𝗛𝗼𝘁𝗲𝗹 𝘃𝗲𝗿𝗺𝗲𝗹𝗵𝗼

42 9 5
                                    


Levara alguns segundos para reconhecer as sensações da própria mão, cegada por uma luz que impedia seus olhos de se adaptarem. Tudo parecia real, as algemas a prendendo na cadeira, o ruído insuportável da lâmpada e o choro copioso da criança ao seu lado. Mas ainda assim, havia algo de artificial naquele lugar, sentia em si mesma isso.

— Por favor só a deixem ir. — tentou, sentiu o sabor salgado das lágrimas, havia chorado, se perguntava. O apagão parecia ter sido mais forte do que esperava.

— Deixar uma criminosa nas ruas não parece ser a coisa sensata a se fazer.

A voz feminina ecoou na sala, reconhecia vagamente de seus gritos durante a confusão da feira, emanava e exigia autoridade, coisa que Amanda não estava disposta a ceder.

— Tem tanto medo de mim que precisa me interrogar no virtual?

— Só uma garantia, é o fim da linha pra você, os pais da garota foram avisados, com isso eu te pergunto, por quê resolve sequestram uma matuza, você é louca?

— Tira essa luz da minha cara! Adoro atenção, mas não quando ela pode me cegar.

Suspirou de alívio ao ter a iluminação desligada, piscando várias vezes até reconhecer os encardidos azulejos da sala e ver a conhecida policial com uma expressão impaciente. Questionou sobre sua liberdade.

— Apesar da sua extensa lista de delitos, você está livre até decidirem te interrogar, até lá você ainda não será presa. — suspirou frustrada. — Ainda não respondeu a pergunta, por quê estava com a garota?

— Não deixaria uma criança no meio de um bairro perigoso, posso ser fora da lei mas não insensível.  Deveriam interrogar a doida dos brinquedos, ela sim é estranha. — Resmungou, não era mentira, apesar de não ser a verdade crua.

— Quem? Quer saber, deixa, você não tem cara de saber das coisas. — recebeu um protesto da criminosa antes de se virar e sumir da sala virtual.

Amanda estava de mão atadas, finalmente se dava conta da bagunça em que tinha se metido, um bando de gente poderosa, bobos ou não, destruiriam sua vida. Seria um tedioso fim nas celas de uma prisão, tão monótono quanto viver em uma floresta. Deixou a cabeça pender em pensamentos, aquele lugar falso durava uma eternidade de vidas, sentia algo a observando, corpo ou virtual tentou uma chance.

— Vai me deixar apodrecendo aqui, Takeshi?

Houve uma pausa, não se acanhava de buscar ajuda.

— Existe algum limite para sua paciência?

Esboçou um pequeno sorriso ao ouvir o sussurro das paredes amarelas, fechou os olhos ao passo que linhas eletrizantes inundavam seu corpo de sensações. Despertou do sono virtual encontrando paredes cinzas e o frio ar da estação policial.

— Amanda! Eu senti tanta sua falta! — um par de bracinhos a abraçou em meio a um turbilhão de palavras chorosas. — Eu pensei que você tava morta e... eu não sabia o que fazer.

A mulher inspirou brandamente, tentando impedir as lágrimas acumuladas. — Vem, vamos dar o fora daqui.

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
𝗡𝗜𝗚𝗛𝗧 𝗖𝗜𝗧𝗬 | takeshi kovacsOnde histórias criam vida. Descubra agora