A perfeição é efêmera, ou melhor, completamente ideológica.
Não compreende o que quero dizer? Bom, ficarei imensamente alegre em explicar a minha conclusão sobre tal complexo.
A perfeição é, puramente, fruto de uma incessante e desnecessária cobrança sobre si, aplicada no desejo irracional de, por exemplo, ser dona de uma aparência impecável. Mas acredito que essa consequência surja em virtude do medo de desaprovação, tal qual a existência de um sentimento de insegurança sofrido ao logo da vida. Também é cabível mencionar que esses agentes se dão por fatores externos; outras pessoas, precisamente. Quando cheguei a esse desfecho, ponderei demasiadamente nas circunstâncias as quais minha mãe estava inserida para ser a mulher que conhecemos presentemente.
Boa Hancock é o nome da minha progenitora, ou melhor, responsável, já que foi a mesma quem me adotou quando não tinha sequer consciência de que era um ser vivo. Não tenho ideia de como foram meus primeiros anos e muitíssimo menos de como minha mãe me encontrou, essa história nunca me deu ânimos para buscar por respostas, então não me faz diferença descobrir o meu passado e o motivo por ser abandona por meus pais biológicos. Ao fim e ao acabo, aprecio a vida que levo e remoer o pretérito é, sem dúvidas, a coisa mais tóxica que se pode fazer consigo próprio.
"Malfeito, feito", dizia-se para fechar o mapa do maroto e vejo que necessitamos recitar essa frase constantemente.
Bom, retornando ao tópico passado. Minha mãe é extremamente obcecada com sua beleza e corpo, os mantendo "mais que invejáveis" com excelência e, infelizmente, me cobra igual perfeição, sobretudo na escola. Jamais fui e nem serei uma aluna péssima, sou a estudante usada como exemplo, aquela que é a representante de classe controladora. Que gosta de encontrar o equilíbrio ao seu modo. As coisas devem seguir as minhas regras.
É do meu jeito ou nada feito.
Todavia, não parei para pensar se esta era a minha essência verídica ou apenas ajo da maneira que minha mãe espera. Sou continuamente comparada a ela e isso me incomoda profundamente, assim como me entristece, uma vez que as filhas deveriam ficar contentes por tal, não é? Adoraria abrir um sorriso diante de uma afirmação semelhante, só que não consigo.
Em suma, é difícil ser a sucessora de uma supermodelo aclamadíssima pela mídia e outros canais de comunicação. Há uma gigante pressão que se torna quase monstruosa sobre meus ombros para que eu seja sua cópia no futuro. Na maioria do tempo, sinto que meus ossos vão se partir com quaisquer movimentos e debulhar-me em lágrimas à calada da noite é a meu único remédio para suportar as condições da minha mãe.
Tento ser o mais compreensiva com ela, pois imagino que a professora Nami me aconselharia a avaliar seus pontos e posteriormente conter-lhe os meus, encaminhando nosso problema a ser solucionado com placidez. Contudo, como o faço se não sou ouvida? Sinceramente, minha mãe não escuta a vovó, quem dirá uma criança.
Embora eu seja obrigada a lidar com a pressão incansável da minha mãe, em um determinado momento, elas cessaram abruptamente. Óbvio que em um primeiro instante estranhei algumas atitudes de minha mãe e questionei à minha avó e minhas tias sobre a razão para que ela estivesse tão agitada ultimamente. Foi aí que me apresentaram a Monkey D. Luffy.
Não sabia quem era e não pude evitar franzir o cenho aos dizeres de minha vó, minha mãe estava obcecada por um homem? Justo a mulher que nunca esconde seu desprezo pelo sexo oposto? Na realidade, ela odeia todos que estejam "abaixo" de si, portanto, não seria ético direcionar seu furor para um grupo específico, sendo que tal sentimento era compartilhado para com quase todos os humanos e animais.
Lembrei que a aluna nova se chamava Monkey D., supus, por conseguinte, que se tratava de sua filha, afinal, era um nome incomum e segundo Roronoa Kuina, aqueles que herdaram o sobrenome "D." eram descentes de um bando pirata de séculos atrás. Essas pessoas ficaram conhecidas por serem "inimigos dos Deuses" e estavam inseridos em um contexto histórico complicado visto a desigualdade e manipulação que os cidadãos da época viviam. Enfim, são estudos complexos divulgados pela incrível arqueóloga, Roronoa Robin, no entanto, a história mundial não é bem quista nessa narrativa.
Ao ser aludido o nome do senhor Luffy, não tardei em indagar qual era sua relação com minha mãe e sua importância para a mesma. No final, conclui que não se passava de uma linda amizade, sem nada realmente emociante e espalhafatoso. Porém, estava enganada e as atitudes que minha mãe tomou para estar perto daquele homem e para afastá-lo da professora Nami foram desprezíveis.
Falsificação.
Perseguição.
Fraudação.
Humilhação.
Corrupção
E um "amor" não correspondido.
De fato, não imaginava níveis tão sórdidos vindos de uma mulher que teve a melhor educação que o dinheiro poderia oferecer.
Após ser completamente informada sobre a volta do senhor Luffy a Tóquio, me coloquei em alerta para cada movimento da minha mãe. Vi quando ela contratou um detetive particular para seguir seu amado por cada canto do estado, bem como a influência que usou para que o encontro à cegas ocorresse. Sim, foi tudo arquitetado por Boa Hancock, entretanto mantive esse ultimo fato enterrado em minha mente.
A gota d'água para mim foi quando descobri seu plano para demitir a professora Nami, então agi quase imediatamente, coletei o máximo de provas que encontrei em seu quarto e fiz uma cópia na impressora de cada uma delas. Tendo criado um tipo de dossiê, o levei até Emi e Kuina, posto que sabia que conseguiram consertar essa situação.
Dito e feito: elas resolveram!
Fui a única prejudicada de toda a história e suportei minha dor sozinha enquanto suprimia a minha vontade de gritar. Passei alguns dias reclusa em casa, como castigo por estragar seus planos, e acredito que o inigualável benefício que ganhei em meio a esse caos foi a estranha amizade de Emi e Kuina, que me passaram, durante meu tempo ausente na escola, toda a matéria que perdi.
Elas foram as minhas primeiras amigas de verdade e mesmo que me custe a admitir, fico muito feliz por tê-las ao meu lado desde aquele momento.
Com o término dessa loucura, minha família coagiu a minha mãe a fazer terapia intensiva e, surpreendentemente, fez efeito mais rápido do que o esperado. No final da segunda semana de suas idas à ala psicológica do hospital, a vi chorando compulsivamente no sofá da sala de estar depois de mais uma sessão. Sua imagem me assustou e corri para acudi-la, recebendo subitamente um abraço caloroso à medida que suas lágrimas embebiam meu pijama de arco-íris. Não ponderei duas vezes e a enlacei com os meus curtos braços, ainda consternada. Minha mãe pediu perdão por todos os males que fez a mim. Pela pressão. Pela cobrança. Pelo desejo de eu ser perfeita.
"Quero que você seja quem é". Aquela frase me aliviou. A partir de então, ficamos mais próximas e um laço verossímil de mãe e filha se formou entre nós. Não a vejo mais como um supermodelo que, apesar de ser minha mãe, era tão intocável e inacessível, do mesmo jeito que ela não me vê mais como uma boneca que teve ser moldada igual a um "pacifista" dos livros de história.
Estou alegre com a vida que estou tendo.
Tenho minha avó e tias ao meu lado.
Tenho minhas novas amigas: Emi e Kuina.
E agora tenho minha mãe.
Acho que não poderia pedir conclusão melhor que essa.
— Manuseando com cuidado o livro de capa verde-musgo, Mayumi repouso o objeto sobre a escrivaninha, logo, sorriu, havia terminado de preencher a última página do seu diário.○○○
[Gente, sério, escrever essa extra me quebrou em pedacionhos 💔]
[Espero que vocês tenham gostado de conhecer um pouco mais a Mayumi, porque eu sinceramente amo ela e amo o trio que ela formou com a Emi e Kuina]
[Mais uma vez, agradeço a todos que chegaram até aqui, espero encontrar vocês em outras histórias 💖]
[Não se esqueçam de deixar sua estrelinha e comentar ⭐]
* Peço desculpas por qualquer erro de português *
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A Professora
FanfictionMonkey D. Luffy é um bombeiro renomado que se mudou para Tóquio com sua adorável filha, Emi. Dentre tantos rostos conhecidos por Luffy que o saudaram após anos longe de sua cidade natal, um em especial desperta a sua atenção: a linda professora de E...