Amor incondicional

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Precisava respirar, Giovanna pensou se entraria na banheira enquanto sentia a água morna escorrer pelo corpo, a raiva que sentia estava correndo por dentro e talvez precisasse mergulhar um pouco.

Injusto

Era só um teste idiota, dizia para si, mesmo assim seu psicológico foi abalado, não só o seu, ela nunca viu Lucas tão desesperado, perdido e angustiado, incluindo Erick, estavam estranhos.

Os dois passaram mal depois do teste, mas Giovanna não sentiu nada além de raiva, talvez seu pesadelo não seja tão terrível, talvez fosse insignificante comparado com o deles.

Ninguém entendia o que estava sentindo, era frustrante, seu luto era tratado como frescura, mas sentia que uma parte de si estava trancada e apenas Ana tinha a chave para trazer a normalidade, trazer a alegria de volta.

Desligou o chuveiro e foi para o quarto, não estava em condições de usar a banheira, o simples pensamento de se afogar passou pela cabeça e a fez desistir, vestiu seu pijama e desceu as escadas até a cozinha, os soldados já tinham ido embora e a porta estava trancada, Lucas provavelmente fechou.

Giovanna pegou o telefone, nenhuma mensagem nova dos pais, não era normal, sempre avisavam se voltariam ou não, decidiu ligar para sua mãe enquanto fazia um pão com queijo. O telefone tocou, mas ninguém respondeu, tentou seu pai.

— Alô?

— Pai? Vão voltar hoje?

— Por quê? Aconteceu algo? – Giovanna escutava um barulho no fundo da ligação.

— Não... Só tô perguntando mesmo.

— Bem... É – O barulho no fundo abafava a voz do pai – Não é um bom momento agora, só... pode ficar de olho no Biel? Se for sair de novo, me avisa... sei que é difícil, calma... querida, poderia confiar em mim?

— Sempre confiei – Giovanna sabia que o pai conversava com duas pessoas ao mesmo tempo, do mesmo jeito que sabia quais palavras eram para ela – Só... só não estou pronta para conversar sobre... você sabe.

— Querid-

— Willy? – Giovanna escutou a mãe de Ana chamando no fundo.

— Eu... preciso ir meu bem, você vai ficar bem? Biel está em casa? Lucas vai ficar com vocês? – O barulho das pessoas aumentava conforme seu pai perguntava – Clarinha tá bem? Se cuida, se precisar de mi-

— Você vem correndo.

— Você sabe que sim.

Giovanna desligou o telefone e suspirou, sabia que seus pais tinham problemas mais complicados para resolver, mas uma parte dentro dela, ainda queria mais atenção, cuidado. Afastando o pensamento, comeu seu pão e viu Gabriel passando no hall de entrada.

— Biel!

O menino apareceu na entrada da cozinha, estava sério e agitado, segurava seu skate no braço.

— Onde?

— Dar uma volta? Tem problema?

— Uma volta?

— Gih'... preciso de ar.

— Tem o quintal pra isso.

— Preciso ir... preciso falar com a Lili.

— Liga.

Gabriel respirou fundo e olhou diretamente para ela.

— Só hoje... por favor, eu... fiz cagada hoje a tarde e...

— Precisa se desculpar.

Gabriel assentiu, Giovanna sabia que o menino iria com ou sem autorização, pelo menos tinha noção de onde.

Mundo espelhado: O caminho do abismoOnde histórias criam vida. Descubra agora