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"Tried to change the ending"
-Cardigan

Luísa

Sua mão agarra a minha novamente e passamos por toda a muvuca para chegar a porta. Saímos, agradeço a Deus e todos os seres iluminados por isso, solto sua mão e uma respiração que nem eu sabia que estava segurando.

—Deus, na próxima vão para uma casa maior— Ele ri— A Áustria inteira está ali dentro.

—Nem eu sei o que aconteceu— Diz cruzando os braços.

—Penetra? Convidado do convidado? Talvez até procriaram— Sua gargalhada chama minha atenção, suavizo minha expressão.

—Irritadinha— Sou eu que sorrio dessa vez— Vamos— Arqueio a sobrancelha, confusa— Vou te deixar no hotel.

—Posso pedir um uber ou sei lá— Me olha confuso então completo— Disse que chegou agora, deveria aproveitar.

Sem me responder começa a andar pela calçada, sigo, até pararmos no seu carro, imagino.

—Adoro como você é comunicativo— Digo abrindo a porta do carona, ele se mantém em silêncio, então tá.

O início do caminho é tranquilo, silencioso e confortável. Tudo acontece muito rápido...

—Para o carro— Digo chamando sua atenção.

—Que?— Pergunta confuso.

—Para o carro— Falo pausadamente.

—Não vou te deixar aqui.

—Homem, pare o carro— Aumento o tom de voz o assustando.

Contra sua vontade, ele encosta o carro e antes que ele possa ter oportunidade de falar já saio.

Atravesso a rua, indo em direção a lanchonete mal iluminada e de procedência duvidosa mas o que não mata, engorda.

Depois de quase 20 minutos consigo meu pedido e volto para o carro. Max permanece com a cara de espanto tentando entender o que aconteceu.

—Isso é seu— Entrego a sacola.

—Aquele desespero era fome?

—Claro— Arranco uma risada sua, mordo o primeiro pedaço e quase me ajoelho para agradecer— Obrigada por ter parado, ou teria me matado de fome.

—Da próxima me diga que está com fome e não sai como uma doida— Arqueio a sobrancelha em sua direção— Como sabia que eu gostava desse?— Diz comendo seu hambúrguer, dou de ombros.

—Passei pelos cinco minutos mais constrangedores da minha vida, a funcionária não falava inglês— Ele gargalha e eu acompanho— Meu celular descarregou, sem tradutor.

—E como conseguiu pedir?

—Tinha uma senhora que falava alemão, me ajudou, mas por um momento pensei que elas estavam brigando— Caio na risada me lembrando da minha cara quando elas começaram a conversar.

—Talvez.

Terminamos de comer em silêncio, aproveitando a comida, que estava uma delícia, e a companhia do outro.

—Melhor?— Me encosto no banco, levo meus olhos até os seus

—Comida sempre ajuda, te tirei da dieta.

—Nada que umas horinhas na academia não curem— Sorrio de leve.

O silêncio toma o espaço enquanto sou engolida pela imensidão azul e verde do seu olhar.

—Parabéns por hoje, a corrida foi ótima— E tinha sido mesmo, sua equipe tem feito até mesmo o impossível pelas vitórias.

—Estamos tentando, sinto que podemos ganhar, estou confiante— Sorrio.

—Vocês podem, são determinados e incansáveis, e eles têm a você!

—Não aumente meu ego.

—Eu não estou, é só o óbvio. Meu pai dizia o óbvio precisa ser dito, então— Sinto um aperto no coração ao lembrar dele, passo a mão sobre o pulso.

—Eu sinto muito, fiquei bem abalado quando eu soube. Realmente, sinto muito— Sua mão procura a minha no banco, faz um carinho quando a acha.

—As coisas são como são, obrigada— Volto a sua fala e percebo que disso "quando soube", nós terminamos um tempo antes e eu não tive mais contato com ele— Como soube?

—Kiara, ligou pra me xingar e acabou contando— Olho surpresa.

—Como assim ela ligou pra te xingar?— Não resisto a vontade de rir mesmo indignada de está sabendo isso só agora.

—Ela dizia que se eu falasse, ligasse ou se quer pensasse em você, ela cortaria meu pau da próxima vez que eu cruzasse o caminho dela— Ele ri— Agora eu estou rindo mas fiquei apavorado.

Nem aparece que hoje insiste para que conversarmos e nos resolvermos.

Sorrio mas sinto vontade de ligar e dizer o quanto eu a amo e o quanto é importante na minha vida. Sem ela, eu não estaria nesse carro.

—Mandei flores para sua mãe, não sei se ela recebeu— Alguém cala a boca dele antes que eu desabe por completo.

—Obrigada Max, isso significa demais pra mim!— Aperto sua mão envolta na minha.

AlwaysOnde histórias criam vida. Descubra agora