𝗙𝗹𝗼𝗿𝗲𝘀

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- E então, como você parou aqui?

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- E então, como você parou aqui?

A garota parecia incerta, se afundando ainda mais nos cobertores sobre o sofá. Amanda compartilhava do mesmo desconforto, adorava crianças mas se limitava a brincar com bebês que não entenderiam meia dúzia de palavras.

- Não precisa ter medo, acredite ou não você deu sorte nesse bairro de merda. - se levantou inquieta. - Eu posso te ajudar a chegar-

- Eu não preciso da sua ajuda.

A resposta saiu curta e repleta de uma raiva contida que fere a boa recepção da adulta. As vezes sua empatia a cegava.

- Tudo bem, mas estar em uma capa jovem demais dificulta e atrai muitas coisas. - Ela estava no mínimo chocada, permaneceu em silêncio tempo o suficiente para o barulho chamativo da tv se transformar uma matéria interessante, seus olhos se arregalaram quando notou a semelhança.

- Nem ferrando, pelos deuses, é você! - Desviava o olhar da tela para a criança inúmeras vezes, tentando mudar o inegável, uma herdeira estava sentada desconfortavelmente em seu sofá velho e moribundo. - Por que diabos você aceitou entrar aqui, hein?

- Ei! Eu tava meio desesperada, ok? O que se faz quando você ta perdida, não acho que tem resposta na internet.

A mulher suspira enterrando a cabeça nas mãos, estava ferrada e nem era sua culpa agora, não completamente. Precisava se livrar daquela garota, antes que descobrissem seu atual paradeiro. Ordenou em um sussurro que saísse.

- O que? - estava confusa

- Eu disse saia, tá surda? Não posso lidar com isso, você é a droga de uma matusa, se eles apenas lerem o meu nome estarei morta!

- Mas você disse que- Por favor, eu preciso de uma ajudinha, eu posso te pagar. - A garota arregalava os olhos, parecia mais perdida do que a mais velha. Tinha medo das ruas, de um povo que nunca conheceu, mas sempre aprendeu a desprezar, agora implorava pela ajuda de um desse povo.

Amanda andava de um lado ao outro, nervosa, sentia um peso se apossar de seus ombros, precisava daquele dinheiro, mas a que custo? Arriscar sua vida e, só talvez, ganhar benefícios de um matusa ou tentar pedir um resgate, tudo parecia injusto demais.

- Até onde preciso te levar?

- Existe uma instalação de comunicação do outro lado da cidade, é a melhor maneira se quisermos ser notados antes de fritarem nossos cérebros. - A garota abriu um sorriso aliviado e até cômico com a piada que a Craster não entendeu.

- Tudo bem, partimos amanhã, vem, você precisa descansar - Recebeu um aceno antes de entrar em seu quarto apertado.

Os lençóis estavam bagunçados, um rascunho simples de um cartucho aparecia por entre as folhas, nas paredes manchadas um enorme pôster militar rabiscado do Tio Sam repousava acima de sua cama. As enormes manchas desde o chão até o teto eram escondidas por tapetes e pichações desgastadas, estava tão acostumada que nem reparava, mas seu pequeno convidado demonstrava uma curiosidade nova com essa estranha forma de viver.

𝗡𝗜𝗚𝗛𝗧 𝗖𝗜𝗧𝗬 | takeshi kovacsOnde histórias criam vida. Descubra agora