4. Prazer

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Quinta-feira, 19:49


Kelvin suspirou entediado, olhando a prateleira do supermercado com algumas marcas de macarrão. Ele havia saído do trabalho e decidido passar direto para o mercado, pois estava quase sem comida em casa. Enquanto fingia entender a diferença das marcas, viu um homem barbudo passar pelo corredor. Ele passou reto, concentrado no celular e empurrando um carrinho com a outra mão. Não reparou Kelvin e já sumiu em outro corredor.

Ramiro.

Kelvin respirou fundo vendo o outro com aquela roupa social. A camisa de botão cinza agarrada aos braços grandes, a calça preta marcando a bunda... Kelvin balançou a cabeça para afastar o pensamento da noite anterior, voltando sua concentração para a prateleira de macarrão, mas já não era mais possível. Ele sentiu um arrepio ao lembrar da sensação do pau de Ramiro na sua boca, do momento em que ele gozou na mão do outro, do toque das mãos grandes em seu corpo...

Seus pensamentos foram interrompidos por uma voz grave próxima.

– Kelvin?

Kelvin virou o corpo para olhar e ele tinha certeza que seu rosto estava vermelho, como se tivesse pego fazendo algo errado. No caso, pensando coisas erradas.

– Ramiro... Você por aqui?

– É... Mercado, né? As pessoas vêm aqui quando precisam – respondeu em um tom levemente debochado enquanto pegou um pacote de macarrão da prateleira mais alta, sem dificuldade alguma

– Você sempre muito simpático, né? Impressionante! – Kelvin disse enquanto ficava na ponta dos pés para pegar o macarrão na mesma prateleira

Ramiro riu

– Quer ajuda aí?

– Ajuda sua? Jamais

– Cuidado pra não derrubar nada tentando pegar do alto... – Ramiro falou rindo e saiu de perto, entrando em outro corredor, deixando um Kelvin completamente irritado para trás.

Eles não se viram mais no mercado, ambos seguiram caminhos opostos pegando as coisas que precisavam. Ramiro havia se divertido com a situação e Kelvin havia odiado.

Quando saiu do estabelecimento, Ramiro se deparou com uma chuva forte que não estava lá quando ele entrou. Caminhou para o estacionamento em direção ao seu carro e agradeceu aos Deuses por ser tudo coberto, pois a cada segundo a chuva parecia ficar mais forte. O estacionamento estava relativamente vazio, com poucos carros.

Após colocar suas sacolas no porta-malas, entrou sentando no banco do motorista. A chuva já estava bem forte e fazia muito barulho batendo sobre o teto do estacionamento. Antes de ligar o carro, olhou para a saída do mercado e viu Kelvin surgir com uma cara de poucos amigos, provavelmente pela chuva. Ele observou o outro pegar o celular e imaginou que ele estaria pedindo um carro de aplicativo, já que sabia que ele não tem carro.

Ramiro ligou o carro e dirigiu até a porta do mercado, parando ao lado de Kelvin, que se assustou com a proximidade.

– Vai, entra aí. Eu te dou uma carona – Ramiro falou um pouco alto por conta do barulho da chuva, segurando o volante.

– Não precisa, já tô pedindo meu Uber – o ruivo respondeu, logo desviando o olhar para o seu celular.

– Vai logo, Kelvin... Tá uma puta chuva

– Eu já disse que não precisa. Aceitou aqui.

Kelvin tinha a voz séria e não conseguiu ouvir, mas Ramiro bufou irritado pela teimosia dele.

Apartamento 73 - KELMIROOnde histórias criam vida. Descubra agora