Mundo espelhado: O caminho do abismo

Amor eterno

Lucas estava sozinho, não sabia como perdeu Giovanna, em um momento segurava forte a mão da menina, em outro estava perdido em um labirinto de tijolos. Marcas nas paredes pareciam guiá-lo para algum lugar, esperava que Giovanna estivesse bem, que encontrasse o caminho certo, às vezes encontrava mensagens de esperança incrustadas no chão, outras, manchas de sangue seco, não sabia para onde estava sendo guiado, mas queria encontrá-la o quanto antes.

Seguindo o método mais simples para labirintos, Lucas seguia o caminho com a mão direita na parede, achava estranho não ter parado em caminhos sem saída.

O tempo passava e o desespero crescia, o céu acima escurecia cada vez mais rápido, o vermelho inicial ganhava uma coloração arroxeada parecendo vinho tinto e ainda não tinha encontrado nada.

Os demônios que sobrevoavam o labirinto não tentavam entrar, não escutava nada de diferente e o máximo que enxergava era o fim de cada novo corredor.

Depois de um tempo, Lucas encontrou o portal azul no final de um longo corredor, não sabia quanto tempo andou, sua percepção de tempo dizia minutos, mas seus olhos e as cores do céu, diziam ter se passado horas.

Olhando para as paredes andou até o portal, esperava encontrar alguma armadilha ou algum sinal que Giovanna passou por lá, como não a ouviu em nenhum momento, preferiu seguir o caminho em silêncio para não atrair as possíveis criaturas que estavam por perto.

Lucas andou com cautela no começo, mas não parecia estar saindo do lugar, tentou correr, tentou andar para trás, mas nada funcionava, estava parado no mesmo lugar, não importava o quanto andasse.

Uma voz familiar o chamou.

— Lucas? Finalmente te encontrei! – Lucas olhou para onde a voz surgiu, mas não escutou passos, apenas a voz de Giovanna.

A menina estava com suas roupas sujas, usava o mesmo vestido da festa, parecia cansada e aliviada de vê-lo.

— Te procurei por horas – Giovanna chegou perto e o abraçou – Você está bem?

Lucas não respondeu, apenas acenou que sim.

— Tem certeza? – Giovanna acariciou seu rosto, o jeito que olhava para ele era estranho.

Tentador.

— Estou bem... e você?

— Melhor agora que estamos juntos, fiquei tão preocupada, você está ferido e fiquei tanto tempo sozinha que achei que tinha me abandonado – Giovanna estava muito perto, podia ver suas curvas marcadas no vestido preto, ela acariciava seu braço como se estivesse carente por atenção.

Lucas se sentia desconfortável.

— Como chegou até aqui?

— Fiquei andando um bom tempo por esse labirinto infernal, então te vi andando no mesmo lugar, pensei que fosse uma alucinação – Giovanna segurou sua mão, a palma da menina era suave e macia – Mas que bom que é você de verdade.

Os lábios cheios de Giovanna chamavam sua atenção, o brilho em seus olhos, as curvas do quadril marcadas no vestido, a proximidade e o toque suave em sua mão, tudo parecia um sonho.

— Lucas... vamos embora – Giovanna disse quase em um sussurro, ela afastou os fios de cabelos negros que caiam em sua bochecha – Você não quer vir comigo?

A voz melódica de Giovanna fazia todos os outros sons desaparecerem, seus olhos estavam fixos na menina, sentia uma onda de choque percorrer seu corpo.

O calor crescia enquanto olhava para ela, sua respiração ficou rápida e sua visão ampliada, a saturação das cores aumentou e os detalhes pareciam mais nítidos, Lucas não conseguia desviar o olhar do castanho intenso dos olhos da menina, seu corpo ardia e seu coração palpitava.