Teia

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Minutos depois, Caitlin usava um moletom em conjunto com calças jeans e tênis e Barry a colocava no chão, deixando que testasse as pernas após a velocidade sobre-humana experimentada ao correr. Ao redor, os moradores de Emerald Village ainda dormiam. Tanto quanto em sua primeira ida até o pequeno distrito, ninguém saberia que estivera ali. A doutora, no entanto, encarava a tudo parecendo confusa.

- Onde estamos?

- Emerald Village. – Ela meneou a cabeça, franzindo o cenho e juntou os braços ao redor do corpo pela brisa fria da manhã, visto que o sol mal havia saído e ainda se viam um tanto encobertos pela madrugada. – É próximo de Central City, um distrito.

- Okay.

A viu morder os lábios, assim como a pergunta em seus olhos. Estava linda, mesmo que acordada contra a própria vontade, com o rosto limpo de qualquer maquiagem e os cabelos um pouco bagunçados pela corrida. Então, Barry respirou fundo tentando decidir por onde começava, andando de um lado a outro pela calçada larga logo ao lado do jardim gramado, decorando a grande casa de paredes perfeitamente brancas, a qual ilustrava seus sonhos há tanto tempo.

- Então... Lembra quando me perguntava com o que vinha sonhando para que pudesse... Tentar me ajudar? – Ela confirmou. – Essa casa fazia dos sonhos. Eu não sabia que existia de verdade, na nossa realidade, até que... Por acaso, vi uma foto há algumas semanas, quando estava assinando o contrato do flat.

- Uau. – Ela se voltou à construção parecendo impressionada que seu cérebro pudesse projetar com perfeição algo, que realmente fazia parte da realidade, mas logo se voltou a Barry. – Acha que seus sonhos podem fazer parte de uma linha do tempo paralela à nossa? Ou... Eu não sei, são uma visão do futuro?

- Er... Esse não é o ponto aqui. – Pensou por um momento, não querendo adentrar a seara das suposições naquele momento. – Por muito tempo após a Crise, os sonhos e os lapsos que tinha ao longo do dia soavam... Abstratos. Eu via e sentia todas essas coisas, que não faziam parte da minha realidade e... Não conseguia conectá-las a quem eu sou. Mas... Algumas pequenas coisas foram mudando.

- Como... Essa casa?

Caitlin chutou lentamente tentando acompanhá-lo e Barry sabia que não estava fazendo um bom trabalho em se fazer ser entendido. Havia pensado tanto sobre essa conversa, sobre como se daria o dia em que teria de dizer tudo a ela – afinal, sabia que vinha procrastinando o inevitável, tentando ganhar um tempo, que escorria entre seus dedos como água –, mas parecia mais difícil agora que a tinha olhando para ele daquela forma atenciosa e concentrada, levando a sério o que tinha a dizer. Como previra que faria, aliás, exceto que a realidade se fazia muito melhor que o imaginado.

- Um pouco. – Segurou a mão dela e a puxou para atravessarem o jardim em direção aos fundos.

- Não há ninguém vivendo aqui? – Caitlin sussurrou ao subirem os degraus da varando dos fundos, no que ele riu brevemente.

- Não, não tem moradores, está vazia. – Se virou para ela, segurando seus ombros. – Vou te vibrar junto comigo e vamos atravessar a matéria da parede, certo?

- Bem... – Ela pareceu em dúvida por um instante, mas Barry o fez tão rápido, que, já na cozinha, a doutora o encarou de olhos arregalados, meio ofegante pelo susto. – A sensação é horrível e tão... Repentina!

- Não é das melhores, realmente. – Deixou que ela olhasse ao redor, pela cozinha completamente vazia, de paredes amarelas estranhamente familiares e armários planejados.

- Estamos, literalmente, invadindo uma propriedade privada aqui. – Caitlin refletiu distraidamente em tom baixo, como se alguém pudesse ouvi-los. Ela percorreu a ilha de mármore com os dedos por um instante, enquanto Barry inevitavelmente tentava obter alguma reação de suas feições, mas soava como se estivesse apenas confusa. – De quem é essa casa? Por que ela está em seus sonhos e lapsos?

Dark End Of The StreetOnde histórias criam vida. Descubra agora