9. Calmô

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Sexta-feira, 06:31


Kelvin abriu os olhos lentamente, sentindo o calor do sol invadir todo o ambiente e ele se perguntou por qual motivo as cortinas não estavam fechadas. Ele se sentiu obrigado a fechar os olhos novamente porque a claridade estava insuportável.

Não devia ser tarde, pois ele sentia um corpo agarrado ao seu, que logo se mexeu e ele podia ter certeza que Ramiro teve o mesmo pensamento sobre as cortinas, claridade e sol que ele teve segundos atrás.

– Por que essa cortina não tá fechada? – Ramiro disse rouco, colocando a mão em frente aos olhos

– Porque você esqueceu de fechar...

– A casa é sua? É sua responsabilidade – disse puxando Kelvin pela cintura para que eles ficassem mais juntos

– Cala a boquinha, tô com sono

Kelvin voltou a fechar os olhos e queria se concentrar para dormir novamente, mas a claridade incomodava, o sol em cima deles estava esquentando

– Meu despertador vai tocar daqui a pouco – Ramiro falou ainda um pouco lento, escondendo o rosto na curva do pescoço do outro

– E quando seu celular despertar, a cachorra vai começar a latir

– E você vai precisar levantar também – Ramiro completa, rindo

Essa tem sido a rotina deles, desde que a cachorrinha chegou. Quando o celular de Ramiro toca, ela acorda da sala e começa a latir desesperadamente. Kelvin é obrigado a levantar também para dar comida e levar para passear, pois o namorado está se arrumando para trabalhar e o tempo é cronometrado.

– A gente precisa dá um nome pra ela, né? – Ramiro torna a falar, agora mais esperto, sentindo o sono indo embora gradualmente

– A gente? A cachorra é minha

– A gente pegou ela junto

– Eu vi ela primeiro

– Se eu não tivesse parado o carro, você não pegaria ela

Kelvin dá uma risadinha irônica

– Se toca, meu filho. Eu já até escolhi um nome pra ela – diz, se virando para olhar para Ramiro que está sorrindo – É Britney!

Ramiro ri e volta agarrar o outro pela cintura e as pernas deles estão entrelaçadas por baixo do cobertor.

– Bem inovador esse nome, nunca dado para uma cachorra por um dono gay

Kelvin ia responder, mas o celular de Ramiro começou a gritar indicando o horário de levantar. Segundos depois, latidos finos preencheram a casa inteira, fazendo Kelvin afundar o rosto em um travesseiro.

– A paternidade é muito difícil – ele fala abafado

Eles se levantam juntos, ainda lentos. Quando Ramiro abre a porta do quarto, a cachorrinha invade correndo, feliz e sem saber com qual dos dois quer falar primeiro.

– Imagina quando for uma criança chorando três horas da manhã – Ramiro diz rindo, indo em direção ao banheiro

Kelvin pega a cachorra no colo para que ela fique menos eufórica, mas não adianta muito; ela começa a morder sua mão.

– Não sei se um dia estarei pronto pra isso... – diz logo atrás de Ramiro, no corredor

Kelvin segue para cozinha para colocar comida para Britney, ouvindo Ramiro ligar o chuveiro.


Apartamento 73 - KELMIROOnde histórias criam vida. Descubra agora