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"Eu tô aqui sem rumo, travada e perdida"
-Iguaria

Luísa

—Ai como eu amo o Brasil— Kiara diz com um sorriso safado no rosto observando o moreno jogando altinha na nossa frente.

Hoje é nosso último dia aqui, aproveitamos o máximo, praias, shopping, comida mas amanhã já pegaremos o avião para Espanha.

Não recebi mais mensagens de Max e nem enviei, continuo tentando manter meu lema da indiferença, a distância é fácil, quero vê quando estivermos cara a cara.

—Adoro observar o cardápio local— Soltamos uma gargalhada— Me senti homem por alguns segundos— Tomo mais um gole da água de coco.

—Eu não quero ninguém, só você— Diz mandando beijo pra mim.

—Vamos fingir que eu acredito.

—É sério, homens não estão servindo nem pra sentar quanto mais um relacionamento— Levanta seu óculos— Vou para o lado das mulheres, vai que lá eu dou sorte.

—Se der, me conta.

—Nem vem com essa— Debocha—Você é a primeira dama de um loiro, piloto, quer mais o que?— Reviro os olhos com o apelido.

—Não vamos falar dele, ok?— Kiara não sabe sobre a mensagem e nem pretendo contar, não quando sei que ela vai encher o saco.

—Vai continuar fingindo que não queria estar com ele aqui? Ou melhor, fingindo que não a— tampo sua boca com minha mão, não disse, ela adora falar o que não deve.

—Kiara!— Digo em repreensão.

—Ok!— Tira minha mão e volta agir como se não tivesse feito nada—Vamos falar disso em outro momento mesmo— Convencida.

Ficamos admirando a paisagem e pouco tempo depois o moreno que lançou vários olhares para a Loira do meu lado, começa a caminhar até nós. Me levanto dizendo que vou no mar e a deixo lá.

—Não era você que não queria mais homem?— Debocho enquanto tiro a água do cabelo, ela sorri.

—Não tenho culpa se tem um a cada esquina— Dá de ombros me arrancando uma risada.

—Você não presta— Nego com a cabeça.

—Eles também não.

[...]

Termino de fechar a mala com um braço a menos, o tanto de coisa que tem aqui, espero que não seja impedida e nem extraviada.

Kiara e minha mãe estão na sala julgando os participantes do largados e pelados, só escuto as risada. Pego a cadeira da escrivaninha e ponho próximo ao armário pra que eu alcance a parte de cima.

Acho a caixa que estava procurando e desço, tento limpar e acaba me arrancando espirros. Não abro, decido me torturar um pouco mais, mesmo sabendo de cada foto e presente que estão ali, ponho dentro da minha mala de mão.

—Você tá perdendo— Kiara grita da sala, sorrio, conferindo se fechei tudo.

[...]

—Tchau mãe, espero que vá me visitar em breve— Digo a abraçando forte.

Kiara vai para fila do check-in, nos deixando a sós.

—Em breve— Nos soltamos, sua mão percorre meu pulso fazendo um carinho— Não seja tão dura consigo, dê uma chance de ser feliz, permita ser feliz. A dor não vai embora, não digo isso para te desmotivar e sim pra mostrar que não importa o que você faça ou deixe de fazer, ou como faça, vai mudar isso— Sinto as lágrimas começarem a cair— Quem se foi, não voltará mais, mas quem tá aqui, agora, pode e tem o direito de continuar. Por mim, por eles e, principalmente, por você— Sua mão seca minha bochecha— Seja feliz, minha filha.

Quando perdemos alguém, ficamos sem rumo e a única coisa que passa na nossa cabeça é "como continuar?". E eu levei uma rasteira da vida, perdi três pessoas, então, eu apenas estacionei sem rumo ou direção.

AlwaysOnde histórias criam vida. Descubra agora