8. Todas As Coisas

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Olha, você tem todas as coisas

Que um dia eu sonhei pra mim

A cabeça cheia de problemas

Não me importo, eu gosto mesmo assim

Tem os olhos cheios de esperança

De uma cor que ninguém mais possui

Me traz meu passado e as lembranças

Coisas que eu quis ser e não fui

(Maria Bethânia - Olha)


Quarta-feira, 19:32



Ramiro suspirou, sentindo seu coração pesado. Ele estava tendo uma semana difícil, dentro da sua própria cabeça, com muitos pensamentos e sentimentos confusos e, para piorar, não conseguia falar sobre isso com ninguém, porque também não conseguia formular alguma frase que fizesse sentido. O gatilho para o início desse caos interno havia sido admitir que gosta de Kelvin no último domingo. Ele estava feliz em conseguir falar, mas se sentia extramente vulnerável agora que verbalizou seus sentimentos.

Para Kelvin, tudo parecia tão simples de entender e de falar, mas para Ramiro era complicado se deixar levar, deixar as coisas acontecerem como antes, agora que eles falaram sobre sentimentos. Tudo parecia mais sério e profundo e Ramiro não estava conseguindo lidar com aquilo.

Ele havia enumerado alguns pontos para organizar minimamente a sua bagunça interna:


1. Ele gostava de Kelvin mais que realmente falou no último do domingo. Ele estava... Apaixonado? Provavelmente, sim, mas não conseguia falar sobre isso.

2. Ele sentia um medo muito grande de evoluir aquela relação e se magoar

3. Ele tinha uma sensação de que aquilo não tinha futuro, sem embasamento nenhum. Ele sabia que aquele sentimento era ele se autossabotando, mas era difícil pensar racionalmente.

4. Ele não conseguia falar sobre isso com Kelvin e só de pensar em puxar o assunto, sentia suas mãos suarem em ansiedade

5. Ele tinha certeza que não queria terminar aquela "relação"


Ramiro suspirou e escondeu o rosto com as mãos, sentindo vontade de bater a própria cabeça na parede para que ela parasse de funcionar por pelo menos alguns minutos e ele tivesse paz.

Da sacada, ouviu a porta sendo aberta e Kelvin surgir, com seu sorriso de sempre. Ramiro sentiu seus sentimentos ficarem mais confusos, mas ainda assim, a paz de ver Kelvin sorrindo em sua direção conseguia ofuscar aquilo tudo.

O ruivo jogou sua mochila no sofá e se aproximou dele, que estava sentado em uma cadeira. Ramiro abraçou imediatamente a cintura do menor, ainda sentado, e eles deram um selinho rápido.

– Tudo bem? – Kelvin perguntou, fazendo carinho no rosto do outro

– Uhum. E com você?

- Bem também...

Kelvin ia puxar outra cadeira para sentar, mas Ramiro o puxou para seu colo.

– Você tá bem mesmo? – falou se acomodando ali, meio sem entender

Apartamento 73 - KELMIROOnde histórias criam vida. Descubra agora