- Ela realmente é meio esquisita, vou confessar - Felipe comentou aproximando-se de Miriam e Larissa, acompanhado de Dário.
- Bom, pelo menos não é só a gente que achou a morte da Paloma estranha e ligou uns pontinhos - Dário tentou ser mais positivo.
- Esquisita até demais - Larissa se voltou para Felipe para dar ênfase no que ele havia dito, e não na passada de pano de Dário.
Os quatros iam caminhando para a beirada da praça quando um corsa prateado parou na vaga à frente deles. No volante, um cara tirou os óculos de sol, encarou o grupo de jovens e disse:
- Querem uma carona?
Miriam já ia dizer não, obrigada, não aceito carona de estranhos, principalmente quando estou sendo perseguida por um assassino, mas Dário respondeu primeiro:
- Eu topo!
O garoto já avançou sobre o carro e abriu a porta da frente, mas os três outros continuaram no mesmo lugar, confusos. Felipe fechou o rosto quando encarou o motorista e virou-se para o outro sentido após dizer:
- Prefiro ir a pé mesmo. Tchau, pessoal.
- Também vou andando - Larissa comentou antes de seguir Felipe. - Preciso pensar um pouco.
Miriam queria que ela ficasse para se explicar melhor, mas não deu tempo de convencê-la a ficar. Viu a garota atravessar a rua com pressa e sumir depois da esquina.
- Miriam, esse é o meu primo, Rômulo - Dário chamou a atenção dela. - Deve conhecer lá da escola.
A garota voltou a olhar para o carro e só então reconheceu o rapaz. Já o tinha visto pela escola, realmente. Até onde sabia, dava aula de inglês para o fundamental. Era jovem, devia ser no máximo recém formado na faculdade. Tinha os mesmos olhos de Dário, mas era mais alto e tinha cabelos castanhos ao invés dos escuros do primo. Resgatando na memória, supôs que teria sido ele quem ajudou Dário a procurar o maluco pelas ruas em busca da pista que tinham sobre as cartas.
- Oi - Miriam fez um aceno tímido para ele, que devolveu. Ele tinha uma pinta meio forçada de galã, cara legal demais. Talvez fosse por causa do carro.
- Vem com a gente? - Dário perguntou.
Diante de duas recusas, sentiu-se levemente obrigada a ser a pessoa simpática a aceitar para não fazer desfeita e entrou no carro.
-
Larissa empurrou o portão de ferro para o lado. Parecia que estava cada dia mais pesado. O trilho já estava desgastado e enroscava bem no meio do percurso, mas não precisa de todo aquele espaço para passar. Na verdade, devia poupar ao máximo a entrada para o cachorro não sair. Ele não era tão desobediente, mas adorava rasgar correndo em direção à rua, ficar indo de uma esquina para outra e queimar toda a energia que guardava.
- Não pula, Zé! - A garota ordenou para o vira-lata que já arranhava o portão desesperadamente. Ele grunhiu em discordância, mas obedeceu e se afastou. Quando viu Larissa por completo dentro do terreno, já se animou de novo. O rabo balançava freneticamente e a língua já estava posta pra fora. Avançou para dar um salto sobre suas pernas, mas ela fez um gesto para que se afastasse no momento em que percebeu que o caminho da entrada da casa estava toda enlameada. Zé também.
- Minha calça é branca, nem se mexe! - Imperou de novo. Zé se afugentou para a porta de entrada e deitou do lado do tapetinho surrado.
Larissa encarou o trajeto que deveria fazer até chegar em segurança (e limpa) no concreto. A chuva da tarde foi o suficiente para deixar untuosa toda aquela terra vermelha. Por sorte, uns pedaços de telha faziam uma trilha até a garagem coberta para facilitar a entrada do uno. Pisou em todas com cautela para preservar seu all-star vermelho e novo.
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Eu Sei Quando Você Mente
TerrorPrimeiro, uma carta sem remetente com um aviso: alguém sabe o seu segredo mais profundo. Dias depois, uma ligação anônima. Se não confessá-lo na linha, é assassinado. Não hesite. Eu sei quando você mente. É assim que um psicopata assombra oito joven...