua voz saia fraca, esganiçada de embargo. — Admita, você é um covarde!

— O bar ta funcionando me chama se você fizer alguma merda.

Poderia hibernar por várias estações se quisesse, mas pulos agitados em sua cama diziam o contrário

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Poderia hibernar por várias estações se quisesse, mas pulos agitados em sua cama diziam o contrário. Amanda grunhia a cada afundo enfiando mais a cabeça sobre os travesseiros, não descansaria nunca neste ritmo.

— Acorda, Amanda, vai! Está nevando lá fora, olha, olha!

Um grunhido saiu como resposta, não estava animada para ser congelada pelo frio esbranquiçado. A garota parecia determinada a atormentar o sossego da mulher se aproximando cada vez mais de seu corpo, tornou a cabeça para encara–lá e espantou–se com a figura embaraçado que seus cabelos formavam.

𝗡𝗜𝗚𝗛𝗧 𝗖𝗜𝗧𝗬 | takeshi kovacsOnde histórias criam vida. Descubra agora