Quarta-feira, 16:50
Ramiro relaxou na cadeira do escritório e jogou a cabeça para trás, suspirando. A semana estava exaustiva e longe de acabar. Naquele dia, em específico, ele não estava conseguindo se concentrar em nada, tudo isso porque pela manhã encontrou Kelvin por acaso. Ele estava entrando no elevador e Kelvin saiu de seu apartamento.
Eles tinha se beijado dois dias atrás e não tocaram mais no assunto e nem tinham se visto também, era como se não tivesse existido. Ramiro até queria que não tivesse existido mesmo, pois isso traria a paz para sua cabeça que não parava de pensar em como suas bocas se encaixavam, como a pele de Kelvin era macia ao toque e como ele se masturbou algumas vezes nesses últimos dois dias pensando em tudo isso.
E hoje, eles haviam se visto pela primeira vez depois do beijo. Trocaram um "bom dia", Kelvin desceu no térreo e Ramiro seguiu para o estacionamento. E nada mais que isso. Como se dois dias atrás Kelvin não tivesse com a língua enfiada na boca dele.
Ramiro balançou a cabeça e procurou se concentrar, o expediente estava acabando e ele só queria a paz de sua casa.
Paz não foi exatamente o que Ramiro encontrou. Ele fizera um jantar simples e estava relaxando no sofá quando uma música extremamente alta invadiu seu apartamento.
Kelvin, com certeza Kelvin.
Olhou em seu celular que marcava 20:34. Ainda estava em horário permitido para barulho, mas o bom senso não tinha hora para ser usado. E bom senso era algo que Kelvin realmente não tinha, com essa música extremamente alta em plena quarta-feira.
Ramiro tentou ignorar, terminou sua taça de vinho e foi até a varanda respirar. Ele já estava extremamente irritado. Sentiu o cansaço do seu corpo duplicar ao pensar que Kelvin continuaria provavelmente com aquele barulho mesmo depois das 22h e ele precisaria interfonar e aquele ciclo todo ia se repetir. Bufou e pensou que isso o faria dormir extremamente tarde e muito mais estressado do que já estava.
Determinado, foi até o apartamento de Kelvin para que a situação não estendesse. Apertou a campainha três vezes e ouviu o volume da música diminuir lá dentro.
Quando Kelvin abriu a porta, Ramiro viu que ele estava com uma garrafa de champanhe em uma mão e um controle em outra.
– Fiz alguma coisa? – Kelvin questionou em tom inocente
– Olha Kelvin, eu sei que não são 22h ainda, mas a sua música tá realmente muito alta
O ruivo riu e bebeu um pouco do champanhe direto da garrafa.
– Olha Ramiro, engraçado que eu não poderia me importar menos...
O síndico respirou fundo e levou a mão até a testa, sem se importar em disfarçar sua irritação.
– Será que você não tem o mínimo de bom senso? O mínimo de noção pra conviver em sociedade? Pelo amor de Deus... – o moreno falou alto e era nítido todo o estresse em sua voz
– Ih, tá estressadinho é? – disse sorrindo malicioso – Você não vai estragar meu dia, sabe? Eu tô feliz, eu tô comemorando aqui, sozinho, ouvindo a minha música, eu fui promovido! Eu não me importo com nada que você falar, sinceramente
Kelvin fez menção de fechar a porta na cara de Ramiro, mas o outro colocou a mão impedindo. O ruivo revirou os olhos e largou a porta, dando alguns passos para dentro de seu apartamento. Olhando fixamente para o vizinho, ele estendeu o controle e aumentou o volume da música até o máximo.
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Apartamento 73 - KELMIRO
FanfictionKelvin, um publicitário festeiro, acabou de se mudar para um novo apartamento. Ele ama dar festinhas em casa, receber amigos, chegar de madrugada bêbado e fazendo barulho. O que ele não esperava é que o síndico do seu novo condomínio fosse Ramiro...