Agulhas no palheiro

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Semanas depois da invasão na residência das meninas, Lucas esperava receber algum comunicado informando sua prisão, sentinelas eram vigiados, uma simples missão como levar Ana embora não demoraria tanto tempo, logo a Legião buscaria os culpados, mas por enquanto ninguém foi à sua busca.

Geralmente em Agosto o semestre era calmo e tinha mais dias para descansar, mas com os desaparecimentos repentinos, as faltas constantes dos professores e a maioria das aulas suspensas, Lucas tinha bastante tempo para estudar sozinho e visitar Giovanna.

A cada visita ele se perguntava o que poderia fazer para ajudar, a resposta sempre era a mesma, não poderia fazer nada para trazer alegria de volta à casa, Ana não acordou mesmo depois de um mês, a saúde da menina se mantinha bem, mas a preocupação estava sempre presente.

Quando não tinha tempo, ligava para Gabriel ou para Giovanna, perguntando se estavam bem ou se precisavam de ajuda, às vezes ligava para Nicole, quando nenhum dos de Melo respondia.

Sabia que o coma de Ana mudou drasticamente toda a situação, nem mesmo seus pais voltavam para casa e suas ligações viraram raridade, teria que se concentrar em manter as coisas no lugar sozinho.

No início de Setembro à caminho da faculdade, Lucas recebeu uma mensagem de Erick, dizendo ter recebido um convite da Legião para novas decisões, mas como estava ocupado com um projeto muito importante, não poderia ir, nesse caso perguntou se poderia ir em seu lugar.

Lucas não recebeu o convite, não esperava receber já que as últimas medidas foram excluir todos os novatos, era estranho o amigo ser convidado, mas a foto no celular parecia real.

O único problema era a data, não tinha como comparecer à assembleia em Londres em menos de 1 hora. Logo respondeu o amigo dizendo que não seria possível, o avião não chegaria a tempo.

Assim que Erick respondeu: Sem problemas, dou um jeito!. Lucas se encontrou sentado no salão da Legião, a tontura do teleporte o atingiu, deixando um desconforto muito grande, tentou xingar o amigo, mas as mensagens não chegavam.

Esperou.

O salão não encheu, havia várias cadeiras vazias, como se excluíssem de propósito a maior parte da Legião, algumas pessoas passavam pela fileira e cochichavam ao vê-lo, por algumas vezes pensou que seria expulso, mas não foi.

Tudo começou com o Pretor Jean:

— Bem vindos... acredito que muitos estão ocupados para não comparecerem, muito obrigado aqueles que conseguiram estar presentes, temos alguns assuntos para se discutir... a mesa central está dividida na tomada de decisões importantes, por isso pedimos a opinião pública.

— Recebemos hoje pela manhã a notícia do conselho dos feiticeiros – Disse o Pretor Akira, levantado ao lado do Pretor Jean – Não teremos mais acesso aos seus serviços ou informações.

— Todos sabem que é culpa das meninas brasileiras – Comentou Cônsul Joshua.

— Nesse ponto discordamos, o mundo está um caos e não se deve a ação imprudente das garotas – Respondeu o Pretor Jean.

— Queremos saber a opinião do público sobre como devemos agir nos próximos meses, as opções são-

— Devemos nos isolar como os feiticeiros e lutar com o que podemos – Disse Censor Antonie.

— Lutaremos com tudo que temos, incluindo nossas crianças, as perdas serão inevitáveis, mas a contenção será mais rápida – Disse Cônsul Gilbert.

— Faremos acordos com feiticeiros e bruxos para fechar o máximo de portais, assim como a garota Ana Clara fez – Assim que o Governador Hari disse, os murmúrios no salão começou – Devemos admitir que as mortes diminuíram consideravelmente após a ação imprudente delas, temos essa opção sendo considerada.

Mundo espelhado: O caminho do abismoOnde histórias criam vida. Descubra agora